Cemitério da igreja N. Sra. do Carmo, Ouro Preto.
Existiram épocas em que os brasileiros morriam de maneira ridícula. As mortes iam desde cupim nos pés a cãibra no sangue. Essas informações, que chegam a ser engraçadas, estão presentes nos livros de óbitos brasileiros escritos até meados do século 19.Na época, as pessoas responsáveis por determinar a causa mortis eram os padres, que não tinham muita noção do que faziam. As causas chegavam a atestar simplesmente que a vítima "faleceu de repente".
Por mais de 300 anos, os defuntos foram enterrados dentro ou nos arredores das igrejas brasileiras. "Ser sepultado nas dependências das paróquias ajudaria a chegada ao paraíso", diz o historiador Luís Soares de Camargo, um dos pesquisadores que estudam o tema. Com o passar do tempo, a prática passou a ser contestada por médicos sob a alegação de que as tumbas próximas da população eram um risco para a saúde da população. Assim, os enterros passaram a ser realizados nos cemitérios públicos, construídos a partir de 1850. "Já nessa época havia pressão dos intelectuais para que os corpos fossem examinados por médicos, não mais por párocos, em virtude do rigor científico", afirma o historiador. Os sepultamentos em paróquias passaram a ser proibidos em 1889, com a Proclamação da República. E, junto com eles, acabou o humor involuntário nos atestados de óbitos.
DE QUE MORRIAM OS BRASILEIROS ?
(Ano - Nome - Causa Mortis)
1768 - Maria Antônia - Alienação dos sentidos.
1771 - Cônego Tomé Pinto - Subitamente porque o acharam morto na cama.
1859 - João - Cãibra no sangue.
1860 - João (escravo) - Congestão cerebral.
1860 - Francisco Antonio - Cupim nos pés.
1861 - Maria Joana das Dores - Apressadamente.
1861 - Hermenegildo - Morte repentina envolto em cetim vermelho.
1862 - Joaquim de Jesus - Ataque cerebral.
1862 - João Baptista - Mal de fogo.
1862 - Prixa - Quebradeira de espinhaço.
1868 - João - Marasmo.
FONTE: Morreu de quê?!. Texto de André Larcher. Revista Superinteressante. Ed. 220. 7 Dez. 2005.
CRÉDITO DA IMAGEM: http://www.trekearth.com - foto de Maurício Patelli.
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