domingo, 2 de novembro de 2014

A Santa Casa Pede Misericórdia: III passeando pela História de Manaus



Hoje pela manhã, a administradora da página Manaus de Antigamente, Gisela Vieira Braga, em parceria com os historiadores e pesquisadores Otoni Moreira de Mesquita, Ed Lincon, Eylan Lins e eu, que tive o prazer de ser convidado, realizou a III edição do Passeando pela História de Manaus, uma caminhada pelas áreas históricas da cidade. O evento cultural, sem fins lucrativos,  que contou com a participação de várias pessoas, é uma aula prática pública sobre a História do patrimônio da cidade, que infelizmente está bastante deteriorado.



O passeio começou pela Santa Casa de Misericórdia, uma instituição filantrópica de mais de 130 anos, afundada em dívidas e em completo abandono. Um governador, no final dos anos 90, prometeu reformar o prédio. Não deu em nada. Outro, reeleito esse ano, também prometeu reformar o prédio. Vamos fiscalizar e aguardar. Fui convidado para falar da história da instituição e do prédio. Uma epidemia de febre amarela no Amazonas, em 1872, fez surgir a necessidade de se construir um segundo hospital na cidade, já que o único existente na época, o Hospital Militar de São Vicente, não conseguia atender a demanda de pacientes. As obras da Santa Casa tiveram início em 1873 e foram concluídas em 1880. Os paredões do prédio, semelhantes aos do Teatro Amazonas, Palácio da Justiça e Reservatório do Mocó, foram construído nas administração de Eduardo Gonçalves Ribeiro, Fileto Pires e Ramalho Júnior.

Em 14 de janeiro de 1970, a caldeira da lavanderia da Santa Casa explodiu. O impacto foi sentido nas adjacências, e os destroços atingiram locais como o Colégio Militar. 3 pessoas morreram, 15 ficaram feridas. O bar Nossa Senhora dos Milagres, na esquina das ruas José Clemente e Lobo D´Almada, não sofreu nenhum dano. A partir dessa data, ele passou a se chamar bar Caldeira, em referência ao incidente.

Depois da Santa Casa, o grupo partiu para a Praça Dom Pedro II, a área mais antiga da cidade, localizada no antigo bairro de São Vicente. Lá, o historiador e artista plástico Otoni Moreira Mesquita explanou, com grande maestria, sobre a origem da cidade, na segunda metade do século 17, e sua evolução urbanística durante o período provincial e republicano. Ao longo de todo o percurso, Otoni explanou sobre a arquitetura e a História dos prédios da região.



Ed Lincon, pesquisador sobre a cidade, com destaque para os cinemas, e colecionador de imagens antigas, nos apresentou fotos da casa mais antiga de Manaus, da praça e arredores no final do século 19 e início do 20. Seguimos para a rua Bernardo Ramos, a mais antiga da cidade, e depois para o ''litoral'', onde se iniciam os 345 anos da eterna Manáos. Ali, a paisagem dos 3 bairros mais antigos, Centro, São Raimundo e Aparecida, deu uma sensação de viagem no tempo, quando Manaus foi fundada no remoto ano de 1669.

No final três livros foram sorteados, entre eles La Belle Vitrine: Manaus entre dois tempos 1890/1900, de Otoni Mesquita, que faz uma análise profunda e críticas à urbanização da cidade.

Qual a importância de eventos como esse?

''As relações entre passado e presente e as mudanças ocorridas em uma cidade ao longo do tempo, por exemplo, são representadas no centro histórico. Infelizmente o centro histórico de Manaus sofre com o abandono e por essa razão esses movimentos que atuam principalmente na Internet, realizam esses encontros. É uma maneira de sair do virtual e interagir com a realidade, despertando mais interesse, curiosidade e conscientização popular.'' - Gisela Vieira Braga



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