sábado, 22 de agosto de 2015

Educandos: 159 anos do Alto da Bela Vista

Estabelecimento dos Educandos Artífices, na antiga Olaria Provincial.

Neste dia 21 de agosto, o bairro de Educandos comemora 160 anos de fundação. Está Localizado na zona Sul de Manaus, em frente ao Rio Negro, limitado pelos bairros de Santa Luzia, Colônia Oliveira Machado, Cachoeirinha (através das pontes Ephigênio Salles e Juscelino Kubitschek) e Centro (ponte Pe. Antônio Plácido de Souza).

A origem desse bairro é ligada à criação do Estabelecimento dos Educandos Artífices, instituição educacional criada através da Lei N° 60, de 21 de agosto de 1856, onde eram ensinados os ofícios de tipografia, sapataria, carpintaria, alfaiataria etc. Estudavam nessa instituição jovens órfãos e de origem humilde. O nome pelo qual o bairro ficou conhecido é uma lembrança do antigo Estabelecimento dos "Educandos". Essa escola foi instalada no prédio da Olaria Provincial, no local conhecido como Barreira de Baixo.

De acordo com o Relatório da Comissão Organizadora do Tombo dos Próprios do Município, de 1927, as primeiras ruas do local foram abertas em 1901, num total de 6, sob as ordens do superintendente Dr. Arthur Cezar Moreira de Araujo. Por meio do decreto n° 67, de 22 de julho de 1907, do superintendente interino Coronel José da Costa Monteiro Tapajós, a localidade de Educandos é batizada com o nome de Constantinópolis (Cidade de Constantino), uma homenagem ao governador da época, Constantino Nery.

Ainda com base nesse documento e nas informações do historiador Cláudio Amazonas, em 1908 a Intendência Municipal, sob os comandos do superintendente Domingos José de Andrade, através das Leis N° 487 (29 de fevereiro), 491 (4 de março), 507 (29 de maio) e 538 (9 de dezembro), dá a denominação das primeiras seis ruas que foram abertas no bairro: 

A rua Norte/Sul n°1 passa a chamar-se Boulevard Sá Peixoto, "em homenagem ao sr. Senador Antonio Gonçalves de Sá Peixoto que tão relevantes serviços ha prestado ao Estado do Amazonas e especialmente à cidade de Manáos; As ruas Norte Sul n° 2 e 3 passam a chamar-se monsenhor Amâncio de Miranda e Innocêncio de Araújo; As ruas Leste/Oeste n° 1 e 2 passam a chamar-se Delcídio Amaral e Manuel Urbano; A que poderia ser a Norte/Sul n° 3, seria chamada pelo povo de Boulevard Rio Negro, pois se constitui a faixa marginal o bairro frente ao rio Negro. Quanto à praça, seria batizada de Dr. Tavares Bastos, advogado e político alagoano, morto no dia 3 de dezembro de 1875 em Nice, na França, que, dentre outros feitos importantes de sua vida, inclui-se a luta pela abertura dos portos do Amazonas ao comércio mundial e pela libertação dos escravos.

Após essas pequenas mudanças, Educandos necessitava integrar-se com o restante da cidade, localizada no Centro e na Cachoeirinha. Até então, o contato era feito através das catraias, com seus portos localizados nas ruas Delcídio Amaral e Manoel Urbano. O primeiro porto levava em direção à rua Lima Bacury; o segundo, rua dos Andradas.


Pontes


A integração do Educandos ao restante da cidade se deu por meio das pontes. Ao todo, em sua História, foram construídas três. A primeira começou a ser construída em 1927, no governo de Ephigênio Salles, sendo entregue à população dois anos depois, em 1929. Foi batizada com o nome do referido governador. Com isso, o Educandos estava conectado com o bairro da Cachoeirinha e, através desse, ao Centro.



Em 1° de maio de 1959, o então governador, Gilberto Mestrinho, inaugurava a Ponte Juscelino Kubitschek, que esteve em Manaus para a inauguração. Essa ponte também ligava o bairro à Cachoeirinha. Sua construção se deu pelo aumento da demanda do tráfego na cidade, da ligação com a estrada do Paredão para o aeroporto de Ponta e Pelada e da Refinaria de Isaac Sabbá.




A terceira e última é a Ponte Pe. Antônio Plácido de Souza, que liga o Educandos, através da rua Delcídio Amaral, ao Centro, pela rua Quintino Bocaiuva. Começou a ser construída em 1972, na administração do prefeito Frank Lima, e foi concluída e inaugurada em 18 de outubro de 1975, na administração de Jorge Teixeira. Seu nome é uma homenagem ao primeiro vigário da paróquia de N. S. do Perpétuo Socorro.


Lugares Históricos

Com 159 anos de existência, o bairro possui lugares históricos que valem a pena conhecer.



Av. Leopoldo Péres - Com suas obras iniciadas em 1928 e concluídas em 1929, a "Estrada de Constantinópolis", como era conhecida na época, foi aberta pelos membros da Sociedade Sportiva e Beneficente de Constantinópolis, para facilitar o acesso dos moradores ao bairro da Cachoeirinha, através da ponte Ephigênio Salles. No final da Grande Guerra, com os Acordos de Washington encerrados e a nova queda dos preços da borracha, muitos nordestinos passaram a se alojar em subúrbios da cidade. A Estrada de Constantinópolis passou a ser habitada por essas pessoas, que passaram a instalar no local pequenos comércios. A presença dos nordestinos fez a estrada ficar conhecida como Estrada dos Arigós. Atualmente, a avenida mantém a tradição comercial, com inúmeras lojas de pequeno e médio porte.



Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro - Em 1928, durante as obras da Estrada, foi construída uma pequena capela em madeira, dedicada à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. O Pe. Antônio Plácido de Souza assume o Curato Provisório de Constantinópolis, que se tornou, em 15 de dezembro de 1941, Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. A estrutura atual, de alvenaria, começou a ser construída em 1946, sendo concluída anos mais tarde. Está localizada na rua Inocêncio de Araujo.


Vila Cavalcante - Uma das primeiras construções em alvenaria do bairro, a Vila Cavalcante, construída em 1912, é um dos últimos prédios históricos do bairro. O nome é de origem de uma rica família de seringalistas do Juruá. Foi adquirida por Manuel Figueiredo de Barros, regatão, que a vendeu em 1935 para o comerciante Joaquim Ferreira da Silva. Em 1924, em suas dependências, funcionou o Grupo Escolar Machado de Assis e, na década de 1930, o escritório dos Correios. Atualmente o prédio pertence à Fundação Santa Catarina, organização religiosa da Igreja Católica. Está localizado no Boulevard Sá Peixoto.


Orla do Amarelinho - O calçadão, de frente para o Rio Negro, é o principal cartão postal do Educandos. De noite, é o point certo dos que querem se divertir nos bares e casas de dança que ficam ao redor. Fato interessante e trágico é que, às 9 horas do dia 2 de abril de 1971, a área que atualmente compreende o Amarelinho desmoronou, consequência de forte tempestade ocorrida um dia antes. Nenhuma pessoa morreu, ocorrendo apenas a destruição das residências de madeira e palha que existiam no local. Está localizado no Boulevard Rio Negro.



Usina Labor - Em 1938, o empresário Isaac Sabbá adquire um grande terreno na Estrada de Constantinópolis, construindo nele a Usina Labor, destinada ao beneficiamento de sorva e borracha. A mão de obra empregada nessa indústria vinha do próprio bairro. Nos anos 1970 foi transformada em Fitejuta, agora funcionando como tecelagem de juta. O prédio é onde funcionou, até 2014, um dos supermercados DB. Fica na Avenida Leopoldo Péres.




FONTES: AMAZONAS, Cláudio. Memórias do Alto da Bela Vista: Roteiro Sentimental de Educandos. Manaus: Norma Propaganda e Marketing, 1996.

Relatório da Comissão Organizadora do Tombo dos Próprios do Município. 1927. Administração do prefeito Basílio Torreão Franco de Sá. Disponível em: http://catadordepapeis.blogspot.com.br/2015/08/livro-tombo-da-prefeitura-de-manaus-1.html. Acesso em 22/08/2015.

AMAZONAS, Cláudio. Constantinópolis: Origens e Tradições. Manaus: Edições Muiraquitã, 2008.


CRÉDITO DAS IMAGENS: Skyscrapercity
                                     Educandos, Cidade Alta
                                     Blog do Coronel Roberto
                                     Manaus de Antigamente



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