Beco Carolina das Neves
A
sensação de “voltar” no tempo é uma das melhores que se pode
ter. Já a tive várias vezes ao visitar locais históricos da
cidade. Em passeio no bairro Nossa Senhora de Aparecida, zona Sul de
Manaus, presenciei a continuação de antigos costumes e tradições
e também tomei nota sobre as características de algumas ruas e
construções. A seguir, minhas impressões sobre
os
lugares visitados.
Beco
Carolina das Neves: Esse
é um dos vários becos existentes no bairro e também o mais famoso.
As casas são simples, construídas em alvenaria e madeira, a maioria
de apenas um andar e algumas aparentando
possuir mais de 50 anos. A proximidade das casas é tanta que permite
que os vizinhos conversem sem precisar ir para a rua. Nela fica o
“Boteko da Fundação”, que recebe este nome por ter sido, em 15
de março de 1980, o local de fundação do Grêmio Recreativo Escola
de Samba Mocidade Independente de Aparecida, é um típico comércio
das antigas, onde é possível encontrar desde a manteiga salgada,
“sebo de holanda” e as quase extintas
bolinhas de gude.
A "Casa dos Leões". Infelizmente, por ser um péssimo fotógrafo, não consegui enquadrar o terceiro leão.
Beco
da Indústria: O
que mais me chamou atenção no Beco da Indústria (antigo
Chora-Vintém) foi uma residência, que parece ser do início do
século passado. Janelas, gradis Art-Nouveau e, em destaque, no muro,
as esculturas de três leões. Essa é uma simbologia nobre, que
representa as feras em posição de guarda, como se estivessem
protegendo a casa. Outras casas antigas podem ser vistas no beco, com
um autêntico sobrado português próximo à “casa dos leões”.
Beco
Vera Cruz: Sem
placa de identificação ou alguma residência suntuosa, o ponto de
destaque do Vera Cruz é a proximidade que este tem com o Igarapé de
São Raimundo. As poucas casas do local, a maioria delas construída
em madeira, ficam, na época da cheia, com a água batendo na porta.
Galinhas são criadas livremente no lugar, alimentando-se de capim e
dos detritos presentes na água.
Uma parte do Beco Vera Cruz.
Rua
Dr. Aprígio: A
rua do castelo da Cervejaria Miranda Corrêa, prédio de destaque na
paisagem e na História do bairro. No seu início, do lado esquerdo,
existe uma fonte de água potável, na qual o líquido sai da boca de
uma figura grotesca, semelhante às fontes coloniais existentes nas
cidades históricas de Minas Gerais. Do
lado direito, um conjunto de 7 residências construídas na década
de 1930 para abrigar os altos funcionários da Cervejaria. A última
residência, a maior, no sentido de quem vem do Igarapé de São
Raimundo, é curiosa. Com decoração mais rebuscada, frontão
trabalhado no estilo Art-Nouveau, semelhante às residências
históricas do Centro, ostenta a data de 1958, bem posterior à
construção das outras casas. As
águas do Igarapé de São Raimundo estão desgastando o terreno em
que as casas foram erguidas, comprometendo suas estruturas, que
correm o risco de desabar. Com
a cheia do Rio Negro, uma parte da rua invadida pela água serve para
o atraque de canoas e barcos de médio porte.
Rua Dr. Aprígio de Menezes.
Essas
foram minhas impressões sobre quatro dos vários lugares pitorescos
do bairro. Não foram profundas análises do passado histórico (com
algumas exceções necessárias), mas sim a construção de relatos
do tempo presente. Recomendo aos que ainda não conhecem visitar o
bairro de Aparecida, onde os mais antigos se conhecem e guardam
recordações do passado, e a vida ainda parece ser regida pelas
cornetas do já inexistente Batalhão do bairro de São Vicente, de forma bem provinciana.
Fábio, voce ganhou minha admiração ao descrever o passeio que fizemos no antigo bairro dos Tócos. Descreveu do seu jeito e portanto ficou mais verdadeiro. Não sou da bajulação mas fique certo que gostei demais tanto do texto quanto das fotos. Valeu parceiro...Que mais jovens se aliem à causa do interesse da história amazonense, oral ou não. Precisamos preservar isso. Ellza Souza
ResponderExcluirMuito obrigado, amiga. É isso aí, vamos à luta pela preservação da nossa História.
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