A joalheria A La Ville de Paris, cujo imponente prédio, entre a Avenida Sete de Setembro e a rua Lobo d' Almada, ainda existe, foi uma das mais refinadas e tradicionais de Manaus, tendo funcionado por quase um século, de 1878 a 1963.
Quando da sua inauguração, a Avenida Sete de Setembro era conhecida como Rua Brasileira, e a rua Lobo d' Almada como Travessa da Matriz. O empreendimento foi idealizado pelos comerciantes e irmãos Maurice Aron, Henri e Lucien Levy, judeus naturais da Alsácia, na França (BLAY, 2017, p. 96). A sociedade passou a ser conhecida como Levy Fréres (Irmãos Levy).
Nesse primeiro momento, em que a joalheria tinha apenas o primeiro andar, os relógios já eram o carro chefe das vendas. Por um breve momento, em 1888, a casa abrigou um relojoeiro e ourives suíço especialista em relógios (A PROVÍNCIA DO AMAZONAS, 1888, p. 04).
A La Ville de Paris foi administrada pelos irmãos Levy até o início da década de 1920, quando foi adquirida pela firma Crehange & Cia, do diplomata francês Louis Crehange. Em 18 de abril de 1925 Louis Crehange e Maurice Aron Levy constituem a sociedade Crehange & Levy, em substituição à Crehange & Cia. Os dois empresários administram a joalheria, de acordo com o Almanak Laemmert, até 1931 (ALMANAK LAEMMERT, 1931, vol. 3, p. 163).
Em 1935 a joalheria enviou para o Jornal do Commercio alguns presentes de Natal. Na nota publicada no periódico é registrado como único proprietário Maurice Aron Levy, o que indica que Louis Crehange havia saído da sociedade (JORNAL DO COMMERCIO, 24/12/1935, p. 01). Em levantamento das empresas de judeus amazonenses e descendentes nas décadas de 1940 e 1950, o sociólogo Samuel Benchimol registra que Maurice Aron Levy ainda era seu proprietário em 1940 (BENCHIMOL, 1999, p. 326).
Em algum momento da década de 1940 o negócio foi comprado pelo empresário Antônio José Pires, da A. Pires & Comp. Um dos acontecimentos mais marcantes que ocorreu na joalheria foi o grande furto que sofreu em 24 de maio de 1947, causando um prejuízo de mais de 300 mil cruzeiros. Os autores do crime, Cristóvão Bolívar e Felipe Rubiano, foram capturados em 01 de junho de 1947 e as jóias recuperadas (JORNAL DO COMMERCIO, 03/06/1947, p. 06).
Antônio José Pires foi seu último proprietário, administrando a casa até 1963. Em 23 de junho de 1964 o antigo prédio da A La Ville de Paris foi vendido para a Lojas Combrasil, que nele instalou uma unidade de suas lojas de eletrodomésticos.
De 1974 a 1995 funcionou como Drogaria São Paulo II. O prédio, para nosso deleite, segue sendo preservado pela atual proprietária, a Drogaria FarmaBem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BENCHIMOL, Samuel. Amazônia - Formação Social e Cultural. Manaus: Editora Valer/Editora da Universidade do Amazonas, 1999.
BLAY, Eva Alterman. O Brasil como destino: raízes da imigração judaica contemporânea para São Paulo. São Paulo: Editora Unesp Digital, 2017.
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