Um documento de sua importância era há muito aguardado pelos administradores públicos, pois a economia do Amazonas, graças às atividades ligadas à extração do látex, começava a se expandir. Para que essa expansão fosse contínua, atraindo investimentos, tornou-se necessário divulgar informações detalhadas sobre a Província. O almanaque só não fora produzido antes dados os avultados custos para a sua publicação.
Para contornar esse problema, a Assembleia Legislativa Provincial acresceu no orçamento uma verba destinada ao custeio da obra. A concorrência para a sua produção foi aberta, sendo escolhido o trabalho aprovado pela comissão formada por Joaquim Leovigildo de Souza Coelho, Jonathas de Freitas Pedrosa e o Tenente Coronel Joaquim José da Silva Meirelles. Com isso, fazia-se “[…] propaganda dos largos recursos de que dispõe esta vasta região, os quaes são em sua maior parte desconhecidos fóra e, o que é mais doloroso dizer-se, dentro do paiz”. Perto de sua publicação, foi anunciado na imprensa:
“Almanach Amazonense para o anno de 1884. Publicação instructiva e utilissima para todos e principalmente para os commerciantes, quer desta provincia e das demais do Imperio, quer para os do estrangeiro. Está no prelo este Almanach. Recebem-se annuncios para elle n’ esta typographia” (AMAZONAS, 27/01/1884, p. 04).
A impressão foi realizada na tipografia do jornal ‘Amazonas’, propriedade do Coronel José Carneiro dos Santos (1852-1928), localizada na então Praça 28 de Setembro, atual Heliodoro Balbi (da Polícia).
O Almanaque do Amazonas seguia a mesma divisão dos congêneres publicados em outras Províncias. A primeira parte traz informações sobre as datas comemorativas e feriados, as estações do ano, a Geografia do Império, os chefes de Estado do mundo e a genealogia da Casa Imperial. Em seguida vêm a parte administrativa, onde estão registrados dados sobre o Chefe de Estado, o Ministério, o Conselho de Estado, o Senado, a Câmara dos Deputados, o Tribunal de Justiça e o corpo administrativo da Província.
A terceira parte é uma das mais importantes: nela consta a ‘História da Província do Amazonas entre os anos de 1540 e 1883’. Foi escrita pelo médico e historiador baiano Aprígio Martins de Menezes (1844-1891), aqui radicado desde 1869. Ele foi o primeiro autor a sistematizar a História do Amazonas, propondo divisões e marcos cronológicos para seu estudo. Ele é de grande importância para a compreensão dos primeiros passos de nossa historiografia regional. Na quarta parte, sobre estatística, temos os números referentes à quantidade de habitantes, escravos, escolas, embarcações, receitas, despesas e eleitores.
A quinta e última parte é a mercantil, “industrial, scientifica, profissional, philantropica e recreativa”. As informações sobre o comércio, navegação e estado financeiro da Província foram escritas em português, francês e inglês. Nela são apresentados os tipos de estabelecimentos comerciais e seus proprietários, os profissionais liberais e seus serviços, as sociedades, instituições, companhias e corporações, e documentos como regulamentos e contratos para a construção de obras públicas e concessões de serviços. Todos os capítulos são intercalados por anúncios.
Para deleite dos pesquisadores e entusiastas da História do Amazonas, o almanaque encontra-se disponível para consulta online na Hemeroteca Digital Brasileira, da Biblioteca Nacional.
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