A cidade de Manaus é cheia de ruas históricas que guardam as mais diversas histórias que se possam imaginar, mas nenhuma delas é tão fascinante quanto a rua Bernardo Ramos, uma das ruas mais antigas de Manaus, que possuía uma ilha ao final dela, a ilha de São Vicente.
Localizada no final da rua Bernardo Ramos, a ilha de São Vicente já era conhecida pelos primeiros moradores da então Cidade da Barra desde fins do século XVIII, quando o Governador da Capitania Lobo D ́Almada mandou erguer na ilha, um prédio para servir de quartel de milícias, e que assim se seguiu até idos de 1850, quando se fez presente na ilha outra instituição o Hospital Militar, o único da cidade que acabava não só por servir aos militares mas também aos civis. O hospital militar, foi responsável por cuidar das pessoas acometidas pelas diversas epidemias que assolavam Manaus no século XIX.
A incerteza de datas é grande, mas algumas fontes alegam que em 1857 o hospital já se encontrava em condições de funcionamento e por mais de 50 anos o funcionou no mesmo prédio, no qual já havia sofrido algumas alterações em sua estrutura e aparência.
Durante o século XIX só era possível chegar na ilha de S. Vicente por meio de pontes que ligavam a rua com a ilha e por pequenas embarcações que transportavam pessoal e mercadorias, mas, quase próximo a virada do século, o então governador Eduardo Ribeiro, mandou aterrar o igarapé que separa a ilha do continente, tornando-se uma península. Em 1909 o Hospital Militar deixa de funcionar no local, deixando para trás um prédio já histórico, mesmo que para a época, visto que sua fundação remonta aos idos do século XVIII, tornando-se ruínas.
Após algumas concessões do Governo para empresas privadas, a ilha torna-se novamente uma casa militar, passando abrigar o Grupamento de Elementos de Fronteira, nos anos 50, posteriormente servindo de primeira sede do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) em 1966, passando a servir depois de sede para a 29o Circunscrição de Serviço Militar em 1973, e em 1975 a 1o Companhia Especial de transportes do exército. Após tanto tempo servir como casa militar, volta para a iniciativa privada, mas, já como patrimônio histórico tombado do Estado, abrigando a antiga Portobras (Empresa de Portos do Brasil S.A) em 1982, resultado de uma permuta com o Exército, que ficou com a área que a Portobras detinha no bairro da Ponta.
Em substituição a Portobras, assumiu o local a AHIMOC (Administração das Hidrovias da Amazônia Ocidental) que ofereceu o prédio para o então Comando Naval da Amazônia Ocidental (CNAO), que até então localizava-se nas instalações do atual Batalhão dos Fuzileiros no bairro do Mauazinho. Oficializada a troca em agosto de 2001, e alguns meses de trabalho na recuperação do prédio, finalmente em 22 de janeiro de 2004 o prédio torna-se sede do CNAO, sendo este elevado à categoria de Distrito Naval em maio de 2005, mudando mais uma vez de nome, servindo de casa para o Comando do 9° Distrito Naval.
E sob os cuidados da Marinha encontra-se preservado mas fora do olha do público externo, por ser área militar, como sempre foi, pelo visto, São Vicente estará sempre guarnecida.
*Pesquisador, acadêmico de Jornalismo na Faculdade Martha Falcão e membro do Clube Filatélico do Amazonas, onde desempenha a função de Secretário. Colaborar da Web Rádio Censura Livre, Rádio JCAM, de revistas filatélicas e do Centro Cultural dos Povos da Amazônia.
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