quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Curso de História: Expectativa e Realidade


Esse texto pode ser útil para as pessoas que estão em dúvida em cursar História ou que já se veem decididas em dedicar seus próximos anos a essa área das Ciências Humanas.

Gostamos de História. Se perguntarmos aos nossos pais, tios ou primos mais velhos, ou questionarmo-nos, possivelmente uma das matérias que eles mais gostavam e nós gostávamos no ensino básico era a História. O interesse pode surgir pelos mais variados motivos, que podem ir desde o encantamento por estudar temas passados como o Egito, Grécia e Roma antigas, Idade Média e Grandes Navegações, até ao simples fato da matéria ser preferida a outras como a Matemática, a Física e a Química.

Você que ainda está no ensino fundamental ou médio e se sente atraído por essa disciplina, ou que já está na reta final dos vestibulares e pensa em dedicar os próximos anos de sua vida a essa área, que História espera encontrar na universidade? Pode ficar ciente que essa História maravilhosa, das civilizações antigas, dos homens medievais, das grandes navegações e das grandes guerras, existe, mas também encontrará em 4 ou 5 anos de estudo as Histórias teórica e metodológica. Essa é uma questão séria, pois muitos que entram no curso podem ficar insatisfeitos, no início, ao se verem diante de questões mais complexas. Essa ciência é muito maior do que aparenta ser.

Num primeiro momento, nos períodos iniciais, nos deparamos com disciplinas que, a primeira vista, não parecem em nada com o que aprendemos no ensino básico: Historiografia Geral I e II, Teoria da História, Didática Geral, Psicologia da Educação e História Antiga I e II (pode variar dependendo da instituição). Até aí, a História Antiga refresca a memória das aulas sobre a Mesopotâmia e o Egito e a Grécia e a Roma. O primeiro “choque” pode ser a Historiografia Geral, pois passamos a compreender que desde as épocas mais remotas as sociedades desenvolveram formas de registrar suas ações no espaço e no tempo. As leituras são as mais variadas, indo de clássicos greco-romanos a ensaios escritos no século XVIII. Psicologia da Educação e Didática Geral podem causar estranhamento. Acredite, todo historiador é um professor, pois o conhecimento que este adquire na academia será transmitido depois para a sala de aula e através de livros didáticos e paradidáticos. Falarei da Teoria em conjunto com as Metodologias.

Mais adiante, surgem disciplinas como Metodologia da História, Metodologia do Ensino da História, História Medieval I e Prática Integrada I. A História Medieval que estudamos é cronologicamente semelhante a que estudamos no ensino fundamental. As semelhanças acabam aí, pois as abordagens sobre esse período, dependendo dos autores utilizados, são vistas do ponto de vista teórico, dependendo do (s) autor (es) utilizados, como Jerôme Baschet, que questiona aspectos como a economia, a cultura, a política e a duração desse período. A Prática Integrada pretende a elaboração de reflexões sobre as linguagens, formas de transmitir o conhecimento histórico para os ensinos fundamental e médio. Teoria da História, Metodologia da História e Metodologia do Ensino da História merecem ser analisadas de forma conjunta:

O Historiador Eraldo Ribeiro Tavares examinando atas da Câmara de Vitória.

A Teoria pode ser definida como uma visão de mundo. Existem várias teorias, existem várias visões de mundo. Na História, as abordagens teóricas são diversas. Existe o Positivismo, o Materialismo Histórico, a Micro-História, a Nova História etc. São diferentes visões de mundo utilizadas para compreender as formulações históricas. Por ser um campo que trata de pensamentos, visões de mundo, mantém diálogo com a Filosofia e a Sociologia. A Metodologia do Ensino da História trabalha com a formação do profissional de História, a trajetória do ensino de História e novas perspectivas e metodologias para sua aplicação. As metodologias são baseadas nas teorias anteriormente citadas e em elementos da Prática Integrada. Enfim a Metodologia da História, talvez a disciplina que mais abra os horizontes de quem faz o curso. Aprende-se que o historiador não é um “calendário”, um mero repetidor de fatos e datas, mas sim um profissional que investiga, colhe fontes (materiais e imateriais), as critica, analisa, interpreta os fatos e tenta explicá-los. É, ainda, auxiliado por ciências como a Arqueologia, a Paleografia, a Diplomática e a Epigrafia.

Portanto, você que vai cursar História em uma universidade, seja ela pública ou privada, modalidade de licenciatura ou bacharelado, encontrará no curso a História Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea, mas também encontrará a Teoria da História, as Metodologias e as Práticas. Decidido? Você não irá se arrepender. É uma experiência incrível, que nos apresenta outras perspectivas de mundo, reflexões sobre a própria História e o cotidiano.


CRÉDITO DAS IMAGENS:

commons.wikimedia.org
camaradevitoria.pe.gov.br

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