Casario antigo da rua Lauro Cavalcante. FOTO: Jayme Arthur Souto Loureiro, 2018.
Com
início na Avenida Getúlio Vargas, passando pela Avenida Joaquim
Nabuco e terminando na rua Igarapé de Manaus, a rua Lauro Cavalcante
é uma pequena e tradicional via pública do Centro Histórico de
Manaus. O presente texto será o primeiro de uma série de postagens
sobre a história das ruas da cidade.
Sua
história tem início em 1917. Até esse ano ela era a continuação
da rua Henrique Martins. Com o falecimento do médico Lauro E.
Cavalcante nesse mesmo ano, o Superintendente Municipal Sérgio
Rodrigues Pessoa, em sessão de 24 de outubro de 1917, em
reconhecimento aos feitos desse profissional, decidiu o seguinte:
“A
Intendencia Municipal de Manáos resolve dar a denominação de rua
Dr. Lauro Cavalcante ao trecho da rua Henrique Martins, comprehendido
entre a Avenida 13 de Maio e Igarapé de Manáos visto não ser o
referido trecho um prolongamento da dita rua.
Art.
1° - Fica o trecho da rua Henrique Martins entre a Avenida 13 de
Maio e o Igarapé de Manáos denominado rua Dr. Lauro Cavalcante.
Art.
2° - Revogam se as disposições em contrário.
S.
S. do Conselho Municipal de Manáos, de 24 de outubro de 1917
(a)
Sergio R. Pessoa” (Terceira reunião ordinaria, triennio de
1917 a 1919, Sessão em 24 de outubro de 1917 In: A CAPITAL,
25/10/1917).
O
projeto, transformado em Lei Municipal N° 915, foi aprovado em 26 de
outubro daquele ano. Em registros fotográficos da década de 1920,
como o que vem a seguir, de 1929, é possível ver esse antigo trecho
da rua Henrique Martins, transformado em rua Lauro Cavalcante, sem
nenhum tipo de calçamento. Ela só viria a receber esse serviço em
1938 na administração municipal de Antônio Botelho Maia, conforme
pode ser visto nos “Topicos da Mensagem que o Prefeito de
Manáos, agronomo Antonio Botelho Maia dirigiu ao dr. Alvaro Botelho
Maia, Interventor Federal” (JORNAL DO COMÉRCIO, 28/08/1938).
Início da rua Lauro Cavalcante, 1929. FONTE: Manaus de Antigamente.
A rua após o serviço de calçamento realizado em 1938. FONTE: Jornal do Comércio, 28/08/1938.
Na
recém-inaugurada Lauro Cavalcante passou a funcionar o Colégio
Santa Clara, destinado ao ensino primário e dirigido “pelas
professoras normalistas Anna e Francisca Rebouças” (JORNAL DO
COMÉRCIO, 01/01/1919); o Escritório de Advocacia de “Bernardino
Paiva e Castro Monte” (JORNAL DO COMÉRCIO, 04/10/1921); o
consultório do médico Avelino Pereira, especialista em “doenças
dos olhos, ouvidos, nariz e garganta”, no final da década de
1930 (JORNAL DO COMÉRCIO, 07/09/1939); e a Fábrica de Móveis
Teixeira & Couteiro, na década de 1950.
Vila Georgete (Jorgete). FOTO: Roberto Mendonça, 2015.
Outros estabelecimentos
eram de longa data, desde o início do século XX, quando aquela
parte ainda era conhecida pelo nome Henrique Martins, como a
Mercearia Castelo de Ouro, posteriormente Bar e Restaurante Castelo
de Ouro, na esquina com a Avenida 13 de Maio (futura Getúlio
Vargas); e a histórica Vila Georgete (Jorgete), existente até os
dias de hoje. Além da Georgete, existiram as vilas Teixeira e
Valente. No casarão existente na esquina com a Avenida Joaquim
Nabuco, foi instalada em 1968, no governo de Danilo Duarte de Mattos
Areosa, a Secretaria de Assistência e Saúde do Estado. Devem ser citadas, ainda, as sedes do INOCOOP (Instituto de Orientação das Cooperativas Habitacionais), da SEMEC (Secretaria Municipal de Educação e Cultura), posteriormente SEMED (Secretaria Municipal de Educação), a Central de Voluntários, instalada no governo de José Lindoso,
Lauro E. Cavalcante, 1916. FONTE: Correio Sportivo, 15/04/1916.
Quem
foi Lauro Cavalcante? Lauro E. Cavalcante foi médico legista da
Polícia do Estado do Amazonas, cirurgião, professor normalista,
presidente da Liga Amazonense de Esportes Atléticos e do Atlético
Rio Negro Clube (1915-1916). Idealizou o Instituto de Proteção e
Assistência à Criança do Amazonas, que não foi plenamente instituído dada a
sua morte prematura. Lauro Cavalcante foi interno da Casa de Saúde
Dr. Eiras e da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro,
especializando-se, nesses estabelecimentos, no tratamento da sífilis.
Em Paris realizou um curso de tratamento de crianças no ‘Hospital des
Enfants Malades’ e especializou-se no trato de moléstias do
fígado, baço e pulmões. Em Manaus, assim como os médicos de
outras cidades do país, realizava consultas em farmácias. Atendia
na Verne, localizada na Praça Tamandaré, das 7 às 9 horas; e na
Barreira, na Avenida Eduardo Ribeiro, das 15 às 17 horas. Os que
desejassem comodidade também poderiam ser atendidos em sua
residência na Avenida Joaquim Nabuco. Costumava não cobrar as consultas e qualquer auxílio prestado a pessoas de baixa renda.
FONTES:
Correio
Sportivo, 15/04/1916.
A
Capital, 25/10/1917.
Jornal
do Comércio, 01/01/1919.
Jornal
do Comércio, 04/10/1921
Jornal
do Comércio, 28/08/1938.
Jornal
do Comércio, 07/09/1939.
CRÉDITO DAS IMAGENS:
Jayme Arthur Souto Loureiro
Manaus de Antigamente
Jornal do Comércio
Roberto Mendonça
Correio Sportivo
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