Travessa Tabelião Lessa, 1985. FONTE: Manaus Sorriso/Acervo da PMM.
Localizada
entre as ruas dos Barés e Barão de São Domingos, do lado do
Mercado Municipal Adolpho Lisboa, na zona portuária do Centro da
cidade, a Travessa Tabelião Lessa passa quase que despercebida pelos
milhares de transeuntes que todos os dias frequentam aquela área.
Não fosse uma placa com letras brancas e fundo azul, já teriam
esquecido por completo que aquela pequena via possui nome.
Sua
história começa em 1918. Em 19 de março daquele ano, em sessão no
Conselho Municipal, o Intendente Dr. Fulgêncio Martins Vidal
apresentou um projeto de lei que dava o nome de “[…] Tabelião
Lessa á rua que fica ao lado leste do Mercado Público, até hoje
sem nome” (IMPARCIAL, 19/03/1918). Até aquele momento, o
pequeno trecho ao lado do Mercado Público não possuía nome, sendo
um mero caminho de acesso à praia que se formava com a vazante do
rio. O projeto foi aprovado e transformado em “Lei N° 923 de 20
de março de 1918” (IMPARCIAL,
20/03/1918).
Um
mês antes, em fevereiro de 1918, falecera o homenageado, Coronel
Manoel Antonio Lessa, popularmente conhecido como Tabelião Lessa.
Maiores informações nos são apresentadas em seu necrológio
(elogio fúnebre): Manoel Antonio Lessa nasceu em 16 de fevereiro de
1845 na Província do Ceará, sendo seus pais José Antonio Lessa e
Lauredana Corrêa Lessa. Veio jovem para a região amazônica, indo
primeiramente para a cidade de Óbidos, no Grão-Pará,
matriculando-se no Colégio S. Luiz de Gonzaga. Desempenhou, em 1863,
então com 18 anos, os cargos de porteiro do Inspetor da Tesouraria
da Fazenda e de escrivão da Coletoria de Rendas Federais. Um ano
depois foi nomeado auxiliar de expediente do Selo.
De 1867 a 1868, atuou naquela cidade como escrivão interino da Mesa
de Rendas. Em 1868, mais uma vez através de nomeação, atuou como
escriturário. Em 1869 foi nomeado praticante de Tesouraria da
Fazenda e auxiliar do 2° escriturário Euphrasio Paes de Azevedo, na
Flotilha do Amazonas. Serviu no Correio Geral e, em 7 de julho de
1870, foi nomeado Tabelião de Notas de Manaus, cargo no qual
construiu sua carreira. Faleceu em 16 de fevereiro de 1918 aos 73
anos, “[…] na mesma data de seu nascimento, com a
diferença de 1 hora e 20 minutos”
(A CAPITAL, 17/02/1918).
Antiga mercearia 'Porta Larga'. FOTO: Robson Franco, 2014.
Alguns
anos depois da nomeação daquela pequena via, já aparecem
estabelecimentos comerciais endereçados com o nome de rua,
posteriormente travessa, Tabelião Lessa: “Hotel
Popular”, do espanhol José
Rodriguez González (EL
HISPANO AMAZONENSE, 29/07/1922),
“Mercearia Sempre Viva”
(JORNAL DO COMÉRCIO,
03/02/1923), e
“Tabacaria Nova Estrela”,
de M. Pinto (JORNAL DO
COMÉRCIO, 07/09/1944). O mais conhecido, sem dúvida, é o prédio
da antiga mercearia Porta Larga,
que chama a atenção por sua arquitetura. O prédio, pouco largo,
possui uma entrada consideravelmente grande se comparada com o resto
da obra.
A
Travessa Tabelião Lessa recebeu, em 1956, o serviço de
“pavimentação com alvenaria poliédrica e revestimento
de asfalto” (MENSAGEM À
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA APRESENTADA PELO GOVERNADOR DO ESTADO DO
AMAZONAS POR OCASIÃO DA ABERTURA DA SESSÃO LEGISLATIVA DE 1956).
Mais recentemente, em 2014, a
Prefeitura instalou um portão de ferro na travessa para impedir a
comercialização irregular de pescados e o trânsito de moradores de
ruas e usuários de entorpecentes.
FONTES:
Imparcial,
19/03/1918.
Imparcial,
20/03/1918.
A
Capital, 17/02/1918.
Mensagem
à Assembleia Legislativa apresentada pelo Governador do Estado do
Amazonas, Plínio Ramos Coelho, por ocasião da abertura da Sessão
Legislativa de 1956.
CRÉDITO DA IMAGEM:
Manaus Sorriso/Acervo da PMM.
Robinson Franco.
Robinson Franco.
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