No dia 09 de Novembro de 1823 a população do Lugar da Barra do Rio Negro (Manaus), capital da Capitania do Rio Negro, aderiu, após 1 ano e 2 meses, à Independência proclamada por Dom Pedro I em 07 de setembro de 1822. Como em outros lugares do Brasil, não foi um processo uníssono, sendo marcado por embates entre os favoráveis à emancipação e os portugueses.
D. Pedro I, sabendo da resistência que encontraria em algumas Províncias, antigas capitanias com fortes relações econômicas, políticas e culturais com Portugal, contratou para impor a adesão ao Império Brasileiro através do poderio bélico, os militares da Marinha Real Britânica Thomas John Cochrane (1775-1860) e John Pascoe Grenfell (1800-1869), ambos com experiência em processos de Independência na América do Sul.
Grenfell, sob comando de Cochrane, se dirigiu, no brigue de guerra 'Maranhão', ao Grão-Pará. Chegou na barra de Belém em 10 de agosto de 1823. Comunicou ao Governo do Pará (Junta Provisória), através de ofício, que este deveria aderir ao Império de D. Pedro I. No dia 11, temendo um ataque à cidade, a Independência foi reconhecida pela junta, com exceção do Governador das Armas, logo substituído. O auto de juramento foi lavrado em 15 de agosto.
A notícia da adesão do Grão-Pará ao Império de D. Pedro I foi, morosamente, chegando nos povoados e vilas através de navios e também dos regatões. Ela chegaria ao Lugar da Barra em novembro.
A adesão à Independência ocorreu no Largo da Trincheira (Praça IX de Novembro) na manhã do dia 09 de novembro de 1823. A Câmara de Serpa instala-se no Lugar da Barra no dia 19, sendo o juramento de fidelidade à D. Pedro I realizado às 9 horas do dia 22. Os moradores iluminaram suas casas por três dias e três noites. No dia 23 é eleita uma Junta Governativa formada por Bonifácio João de Azevedo, Raymundo Barroso de Bastos, Placido Moreira de Carvalho, Luiz Ferreira da Cunha e João da Silva Cunha.
Apesar da adesão, a Capitania do Rio Negro, para o descontentamento de sua população e de seus dirigentes, não foi transformada em Província, sendo transformada em Comarca do Alto Amazonas, subordinada à Província do Grão-Pará.
A pequena praça, localizada entre as ruas Governador Vitório, Visconde de Mauá e Tamandaré, há muito está sem uso recreativo, servindo como estacionamento para carros em uma área degradada do Centro, ao lado de prédios arruinados e do Museu do Porto, igualmente abandonado.
FONTES CONSULTADAS:
15 de Agosto de 1823. O Liberal do Pará, 15/08/1884, p. 02-03.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
BRAGA, Genesino. A praça berço. In: Chão e Graça de Manaus. 2° ed. Manaus: Imprensa Oficial do Estado, 1987, p. 65-68.
LIMA, Bertino de Miranda. A cidade de Manaus: sua história e seus motins políticos, 1700-1852. Manaus: Ed. Humberto Calderaro, 1984. [original de 1908].
Menezes, Aprígio Martins de. História da Província do Amazonas. In: Almanach Administrativo, Histórico, Estatístico e Mercantil da Província do Amazonas para o anno de 1884. Manáos: Imp. na Typ. do Amazonas de José Carneiro dos Santos, 1884, p. 87-115.
Martiz, Vasco. Lorde Cochrane, o turbulento Marquês do Maranhão. Revista Navigator, v.8, n. 16, 2012, p. 11-20.
REIS, Arthur Cezar Ferreira. História do Amazonas. 2° ed. Belo Horizonte: Itatiaia/Manaus: Superintendência Cultural do Amazonas, 1989.
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