Uma rua do bairro São Lázaro em 1960.
Moro na Zona Sul de Manaus. Essa zona, acredito eu, é diferente do que se vê em outras cidades do país. Ela não abriga bairros nobres. Aqui, a maioria dos mais abastados estão na Zona Centro-Sul e Oeste. A parte sul, porém, guarda os bairros mais antigos, os que deram origem a cidade.
O bairro São Lázaro nasceu na década de 1950. Eram tempos difíceis para o Amazonas. Passados o efêmero Ciclo da Borracha de 1890 a 1920 e a rápida recuperação Durante a Segunda Guerra Mundial, o Estado vivia mais de 30 anos em recessão econômica. Primeiro foram os europeus que a abandonaram, depois foi Getúlio Vargas, que utilizou a região para fornecer borracha para os Aliados.
Além da péssima situação financeira, a natureza também agravava a situação. Em junho de 1953, as águas do Rio Negro atingiram a marca de 29,69 metros. Essa foi, por décadas, a maior cheia do Amazonas. Várias famílias vieram do interior para a capital, ocasionando o primeiro boom populacional da cidade. O São Lázaro, ou "Barro Vermelho", nome que recebia por causa da coloração do solo, nasce durante esse período, sendo fundado por seringueiros abandonados, os 'Soldados da Borracha', e por pessoas vindas de cidades como Itacoatiara, Manacapuru e Parintins.
Com a instalação da Zona Franca em 1967, o progresso trouxe, além de melhorias, problemas que existem até hoje, tanto no bairro como na cidade. Ruas foram asfaltadas, a energia elétrica e a água chegaram nas residências. Os problemas ficam por conta das constantes invasões que o bairro sofreu, principalmente na Rua Magalhães Barata e adjacências.
Foi pelas mãos de Carlos Viana, um jovem de 14 anos que sonhava em ser padre, que o bairro passou a ser reconhecido desde 1958. Carlos saiu de Manaus em 1972, quando entrou para a Polícia Militar de Porto Velho. Desde aquela época, perdeu-se contato com ele. Seu nome caiu no esquecimento do bairro. Nenhuma rua ou instituição leva o seu nome. A História está aqui para lembrar as pessoas de suas origens.
Hoje o São Lázaro cresce à passos lentos. O progresso parece ter dado uma "pausa". O Catolicismo é a religião predominante, marcando a paisagem com procissões em nome do Santo Lázaro. No início, os moradores sobreviviam da venda de capim para fábricas de colchões, da coleta de caju e da produção de farinha. Hoje, a economia é baseada em pequenos comércios e na renda da maioria dos moradores que trabalham no Polo Industrial. Vez ou outra temos uma ocorrência, mas nada que abale as estruturas.
Bairro São Lázaro em 2013.
CRÉDITO DAS IMAGENS: Paróquia São Lázaro
Google Street View
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