Ícone Ortodoxo de São Cosme e São Damião.
É por essa característica que o dia 27 é mais aguardado que o dia 26. Devotos dos santos, católicos, candomblecistas e umbandistas, distribuem doces às crianças da comunidade, pois no sincretismo religioso, marca indissociável de nossa cultura, os Ibejis agradam as crianças com guloseimas e, em alguns casos, brinquedos. Nos terreiros, que fervilham com seus batuques, também são preparados pratos como caruru, vatapá e xinxim de galinha.
Apesar da distinção entre as datas, 26 para as celebrações Católicas e 27 para as celebrações das religiões de matriz africana, a relação com as crianças, relação de proteção, une esses dois mundos religiosos.
Apesar da distinção entre as datas, 26 para as celebrações Católicas e 27 para as celebrações das religiões de matriz africana, a relação com as crianças, relação de proteção, une esses dois mundos religiosos.
Dificilmente se vê nos dias de hoje, em Manaus, aglomerações de crianças e jovens na espera dos distribuidores de doces, como se via nos tempos de nossos pais e avós. Ainda cheguei, por volta de 2007, a receber um saquinho de doces com o desenho dos dois santos. São poucos os lugares onde a prática é mantida, geralmente nos subúrbios. Isso é o reflexo de um puritanismo religioso que atribui problemas de ordem espiritual ao consumo de bombons, pirulitos e chicletes, e que tenta apagar a influência africana presente na religiosidade brasileira. Certa vez, em uma entrevista concedida a um jornal no final da década de 1980, o pároco de uma tradicional Igreja de Manaus afirmou que os doces eram distribuídos e consumidos por "pura ignorância".
São tempos em que monumentos de nossa tradição são destruídos, sem terem substitutos, deixando um vácuo cultural. Ficam os resquícios, os fragmentos. Lembranças de outras épocas. Salve São Cosme e São Damião.
CRÉDITO DA IMAGEM:
commons.wikimedia.org
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