Prédio da Federação Espírita Amazonense, na rua José Clemente, no Centro de Manaus. FOTO: Fábio Augusto, 2019.
Resumo: A Doutrina Espírita: os preâmbulos do Espiritismo no Amazonas é um artigo que evidencia a história do Movimento Espírita em terras amazônicas, mostrando seus seguidores numa época que o Amazonas passava por grandes transformações em conseqüência da Belle Époque, que encheu os bolsos dos coronéis da Borracha, mas que revela também mudanças culturais, preconceitos e dificuldades que a doutrina enfrentou para se concretizar pelas plagas das terras consideradas pulmão do mundo.
Palavras – chaves: Espiritismo, Amazonas, Belle Époque, Borracha, Doutrina.
Abstract: The spiritist doctrine: The beginnings of Spiritualism in the Amazon come o show the history of the Spiritist Movement in the Amazon lands, showing his followers at a time when the Amazon was undergoing major changes as a result of the Belle Époque that filled the pockets of the time of the colonels Rubber, but also see the cultural changes, prejudices and difficulties that faced the Doctrine to be realized both in land considered in the lungs of the world when other countries. Keywords: Spiritualism, Amazonas, Belle Époque, Rubber, Doctrine.
Introdução
A partir deste momento o véu do desconhecido é retirado para se colocar em realidade o processo de realização da Doutrina Espírita em terras amazônicas. Reconstruindo os caminhos de seu surgimento que aconteceu no século XIV, com as mesas girantes ou mesas dançantes, que era como se chamava o fenômeno que ocorriam nas noites de bailes da alta sociedade francesa, mas tendo suas raízes no estado de Nova Iorque, para ser mais exato na cidade de Hydesville, onde as irmãs Fox relataram um assassinato de um comerciante, e este tendo se comunicado através de batidas na parede, e todos os noticiários da época repercutindo os fatos, que foram confirmados com o encontro do corpo, que inclusive foi informado pelo espírito do comerciante. 2 Mas como as noticias e esses efeitos se espalharam pelo mundo, ganhando curiosos e adeptos, Hippolyte Léon Denizard Rivail, que se viu desafiado por um amigo a provar que os fenômenos das mesas eram uma farsa e que as mesas não possuíam nenhum fenômeno inteligente, acaba afirmando que realmente quem mexia as mesas eram espíritos, sendo que mais tarde ele organizaria as comunicações, criando as bases da Doutrina Espírita. No Amazonas, na época áurea da borracha, as noticias também passaram a correr pela cidade, pois a Vila Manáos mantinha ligação direta com a Europa, surgindo disso uma das primeiras facilidades para a implantação da Doutrina pelas paragens amazônicas. O texto objetiva mostrar também alguns dos precursores do Espiritismo, as casas espíritas que surgiram junto com a Federação Espírita Amazonense, a FEA, destacando as influências dos centros Espíritas sobre a sociedade do Amazonas.
1. A atmosfera na França: Allan Kardec e as mesas girantes
Uma das primeiras manifestações que se tem registrado no mundo sobre as ocorrências das comunicações com os espíritos começa nos Estados Unidos, mais precisamente em 1844 com a família Weekmans, na casa onde residia, tudo com inicio em sons estranhos e pancadas na parede da resistência, uma casa humilde e simples que se localizava na cidade de Hydesville. Wantuil define:
"(...) historia das pancadas e dos ruídos misteriosos, Rappings, Noises e Knockings, que, segundo a descrição da Sra. Emma Hardinge Britten, principiaram em fins de 1844 na aldeia de Hydesville, no estado de Nova Iorque, numa casa que residiam os Weekmans, manifestações que continuaram após a saída do antigo dono e a entrada da família Fox". (WANTUIL, 1994).
As manifestações (pancadas na parede e ruídos misteriosos) movimentaram a pequena cidade na época, ficando conhecidas nos jornais, constituindo-se assim, nos primeiros passos da Doutrina Espírita. Logo após as noticias nos jornais, em todo o mundo a questão das mesas girantes começam a mover muitos curiosos, e na mesma época um intelectual surgiu com vários questionamentos. Como diz Hama:
"Nascido em Lyon, em 3 de outubro de 1804, Hippolyte Léon Denizard Rivail era filho de juiz e de família católica, estudou na Suíça, (...) O pseudônimo pelo qual Rivail se tornou conhecido foi adotado depois que, numa das sessões espíritas, um médium lhe contou que em vidas passadas ele teria sido um druida de nome Allan Kardec". (HAMA, 2007).
Hippolyte Rivail foi um homem conhecido na história da França, por ser um intelectual de alto grau. Ele mudou seu nome nas obras básicas espíritas para que não fossem confundidas com as suas obras de pesquisas, pois as obras básicas eram de autoria dos espíritos e Rivail apenas os tinha organizado, fazendo-se de um mero curioso dos fenômenos que usava diversos métodos de pesquisa. Hama enfatiza que “Kardec foi o codificador do Espiritismo. Com raciocínio lógico e investigador, ele conseguiu compreender o fenômeno mediúnico e possibilitar a análise aprofundada e séria da existência dos espíritos (...).” (HAMA, 2007).
Kardec fez várias experiências para poder afirmar que as mesas tinham uma inteligência por trás dos objetos; para ter respostas coerentes e se as respostas eram as mesmas que em vários pontos do mundo onde ocorriam as mesmas manifestações. Assim, Kardec lançou as bases do tríplice aspecto da Doutrina. Hama enfatiza:
"A Doutrina Espírita era definida como uma ciência que tratava da natureza, da origem e do destino dos espíritos, assim como de suas relações com o mundo corpóreo. (...) Apliquei a essa nova ciência o método experimental. Nunca elaborei teorias preconcebidas. Observava cuidadosamente comparava para remontar as causas, escreveu Kardec.” (HAMA, 2007)
Rivail, que na época, já buscava colher e estudar os ensinamentos dos espíritos, submeteu tudo à razão, reunindo os tmas afins em partes, capítulos, itens e questões. Assim, a Doutrina passou a ter um tríplice aspecto, abarcando: Ciência, Filosofia e Religião. Ao organizar tudo, teve sua primeira publicação em 18 de abril de 1857. E uma revisão em 1860, anos de muitos conflitos. Hama relata que:
"No sec.XIX, na França se dividia entre católicos e ateus, esses últimos influenciados pelas idéias iluministas, que entre outras coisas, pregavam o fim da intromissão da Igreja em assuntos do Estado. Apesar de ser definida como uma Doutrina Cristã, o Espiritismo foi duramente perseguido pela Igreja Católica". (HAMA, 2007).
Nessa dura perseguição, destaca-se o episodio chamado de Auto da Fé de Barcelona, na cidade de Barcelona, quando em 1861, por ordem do bispo local, da Igreja Católica, 300 livros espíritas, encomendados pelo Sr. Lachâtre, foram queimados no na praça da cidade, mais especificamente no dia 9 de outubro.
Doyle registra sobre essa perseguição contra a Doutrina:
"Há gente 'religiosa' ficando irritada por ser sacudida nas suas praticas tradicionais e, como selvagens, se dispunha a admitir que tudo aquilo era obra do diabo. Assim católicos romanos e seitas evangélicas se encontraram unidos na sua oposição". (DOYLE, 2007).
O catolicismo e o protestantismo se viam ameaçados com os argumentos e as revelações se que faziam contra os dogmas das religiões e suas promessas de vida no paraíso. Mais mesmo assim a Doutrina sair dos meios da antiga França e ganhar o mundo com diz Wantuil:
"Com eles vinha o Modern Spiritualism. Os fenômenos, principalmente as manifestações com as mesas girantes espalharam se pela Escócia, ganharam Londres e em menos de um ano se generalizaram por quase toda a Inglaterra". (WANTUIL, 1994).
A Doutrina Espírita começa á se expandir em outros países, e ganhando mais forças com os seus adeptos, assim que a nossa religião relacionada com a existência dos espíritos, chegar ao Brasil, sendo uma das primeiras cidades a acolher a Doutrina.
2. História, cultura e economia do Amazonas: Fatores importantes para o surgimento da Doutrina nas terras Amazônicas.
A cidade que hoje se chama Manaus, no seu inicio tinha uma vida muito pacata com á vivencia dos seus moradores, uma vila muito pobre com 8500 habitantes. Como citado por MELO:
"Em 24 de outubro de 1848 através da lei nº 145, a Vila de Manáos foi elevada à categoria de cidade com a denominação de Cidade da Barra do Rio Negro. Nesta época, os dados demográficos registravam 8500 habitantes, sendo 8120 livres e 380 escravos". (MELO, 2009).
Essa população passou a viver uma época em que o látex extraído da arvore da seringueira já tava seus frutos é já mostrava exemplo na sociedade com os estilos Europeus, as pessoas passavam a semana com roupas simples e nos dias de missa na igreja, todos vestiam roupas luxuosas e chapeis lindíssimos, proporcionando uma cidade moderna na época. ANDRADE cita:
"Manaus possui algumas características que a tornou uma capital singular, embora submetida permanentemente às depredações violentas e criminosas que infelizmente lhe desfiguraram diariamente sua estrutura original, destruindo seus monumentos históricos e artísticos, despindo-a de sua roupagem original de fachadas coloridas e sentimentais". (ANDRADE, 1984).
Nessa época de grandes monumentos feitos em decorrência da produção da borracha e o estilo dos Europeus adquiridos pela sociedade, não deixou de esquecer alguns poucos lugares que havia na vila, como pode se relatado por ANDRADE:
"As suas ruas são regularmente traçadas; não tem, no entanto, nem calçamento, sendo muito onduladas e cheias de buracos, o que torna o caminho sobre os seus leitos muito desagradável, principalmente à noite. (...) Da „Barra‟, ou antigo forte, só havia presentemente, uns restos de muralhas e um monte de terra". (ANDRADE, 1984).
Mas mesmo assim os moradores da cidade se mantinham com alguns estilos trazidos pelos comerciantes que compravam os látex‟s, esse produto que trouxe varias evoluções mais também uma formação de população muito precária em seu contexto histórico, informa ANDRADE:
"Como a borracha era a razão principal de todo esse burburinho, evidentemente que os instrumentos utilizados na sua extração também eram prioritários, por isso as funilarias espalhadas em toda a cidade". (ANDRADE, 1984).
O estilo de elegância e luxo da Europa, também trouxe para as estruturas das instituições publicas matérias que vinham do exterior com uma arquitetura européia, italiana e indiana, mostrando que a nova cidade que tinha com o economia forte a borracha, uma Europa em outro continente, ou seja, a Belle Époque dos trópicos nascer .
"O conjunto de obras públicas construído em Manaus, durante o período provincial, já indicava um gosto arquitetônico bastante diversificado, apresentando uma forte influencia eclética que é revelada através da adoção de diferentes estilos arquitetônicos, misturando épocas, estilos e étnicas, mas a opção por essa tendência não foi exclusividade de Manaus (...)". (MESQUITA, 1999).
Essas tendências não de estilo exigiam Mao de obra qualificada para ordena os nativos que aqui viviam, assim viram-se a necessidade de contrata mestres responsáveis pelas obras, e grandes intelectuais e estudiosos que não só tinham noção de obra mais, médicos, professores e outros, passaram a conviver nas terras amazônicas é as noticias da Europa passaram também a vim com essas pessoas como podemos ver com MELO:
"Além do aspecto físico, o que de mais importante aconteceu, foi a atração, tanto para Belém quanto para Manáos de uma elite de intelectuais, artistas, profissionais liberais e homens de negócio, que em parte se radicou na região, estimulando a vida artística, as atividades intelectuais, a medicina, a advocacia, a engenharia civil, as demarcações de terras, incorporando-se à magistratura ou entrando para o comando da economia da região". (MELO, 2009).
Os intelectuais e estudiosos que começaram a vim da Europa e outros países, comentavam muito os casos das mesas girantes e os fenômenos que ocorriam em todo o mundo, e assustando mais ainda quanto viram que um intelectual da França passava a estudar esse momento, sendo que com esses mesmos homens passam a trazer as obras quanto foram publicadas, levando um português a se interessa e praticar com um pescador as sessões espíritas.
3. No coração da Floresta: A implantação da Doutrina Espírita no século XIX na jovem Província do Amazonas
As noticias das mesas girantes e as manifestações que ocorriam em vários pontos do mundo, começaram a chegar ao Brasil, sendo essas noticias vindas com as pessoas que viajavam e comerciantes da época que fazia comentários irônicos e ate mesmo invalidando as tais noticias que dividiam opiniões. Magalhães e Monteiro comentam bem essa época:
"Como em toda comunidade brasileira os fenômenos espíritas estiveram presentes na jovem Província do Amazonas no séc. XIX, (...) O registro mais antigo por nós localizado fez referencia a fato insólito observado no lugar denominado Freguesia do Moura, Interior da Província, que foi publicado no Diário de Belém e transcrita pela revista O Reformador". (MAGALHAES; MONTEIRO, 2003).
As diversas publicações da época, revelam-nos que os fenômenos já haviam atingido a Província, mas ao mesmo tempo a época da Borracha se fazia muito forte na cidade e a Belle Epoque começava a se fazer presente no contexto da Província, sendo esta cidade comunicadora direta com Europa em conseqüência da Borracha. Neves diz:
"Era inquestionável tanto o avanço material quanto o intelectual proporcionando uma autoconfiança dos intelectuais da época que, cientes que naquele momento os homens conheciam muito mais dos que os anteriores traçavam o caminho de desenvolvimento cientifico". (NEVES, 2003).
Nessa citação podemos ver que os olhares estavam todos voltados para o meio intelectual, as pessoas queriam saber ou ter conhecimento de tudo, o meio cientifico estava com força total no meio da sociedade. Neves relata o fato:
"Uma identidade independente do resto do país e a ligação direta com a Europa são características amazônicas com raízes no século XVIII, trazidas pela visão iluminista do Marquês de Pombal que, em seu governo, já conduzia ações especificas para a região do Grão-Pará". (NEVES, 2003).
O Amazonas tinha uma ligação direta com a Europa, pois estava no apogeu com a produção e extração da do látex das seringueiras, ou seja, a época da Borracha já se fazia presente no momento, sendo a cidade uma exportadora da matéria, é também copiando estilos e vivencias dos Europeus, assim tornou-se um "Clone" da Europa no Brasil. Mais ainda hoje se tem dificuldades em encontrar fonte, como faz notar Neves:
"O dialogo com as fontes históricas sobre o movimento Espírita no Amazonas ainda se mostra muito limitado, não só pelos documentos que são escassos e mal conservados, mas também pelas fontes orais que não podem ser diretas, pois falamos de um período compreendido entre o final do século XIX e o início do século XX.” (NEVES, 2007).
Esse é um fato que todos os pesquisadores e observadores da Doutrina Espírita, encontramos com a falta de registros, pois esses se perderam com o tempo, é a outra observação e porque nessa época à igreja Católica era contra qualquer manifestação religiosa contraria ao Catolicismo, mas as experiências sobre as sessões espíritas já aconteciam em Manaus, Neves nos informa:
"Sabemos da existência de grupos com conhecimento sobre o Espiritismo desde 1884, conforme publicações em "O Reformador", citadas anteriormente. Mas as análises das fontes disponíveis indicam o português Bernardo Rodrigues de Almeida como representante dos primeiros momentos do Movimento Espírita no Amazonas". (NEVES, 2007).
A história de Bernardo com a Doutrina começo quanto o mesmo viu um anúncio de um crime que aconteceu, é o réu dizia que foi influenciado por espíritos a matar a família, o caso chocou a cidade, mas o criminoso talvez tivesse mentindo para não se acusado, ou poderia realmente se verdade, assim começo suas experiências e leitura dos livros Espíritas segundo Samuel Magalhães:
"Com as leituras iniciais, teve o desejo de conhecer o Espiritismo na prática. Contudo, faltava-lhe um médium. Informando de que em Manaus existia um médium chamado Lamarão, homem simples que trabalhava com catraieiro, convidou-o para uma reunião experimental". (MAGALHÃES, 2004).
Com muitas reuniões e estudos, as praticas passaram a se responsáveis e ganhando cada vez mais adeptos, é sendo assim ele Bernardo de Almeida lança a Doutrina Espírita nas terras Amazônicas, a primeira sendo seguida e organizada com base nas obras de Kardec.
4. Doutrina Espírita e seus Pioneiros nas terras Amazônicas
Os pioneiros da Doutrina eram pessoas de grande moral e intelectualidade na cidade de Manaus, sendo cada um com os seus compromissos em suas áreas com a sociedade, fundando e criando instituições na área social e política, como nos revela Machado:
"Este assunto envolve a tentativa de desvendar o que unia os pioneiros em suas atuações sociais, além do Espiritismo. Uma boa rota de pesquisa é a verificação da relação que eles tiveram com os fatos relevantes da época, como fundação da Escola Universitária Livre de Manáos (hoje Universidade Federal do Amazonas), a fundação de lojas maçônicas, a atuação na vida artística e outros".(MACHADO, 2009).
Todo esse relacionamento com a sociedade e com a política, área de atuação de Leonardo Malcher, facilitou muito para a Doutrina, pois conseguir que muitas gentes se simpatizassem com a mesma, e tornando as ordens burocráticas mais responsáveis e tinham noticias mais fáceis da Europa com os mercadores e comerciantes da borracha, Neves mais uma vez coloca em pauta essa realidade:
"(...) pioneiros iniciaram no Espiritismo, mas perceber-se que o fato manterem contato com a França ou pela ascendência, formação educacional ou suas relações comerciais, nos leva a crer que o contato com o Velho Mundo propiciou o conhecimento da Doutrina francesa". (NEVES, 2007).
O português Bernardo Almeida viu a necessidade de a Cidade ter um hospital para atende os doentes e estrangeiros que não tinham condições de pagar médicos, assim o mesmo foi um dos fundadores que em 1873 fundou a Sociedade Portuguesa Beneficente, Neves:
"Alem de suas atividades na sociedade Portuguesa Beneficente, podemos considerar Bernardo Almeida como fundador da primeira instituição Espírita que se tem registro: A Sociedade de Propaganda Espírita". (NEVES, 2007).
Com a sua intensa relação com á alto sociedade Bernardo acabou em conhecer Leonardo Malcher que por suas diversas viagens para a Europa, se interessava pelos fenômenos Espíritas e convidou Bernardo e seus amigos de reunião, para uma sessão em sua residência com a família Malcher, é com o tempo dou um terreno e construiu primeira Federação Espírita Amazonense, Magalhães:
"O seu trabalho culminou, mesmo após o seu retorno à Pátria Espiritual, com a criação da Federação Espírita Amazonense, em 1º de janeiro de 1904, dando uma nova e sustentada conformação ao movimento espírita local". (MAGALHÃES, 2003).
Logo após o falecimento de Bernardo, a Federação foi inaugurada á como em toda a cidade feita em moldes e estilos Europeus, não poderia de deixa essa linha de estilo, e a instituição foi feita próximo ao imponente é sagrado templo da Arte na cidade, Teatro Amazonas como podemos ver com Magalhães:
"A sua fachada é de uma elegante aparência, mas de uma ornamentação singela e expressiva. Sobre o alto destaca-se em letras a denominação do edifício – Templo da Verdade, o Ensino do Bem. No interior não havia decoração alguma, (...)". (MAGALHÃES, 2003).
Desde então a Federação foi se organizando mantendo estudos de doutrinação, tendo obras com a sociedade mais carente e também organizou a sua diretoria para manter as obras em atividade, é também nomeando o primeiro presidente honorário Leonardo Malcher, FEA:
"Na sessão seguinte, era nomeada uma proposição de autoria de Antônio Lucullo, dando a Leonardo Malcher o titulo de presidente honorário da Federação Espírita, em demonstração de agradecimento pelo muito que vinha fazendo em beneficio da nascente sociedade". (FEA, 1984).
Com a inauguração, a organização da Federação Espírita Amazonense e a grande influencia com a Europa, ainda se viu um grande problema em relação ao movimento em planos regional, pois, apesar de haver grande aparado a favor, a Federação ainda não possuía vínculos com as casas espíritas que iriam nascendo, deixando um pouco deslocada as casas dos eventos regionais como relata documentos da FEA:
"Continuava a Federação sem caracterizar-se como tal. Nada havia de organização, de vinculação mais concreta entre a Federativa e Federados". (FEA, 1984).
Isso aconteceu, pois ate a criação do seu conselho federativo titulado: Conselho Federativo Estadual, passando a ter casas filiadas a federação, alias no começo havia 17 casas Espíritas na cidade de Manaus, sendo que destas hoje só uma casa se mandem em atividade esta com o nome de Centro Espírita Caridade e Resignação no bairro de Matinha.
5. Atuação da Doutrina Espírita: Espiritismo hoje na atualidade no Amazonas
A Doutrina Espírita hoje se ver bem mais difundida do que no inicio, pois a questão do misticismo cristão já não tem tanta força nos dias atuais, a Doutrina no Amazonas possui casas federadas e não federadas com a Federação Espírita. Sendo uma destas federadas a Sociedade Espírita de Assistência “Nosso Lar”, uma casa localizada no Bairro Amazonino Mendes I, zona norte de Manaus, tendo preferência para o Bairro, como cita TOCCHETTO:
"Bairro este escolhido por situar-se na periferia da Zona Norte de Manaus, com expressiva concentração de habitantes, que foi povoado através de invasões e mutirões distribuição de lotes e kits de casas de madeira doados pelo governo, onde seus moradores vivem de forma precária, com deficiência de água, (...)". (TOCCHETTO, 2006).
A casa ainda viver essa realidade junto com a comunidade, mais em relação as primeiros tempos, a situação esta mais acessível para a população que ali viver com muitas precariedades, mas assim nasceu a S.E.A. “Nosso Lar”, como nos mostra TOCCHETTO:
"A Sociedade Espírita de Assistência “Nosso Lar”, fundada em 07 de setembro de 1992 e declarada de Utilidade Pública pelo Decreto Estadual nº 2695 em 22 de novembro de 2001 é uma organização religiosa, de caráter assistencial, cultural, beneficente e filantrópica, sem fins lucrativos". (TOCCHETTO, 2006).
Hoje a casa tem orientado e apoiado 69 famílias com atividades de intervenção social mantêm um trabalho de assistência e educação com 61 crianças em situação de risco, tem trabalhos de qualificação para 14 pessoas das famílias assistidas pela casa para qualificá-las pro mercado de trabalho, como cita TOCCHETTO na descrição da missão da casa:
"A missão do Nosso Lar é a promoção integral das famílias, que vivem em situação de risco pessoal e social, através do enfrentamento das causas que produzem as situações de vulnerabilidade e de misérias, material, social, moral e espiritual, construindo para o seu equilíbrio psico-social". (TOCCHETTO, 2006).
Essa é a grande missão da casa que hoje se envolver com os problemas da comunidade, e entra em parceria com vários amigos e o apoio do governo para que as atividades sejam desenvolvidas, e a mesma tem seus organizadores moradores do bairro, revela Nosso Lar:
"Dos cargos da diretoria Executiva, preenchido para o Presidente a Senhora Eliana Saraiva Tocchetto Dinardi; a Vice-Presidente pelo Senhor José Severo de Carvalho, a Secretaria pela Senhora Jarcileia Ferreira Castro, (...)".
Essa é a diretoria que se faz presente na casa, pois assim os trabalhos se fazem com mais facilidade nas casas espíritas, e vemos que a doutrinação não se impõe na casa, mas sempre a questão social de amparo às famílias se vê presente.
Considerações Finais
O objetivo desse trabalho se propõe em realizar um estudo abrangente, elaborando um conjunto de informações bibliográficas e qualitativas sobre os fatos concernentes a implantação da Doutrina Espírita nas terras amazônicas, pois segundo alguns estudos se têm um grande potencial para se descobrir sobre o assunto e também se descobrir por conseqüência algumas épocas de grande importância para a história do Amazonas.
A primeira fase do trabalho foi identificar os primeiros passos que a Doutrina deu na França, é revelando a priori a relação da Vila de Manáos, atual cidade chamada de Manaus, é se fez uma relação e organização dos fatos que ocorreram tanto econômico, social, político e religioso que a cidade passava.
Também se fez em relatos os precursores e seus objetivos com a sociedade, levando as suas realidades e os fundamentos que eles usavam para mostrar a Doutrina que se comunicava com os mortos ou espíritos. Observa-se mais ainda que a Doutrina Espírita se fez exemplo para as comunidades da cidade com os seus serviços comunitários, abrangendo as necessidades espírito e morais do ser humano.
Referências
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DAOU, Ana Maria. A Belle Époque amazônica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
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MELO, Santa Maria; MELO, Orlens. Circunstâncias históricas do estado do Amazonas à época do surgimento do Espiritismo em suas terras. I Simpósio FAK “O Espiritismo nas terras amazônicas: origem, realizações e compromissos”. Manaus: Fundação Allan Kardec, 2009.
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Narciso Passos de Freitas, 28, é graduado em História pela Universidade Nilton Lins (2011), professor da SEDUC e Mestrando em História pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
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