A Colônia Oliveira Machado, inicialmente conhecida como Colônia Santa Maria, era uma colônia agrícola criada pela Companhia de Navegação e Comércio do Amazonas em 08 de julho de 1854. Nela trabalhavam colonos de origem portuguesa e espanhola que vieram para o Brasil para substituir a mão de obra escrava africana após o fim do tráfico de escravos em 1850. A colônia não apresentou resultados satisfatórios, ficando abandonada até 1888, quando passou a receber famílias de migrantes nordestinos que fugiam da seca. Em 02 de abril de 1889 o Presidente Joaquim de Oliveira Machado a batizou com o seu nome (LEÃO, 2010). O local carecia de boa infraestrutura. Faltava o básico, como escolas, estabelecimentos comerciais e um cemitério público, que só surgiria no final daquele século. Antes disso, os moradores mais antigos relatam que os enterros eram feitos nos terrenos de suas propriedades.
O Cemitério da Colônia Oliveira Machado, dito de São Francisco (atualmente localizado no bairro Morro da Liberdade, surgido através de desmembramento da Colônia Oliveira Machado), tem origens que remontam ao ano de 1898. No Governo de José Cardoso Ramalho Júnior foi decretada a Lei N° 240 de 13 de Outubro daquele ano, que “auctoriza o Governo do Estado a abrir o crédito necessario para a construcção de um cemiterio na colonia ‘Oliveira Machado’” (DIÁRIO OFFICIAL, 19/10/1898, p. 01). Autorizada a abertura de crédito, o cemitério foi aberto e concluído anos mais tarde “[…] pelo governo do Estado na administração do Dr. Antonio Constantino Nery [1904-1908]” (RELATÓRIO DA COMISSÃO ORGANIZADORA DO TOMBO DOS PRÓPRIOS DO MUNICÍPIO, 1922). Durango Duarte cita o ano de 1908 como sendo o de sua fundação. O primeiro enterro, de Manoel José de Santana, foi realizado em 12 de maio daquele ano (DUARTE, 2009, p. 153).
Mesmo sendo contemporâneo do Cemitério de São João Batista, sua localização e, claro, a condição de cemitério suburbano, o tornava um local de difícil acesso pelo poder público, o que o fazia sofrer com problemas em sua estrutura e conservação. Em relatório apresentado ao Conselho Municipal em 05 de outubro de 1909, o Superintendente Agnello Bittencourt afirmava que o cemitério da Colônia Oliveira Machado estava “com a cerca a desabar” (RELATÓRIO, 05/10/1909).
Apesar da situação de abandono, os moradores da região não deixavam se relacionar com esse espaço. No dia 01 de janeiro de 1908, Luiz Maciel de Mattos ofereceu um cruzeiro ao cemitério da Colônia Oliveira Machado em agradecimento ao fato de o bairro não ter sido atingido pela varíola em 1907. Durante a entrega compareceram 500 pessoas, que comemoraram o acontecimento com a queima de fogos (JORNAL DO COMMERCIO, 03/01/1908, p. 01).
Em 1928, pensando na acessibilidade dos frequentadores, o vereador Severiano de Souza apresentou à Câmara Municipal um parecer autorizando a Prefeitura a abrir uma estrada que ligasse o bairro de Constantinópolis (Educandos) ao Cemitério da Colônia Oliveira Machado (JORNAL DO COMMERCIO, 11/05/1928, p. 01). Apenas em 1937 essa estrada seria aberta, ligando o cemitério à Estrada João Zany por um ramal acessível a veículos. As obras foram realizadas por Pedro Telles pela importância de 2:136$258 réis (MENSAGEM, 15/04/1937).
Uma caminhada por essa necrópole nos permite observar sua simplicidade e o histórico abandono. Construída em terreno de geografia ondular, caracterizada por pequenas e médias elevações, não possui túmulos suntuosos. Os jazigos familiares são simples, construídos em sua maioria por pedreiros e também por pessoas sem experiência na área, com materiais como tijolos e azulejos. Alguns exemplares são de mármore e granito, revelando certo poder aquisitivo dos proprietários. Aos interessados em visitá-lo, ele está localizado na antiga rua Coronel Pedro de Souza, atual Antônio Lacerda, no bairro Morro da Liberdade.
FONTES:
Diário Official, 19/10/1898.
Relatório da Commisão Organizadora do Tombo dos Próprios do Município, Manáos, Typographia Cá & Lá, 1922.
Relatório apresentado ao Conselho Municipal em sessão extraordinaria de 5 de Outubro de 1909 pelo Superintendente Cel. Agnello Bittencourt.
Jornal do Commercio, 03/01/1908.
A edilidade. Jornal do Commercio, 11/05/1928.
Mensagem que o Prefeito de Manaos Agronomo Antonio Botelho Maia dirigiu á Camara Municipal em a primeira reunião ordinaria de 15 de abril de 1937.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DUARTE, Durango Martins. Manaus entre o passado e o presente. Manaus: Ed. Mídia Ponto Comm, 2009.
LEÃO, Hamilton de Oliveira. Colônia Oliveira Machado. Manaus: Edições Muiraquitã, 2010.
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