Compreender nossa própria história, a nível local, nos identificarmos como sujeitos históricos e agentes dos processos de transformação do espaço em que vivemos.
Como ensinar a História da cidade de Manaus, a História local, nos anos iniciais? De que forma esses conteúdos podem ser acrescentados à grade curricular educacional, de forma a garantir que se conheça, desde cedo, os elementos de fundação do lugar em que se vive? Analisando essas questões e tentando respondê-las, o acadêmico Gerdeleison Souza Teixeira¹, da UFAM, escreveu o artigo Manaus: Ensino Histórico, o qual é aqui apresentado de forma resumida:
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Como as crianças pensam?
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Como as crianças imaginam o passado?
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Como aprendem a história escrita pelos historiadores?
Para respondê-las é necessário que tomemos o conteúdo de ensino histórico sobre a cidade e façamos uma inclusão na grade curricular determinada pelos documentos oficiais, precisamos apenas de três aulas por bimestre para estimularmos o interesse dos alunos e colocá-los em contato com essa aprendizagem.
Mesmo
utilizando o método tradicional podemos tornar essa aprendizagem
muito interessante, podemos fotografar, processar e problematizar as
fontes históricas em nossa cidade, pois tanto os prédios
históricos, como as praças e demais locais possuem uma história
oficial documentada e de fácil utilização pelo historiador para
preparação de seu Plano de Aula em conformidade com os parâmetros
curriculares.
Temos
o privilégio de podermos manipular as fontes a nossa disposição
que outros historiadores ou pesquisadores podem somente ter as cópias
ou necessitam vir a nossa cidade para poder ter acesso. A utilização
de documentos e monumentos é relacionado por Jacques Le Goff como
formas principais de preservação da memória coletiva e de
preservação científica.
É
preocupante que ninguém tenha observado que não se faz referências
a história da cidade de Manaus em nenhuma das fases desse ensino de
formação do estudante em Manaus e muito menos na universidade, o
mais perto que chegamos é uma história da Amazônia, em suma
somente se a curiosidade de um ou outro aluno for suscitada merecerá
no máximo um breve comentário do professor, as idas aos museus em
nossa cidade são pouco para contar essa história que conta as
nossas origens se faz necessário uma reformulação urgente no
âmbito desse ensino.
No
decorrer de nossa vida escolar o que sabemos sobre nossa cidade é
que estudantes e historiadores a serviço do Estado e da Prefeitura
trabalham em prol de contar a história de nossa cidade para
turistas, enquanto que a maioria da população desconhece a própria
história.
Se
nós queremos preservar a memória de nossa história devemos ter um
debate nos níveis de educação em nosso Estado que proporcione aos
nossos alunos uma ampliação de conhecimento hoje nas mãos de
poucas pessoas.
Basta
relembrarmos a célebre pergunta feita pelo filho de Marc Bloch:
“Para que ensinar história papai?”, para que o ensino de
história se não podemos contar a nossa própria história? a
reflexão sobre a compreensão de nossa história é muito importante
para uma melhor formulação de nossa política educacional, segundo
o professor MSC Bruno Miranda Braga “A História parte do presente
para o passado” o nosso presente, a nossa realidade é Manaus temos
a obrigação como historiadores de incluir essa aprendizagem sobre
nossa cidade no ensino de história e para tanto os anos iniciais são
nosso primeiro desafio para por em prática esse ensino de história.
Mausoléu em memória dos soldados mortos durante o Bombardeio da Cidade de Manaus, em 1910. Foto de 2017.
História
e Educação devem caminhar juntas para a produção e transmissão
de saber histórico, esse ponto é necessário para a realização do
ensino de história sobre a nossa cidade em várias ocasiões temos
exemplos do desconhecimento dessa história, Manaus teve papel
importantíssimo não só na época áurea do ciclo da borracha como
nos primeiros anos da República, o Bombardeio da cidade de Manaus em
1910, o envio de tropas para lutar em Canudos, a revolta da Policia
Militar em 1924, o uso da cidade Manaus como local de pena de
afastamento da capital: Rio de Janeiro para militares, funcionários
públicos e políticos, a própria transferência de unidades
militares do Exército Brasileiro que se envolveram em conflitos em
nossa cidade para outros Estados assim como prisões de militares por
cederem aos motivos políticos, todos esses acontecimentos históricos
são desconhecidos pelos nossos estudantes e pela nossa população,
nossa memória é privativa de poucos e só esse fato deve ser
alarmante visto que um trabalho para mudar esse ponto para surtir
efeito tem de ser a longo prazo e ainda nem demos o primeiro passo em
direção a mudança.
¹ Gerdeleison Souza Teixeira, 44, é acadêmico do curso de História na Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Defendeu o artigo sobre ensino de História na IX Semana de História da Universidade Federal de Roraima (UFRR), de 17 a 21 de julho de 2017. Realiza, em parceria com a acadêmica Ana Karolina Vasconcelos, entrevistas orais com o engenheiro Valderino Damasceno, Diretor do Porto de Manaus.
CRÉDITO DAS IMAGENS:
Commons.wikimedia.org
Gerdeleison Souza Teixeira, 2017
CRÉDITO DAS IMAGENS:
Commons.wikimedia.org
Gerdeleison Souza Teixeira, 2017