sábado, 4 de novembro de 2017

Manaus: Ensino Histórico

Compreender nossa própria história, a nível local, nos identificarmos como sujeitos históricos e agentes dos processos de transformação do espaço em que vivemos.

Como ensinar a História da cidade de Manaus, a História local, nos anos iniciais? De que forma esses conteúdos podem ser acrescentados à grade curricular educacional, de forma a garantir que se conheça, desde cedo, os elementos de fundação do lugar em que se vive? Analisando essas questões e tentando respondê-las, o acadêmico Gerdeleison Souza Teixeira¹, da UFAM, escreveu o artigo Manaus: Ensino Histórico, o qual é aqui apresentado de forma resumida:

O presente trabalho tem como objetivo a discussão sobre a compreensão histórica no tempo, a preservação da memória e o ensino de história nos anos iniciais. Os principais documentos que determinam o ensino no Brasil que são a LDB e os PCNs direcionam o ensino nas séries iniciais como uma história única do nosso País, mas nada impede que nós como profissionais do ensino de história possamos introduzir o ensino sobre a história e a memória de nossa cidade, afinal de contas é fundante que se saiba em primeiro lugar a sua história para compreender a história nacional, para Itamar Freitas em seu livro “Fundamentos Técnico-Metodológicos para o ensino de História (Anos Iniciais)” temos que responder as seguintes questões:

  • Como as crianças pensam?
  • Como as crianças imaginam o passado?
  • Como aprendem a história escrita pelos historiadores?

Para respondê-las é necessário que tomemos o conteúdo de ensino histórico sobre a cidade e façamos uma inclusão na grade curricular determinada pelos documentos oficiais, precisamos apenas de três aulas por bimestre para estimularmos o interesse dos alunos e colocá-los em contato com essa aprendizagem.

Mesmo utilizando o método tradicional podemos tornar essa aprendizagem muito interessante, podemos fotografar, processar e problematizar as fontes históricas em nossa cidade, pois tanto os prédios históricos, como as praças e demais locais possuem uma história oficial documentada e de fácil utilização pelo historiador para preparação de seu Plano de Aula em conformidade com os parâmetros curriculares.

Temos o privilégio de podermos manipular as fontes a nossa disposição que outros historiadores ou pesquisadores podem somente ter as cópias ou necessitam vir a nossa cidade para poder ter acesso. A utilização de documentos e monumentos é relacionado por Jacques Le Goff como formas principais de preservação da memória coletiva e de preservação científica.

É preocupante que ninguém tenha observado que não se faz referências a história da cidade de Manaus em nenhuma das fases desse ensino de formação do estudante em Manaus e muito menos na universidade, o mais perto que chegamos é uma história da Amazônia, em suma somente se a curiosidade de um ou outro aluno for suscitada merecerá no máximo um breve comentário do professor, as idas aos museus em nossa cidade são pouco para contar essa história que conta as nossas origens se faz necessário uma reformulação urgente no âmbito desse ensino.

No decorrer de nossa vida escolar o que sabemos sobre nossa cidade é que estudantes e historiadores a serviço do Estado e da Prefeitura trabalham em prol de contar a história de nossa cidade para turistas, enquanto que a maioria da população desconhece a própria história.

Se nós queremos preservar a memória de nossa história devemos ter um debate nos níveis de educação em nosso Estado que proporcione aos nossos alunos uma ampliação de conhecimento hoje nas mãos de poucas pessoas.

Basta relembrarmos a célebre pergunta feita pelo filho de Marc Bloch: “Para que ensinar história papai?”, para que o ensino de história se não podemos contar a nossa própria história? a reflexão sobre a compreensão de nossa história é muito importante para uma melhor formulação de nossa política educacional, segundo o professor MSC Bruno Miranda Braga “A História parte do presente para o passado” o nosso presente, a nossa realidade é Manaus temos a obrigação como historiadores de incluir essa aprendizagem sobre nossa cidade no ensino de história e para tanto os anos iniciais são nosso primeiro desafio para por em prática esse ensino de história.

Mausoléu em memória dos soldados mortos durante o Bombardeio da Cidade de Manaus, em 1910. Foto de 2017.

História e Educação devem caminhar juntas para a produção e transmissão de saber histórico, esse ponto é necessário para a realização do ensino de história sobre a nossa cidade em várias ocasiões temos exemplos do desconhecimento dessa história, Manaus teve papel importantíssimo não só na época áurea do ciclo da borracha como nos primeiros anos da República, o Bombardeio da cidade de Manaus em 1910, o envio de tropas para lutar em Canudos, a revolta da Policia Militar em 1924, o uso da cidade Manaus como local de pena de afastamento da capital: Rio de Janeiro para militares, funcionários públicos e políticos, a própria transferência de unidades militares do Exército Brasileiro que se envolveram em conflitos em nossa cidade para outros Estados assim como prisões de militares por cederem aos motivos políticos, todos esses acontecimentos históricos são desconhecidos pelos nossos estudantes e pela nossa população, nossa memória é privativa de poucos e só esse fato deve ser alarmante visto que um trabalho para mudar esse ponto para surtir efeito tem de ser a longo prazo e ainda nem demos o primeiro passo em direção a mudança.

¹ Gerdeleison Souza Teixeira, 44, é acadêmico do curso de História na Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Defendeu o artigo sobre ensino de História na IX Semana de História da Universidade Federal de Roraima (UFRR), de 17 a 21 de julho de 2017. Realiza, em parceria com a acadêmica Ana Karolina Vasconcelos, entrevistas orais com o engenheiro Valderino Damasceno, Diretor do Porto de Manaus.
















CRÉDITO DAS IMAGENS:

Commons.wikimedia.org
Gerdeleison Souza Teixeira, 2017

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