domingo, 22 de março de 2020

Dias de Peste: O poema de Álvaro Maia sobre a Gripe Espanhola em Manaus

À esquerda, Álvaro Botelho Maia (1893-1969). À direita, pacientes acometidos pela gripe em Iowa, nos Estados Unidos, em 1918. FONTES: Senado Federal/The Gazette, 2020.


Álvaro Botelho Maia (1893-1969), advogado, professor, escritor e político amazonense, publicou em 1918 no jornal Imparcial, por ocasião da epidemia de Gripe Espanhola em Manaus, o poema Dias de Peste, no qual discorre sobre os impactos da doença no cotidiano da cidade.


DIAS DE PESTE

PARA AFFONSO CUNHA.

I

A risada cortante, o olhar frio, a fronte alta,
marcando a destruição dos destinos humanos,
com o percurso veloz dos grandes aeroplanos,
alada Proserpina, aos volteios resalta...

Decepa, num segundo, o esforço de cem annos...
Cerca-se de anjos máos, o morticinio exalta,
e entorna sobre o mundo a purulenta malta
de venenos subtis, de pestiferos damnos...

Quem, porventura, a enfrenta á alegria não volta...
Segue-lhe o passo errante uma funebre escolta
de microbios lethaes e de invisiveis dardos...

E vae, como quem vae por um bosque em tormenta,
vendo atravez da sombra a alcateia sanguenta
de serpentes e leões, de tigres e leopardos...

II

Os mil deuses da Peste, horrendos semeadores,
exhibindo com furia o agigantado porte,
deslisam pela terra em barbara cohorte
e atiram rudemente as miserias e as dores...

A scena inspira á tela uma pintura forte...
Vê-se ao fundo, ao luzir de fulvos reflectores,
a ferrea picareta á mão dos cavadores,
que abrem vallas triumphaes nos canteiros da morte...

Vão os defunctos, como os bois para os mercados,
em tardos caminhões, ás duzias carregados,
- homens negros de pó, virgens de seios rentes...

E, vendo-os caminhar para o eterno horisonte,
- dantesca procissão nas aguas do Acheronte - 
Todos sentem no corpo o furor dos tridentes...


III

A luz rola em tumulto. O brando luar parece
feito para cobrir um campo de batalha...
O sol, que se despenha em redoirada messe,
jorra no ouro em fusão violencias de metralha...

Neste cyclo de dor, que os nervos atassalha,
quanta belleza extrema os olhos enardece...
Vêde! A renda do luar é uma tenue mortalha;
o sol é um cirio ardente, é a cor ardendo em prece...

Que importa á natureza o nosso amargor triste?
e sossobre a ventura? e corações enviuvem?
e enfraqueça o que vibra? e morra tudo o que ama?

Ah! regresse ao silencio o ideal que ainda existe!
Lua, occulta o esplendor nas dobras de uma nuvem!
Sol, teu deslumbramento é uma ironia em chamma!


IV

Está morta a energia. A ansiedade está morta.
As longas ruas são rios por onde passa,
gemendo em vagalhões, toda a immensa desgraça
de um colosso asphyxiado em fulminea retorta...

Rompendo o isolamento, entreabre-se uma porta...
O quadro é impressionante: á luz tremula e baça, surge a putrefacção nojosa de uma raça,
que em sua formidanda angustia se conforta.

Rondam germens no espaço... Esplendem, céus em fóra,
fogueiras de alcatrão... Buscando um desafogo,
tomba a fronte em vigilia até o alvor da aurora...

E á noite, vista de ao longe, a febrenta cidade
resuscita á lembrança, aos livores do fogo,
a historica visão de uma longinqua idade...


V

Nessas ruas, que são para a embriaguez e o orgulho,
vultos magros se vêm em graves roupas pretas...
- São vencidos e heróes, mendigos e calcetas, 
manas que attingiu o virulento esbulho...

Erguem vozes de dor, como um fundo marulho
de golfos em resáca e enseadas em maretas,
misturando ao rolar fanhoso das carretas
um clamor de penuria, um pungente barulho...

Chegam, ferindo o ouvido, uns rumores soturnos...
Será a alma de Chopin compondo outros nocturnos?
Serão phrases da Biblia ecoando pelo vento?

Não! São os varios sons de soluços e escarros,
o rouquento ranger dos funerarios carros
e as patas dos corceis batendo o calçamento...


VI

Vós, que vistes um dia entregues ao abysmo,
victimas do flagello, almas que foram de ouro,
deixai-as descançar no encanto immorredouro,
ou viver na piedosa uncção do transformismo...

Parai dentro do peito as blasphemias do egoismo,
as torrentes da queixa, as cachoeiras do agouro...
Mudai o soffrimento em radioso thesouro,
em sonhos de trabalho, em hosannas de altruismo...

Fugí, de enxada ao hombro, aos desertos e ás brumas.
Espalhai pelo solo as sementes e as hastes
de orchideas e jasmins, de cedros e sumaúmas...

Que os mortos pagarão, entre bençans celestes, 
pelos brancos pendões o luto que ostentastes,
pelos galhos cantando as dores que tivestes...

Alvaro Maia



FONTE:

Imparcial, 28/11/1918.




domingo, 8 de março de 2020

O gênero das cidades

Desenho de Victoria Katarina. 2019.

Artigo de autoria de Victoria Katarina, acadêmica do 3° período do curso de História na Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

O espaço urbano reflete a sociedade. Se as cidades brasileiras possuíssem características sociais como etnia, poder aquisitivo, gênero e orientação sexual, certamente seriam homens brancos de classe média e heterossexuais. Isso por que muitas experiências urbanas são desconsideradas no planejamento citadino, sobretudo as das mulheres. A cidade se faz através de uma lógica masculina, sem a ótica ou participação do gênero feminino em seu planejamento.

Gênero pode ser tido como um conjunto de regras sociais que implica em normas a partir de diferenças biológicas entre homens e mulheres. Como categoria analítica da realidade social se identifica a partir dos espaços onde se constrói: nas ruas, em casa, no mercado de trabalho. O gênero das cidades aqui é algo metafórico. Pois, de acordo com Calió (1), "As estruturas de dominação racial, sexual e de classe afetam explicitamente a cidade, que não é neutra, que exprime relações sociais e reproduz, espacialmente, as divisões da sociedade na forma de segregação, organizando o espaço e o tempo dos indivíduos.".

Assim, as urbes são locais de produção capitalista e de reprodução cultural. Nesse espaço o homem é agente de todas as mudanças geográficas. Ainda que mulheres sejam maioria da população nas cidades brasileiras, é como se não existissem. À mulher fica reservado o privado, o lar. A casa, posto originalmente feminino, não faz parte das relações sociais de poder.

Além disso, segundo o IBGE, em 2010 cerca de 38% dos domicílios tinham mulheres como responsáveis. Ao longo das últimas décadas as mulheres vêm ganhando lugar no mercado de trabalho, ou seja, saíram do privado para o público. Porém, as cidades não acompanharam essa mudança. A mulher enfrenta um urbano que não lhe pertence nem lhe representa.

Isso ocorre porque o planejamento urbano não leva em conta a perspectiva feminina. A precariedade dos serviços públicos, por exemplo, afeta mais às mulheres do que aos homens. As mulheres despendem 73% a mais de horas no cuidado de outras pessoas e afazeres domésticos do que os homens. É a mulher que está em contato direto com serviços de saúde, transporte e educação.

Em virtude disso, essa multidão invisível precisa conseguir ter acesso à cidade, mas não o faz plenamente por receio, para manter sua integridade física e por barreiras atitudinais que se manifestam de diversas formas: pelo assédio no transporte público, pela falta de iluminação das vias públicas, por não poder amamentar em público. O corpo da mulher é regulado a todo momento.

Portanto, para garantir o livre transitar da mulher nos centros urbanos, é preciso que estas participem das decisões que permeiam a cidade. Por outro lado, em 2017 apenas 10,5% dos assentos na câmara dos deputados eram ocupados por mulheres. O feminino não tem acesso ao poder estatal, posto que as relações de poder envolvem elementos culturais, como gênero e etnia.

Enfim, o debate sobre essa “não-representatividade” envolve dimensões políticas, simbólicas e materiais. Além disso, para que se possa, verdadeiramente, garantir um Estado democrático com igualdade para qualquer gênero, as pluralidades devem ser consideradas ao se pensar políticas públicas.


Referências

(1) CALIÓ, S. A. Incorporando a Questão de Gênero nos Estudos e no Planejamento Urbano. In: Anais... 6o ENCONTRO DE GEÓGRAFOS DE AMÉRICA LATINA, 1997. <http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal6/Geografiasocioeconomica/Geografiacultural/737.pdf> Acesso em 27/03/2019.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas de Gênero Indicadores sociais das mulheres no Brasil. Estudos e Pesquisas - Informação Demográfica e Socioeconômica, n.38, 2018. <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101551_informativo.pdf> Acesso em 03/04/2019.

LEIVA, Tatiana Rojas. Como 'fazer' cidade considerando as diferenças de gênero? ArchDaily, 2017. <https://www.archdaily.com.br/br/867552/como-fazer-cidade-considerando-as-diferencas-degenero>. Acesso em 02/04/2019.

NABOZNY, Almir. Uma discussão sobre gênero e acesso ao espaço urbano: o paradoxo da participação política cívica e da participação no Estado. Revista de História Regional 11(1): 7-28, Verão, 2006.

TORRÃO FILHO, Amílcar. Uma questão de gênero: onde o masculino e o feminino se cruzam. Cadernos pagu (24), janeiro-junho de 2005, pp.127-152.

Maria de Miranda Leão (1887-1976)

Maria de Miranda Leão. Foto de 1935. FONTE: Arquivo Nacional.

Nas breves linhas abaixo pretendi, de forma concisa e mediante pesquisa em fontes jornalísticas, deixar registrada uma pequena biografia de Maria de Miranda Leão (1887-1976), a primeira mulher eleita Deputada Estadual pelo Amazonas.

Maria de Miranda Leão (1887-1976) foi professora, enfermeira, assistente social e a primeira mulher eleita Deputada Estadual no Amazonas (1935-37). Maria iniciou sua carreira em 1922 como funcionária pública do Serviço Federal de Profilaxia Rural do Amazonas. Nesse mesmo ano, em 19 de dezembro, criou a Sociedade de Amparo a Maternidade e Infância, núcleo que deu origem ao Hospital Infantil Casa Dr. Fajardo, do qual foi Presidente Perpétua. Coube a ela, com apoio do Serviço de Profilaxia Rural do Amazonas e do Governo do Estado do Amazonas, na administração de Ephigênio Ferreira Salles, a criação do primeiro preventório do Brasil, voltado para o cuidado dos filhos dos portadores de hanseníase. 

Eleita em 1934, pela Liga Católica, tomou posse como Deputada Estadual em 3 de junho de 1935. Era conhecida como ‘Mãezinha’ por causa dos serviços que prestava em favor de crianças e adolescentes. Em 1940, com apoio do Bispo D. Basílio Manoel Olímpio Pereira, foi para o Rio de Janeiro, onde realizou os cursos de “Ação Católica e Serviço Social” (JORNAL DO COMÉRCIO, 07/06/1970). De volta a Manaus, sugeriu ao Dr. André Vidal de Araújo, Juiz e sociólogo, a criação da Escola de Serviço Social de Manaus, fundada em 1940 e subordinada ao Juízo Tutelar de Menores. Foi, nessa ocasião, nomeada Professora de Assistência Social. Dirigiu, nesse período, o Abrigo Menino Jesus. 

Como Secretária-Geral e Enfermeira Chefe da Cruz Vermelha no Amazonas, ficou encarregada da entrega de correspondências aos prisioneiros de Guerra (japoneses, italianos e alemães). Pelos serviços prestados, foi condecorada por essa instituição. Nas Interventorias de Siseno Sarmento (1946-47), Júlio Nery (1946-46) e no Governo de Leopoldo Neves (1947-1951) foi Diretora do Instituto Benjamin Constant, criando nele a primeira Escola Normal Rural do Amazonas. A Prefeitura de Manaus, em 1957, lhe concedeu o título de Cidadã Benemérita de Manaus.

Além dos trabalhos voltados para a assistência aos menos favorecidos, principalmente para crianças e mulheres, destacou-se no Movimento Feminista, sendo membro da Federação Feminista Amazonense e uma das fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Foi oradora e delegada no 3° Congresso Nacional Feminino, realizado em 1936 no Rio de Janeiro (REVISTA BEIRA-MAR, 31-10-1936). Sobre sua atuação, transcrevo um trecho de seu discurso: “A mulher do Brasil, hoje como ontem, corajosa e destemida, saberá firmar, diante dos povos cultos, as suas prerrogativas de patriotismo sadio, fé pura e robusta. Nessa hora decisiva de nossa Patria, de nossa civilização, seremos a atalaia vigilantes das tradições, fé e costumes da nacionalidade. Em defesa de nossos ideais, tomaremos uma atitude clara e definida, no lar, na sociedade, onde quer que o dever nos leve” (JORNAL DO BRASIL, RJ, 18/10/1936). Tentou a reeleição, pelo Partido Social Democrático (PSD), em 1947, não obtendo êxito. 

Em 1969, com 82 anos de idade, dos quais 47 foram dedicados aos cuidados dos mais pobres, recebeu da Prefeitura de Manaus a ‘Medalha Cidade de Manaus’. Faleceu em 16 de fevereiro de 1976 aos 89 anos. Um de seus registros mais nítidos foi feito em 20/06/1935, sendo endereçado a líder feminista e bióloga Berta Lutz (1894-1976). Um estudo mais apurado, monográfico, de sua trajetória política, seria de grande valor para a reconstituição do movimento feminista no Amazonas.


FONTES:

Jornal do Comércio, 07/06/1970.

Jornal do Brasil, RJ, 18/10/1936.

Beira-Mar, RJ, 31/10/1936.

sábado, 7 de março de 2020

Anjinhos Inocentes: A Morte Infantil no Amazonas entre os séculos XIX e XX


Artigo publicado no volume 3 da Manduarisawa, Revista Eletrônica Discente do Curso de História da Universidade Federal do Amazonas. Link para a leitura do artigo na revista:



Fábio Augusto de Carvalho Pedrosa


RESUMO:


As representações sobre a criança e a infância sofreram mudanças profundas no Ocidente. Passaram da indiferença medieval aos cuidados da modernidade burguesa. Essas mudanças tiveram como pano de fundo a mortalidade. Se no período medieval as crianças morriam em grandes quantidades, sendo logo substituídas por outras, no período moderno e na contemporaneidade, os avanços tecno científicos, a valorização da individualidade, da constituição da família burguesa, aumentaram a expectativa de vida. A morte de uma criança passou de fato corriqueiro à tragédia. No Brasil oitocentista e até meados do século XX, existia um rico universo simbólico sobre a morte infantil. As crianças eram vistas como anjos que rogariam por seus familiares no outro mundo, o que amenizava a perda física. No presente artigo busca-se apreender esse universo de crenças entorno da morte infantil no Amazonas. A partir da análise de diferentes fontes, documentos oficiais, publicações fúnebres em jornais e artefatos mortuários, foram apresentadas as concepções sobre a morte infantil no Amazonas, as permanências e rupturas de crenças e práticas entre os séculos XIX e XX.

Palavras-chaves: Morte; Infância; Amazonas.

ABSTRACT:

Representations of children and childhood have undergone profound changes in the West. They passed from medieval indifference to the care of bourgeois modernity. These changes had against the backdrop of mortality. If in the medieval period the children died in large quantities, and soon replaced by others, in the modern period and in the contemporaneity, the techno-scientific advances, the valorization of the individuality, of the constitution of the bourgeois family, increased the life expectancy. The death of a child has, in fact, passed by the tragedy. In nineteenth-century Brazil and until the mid-twentieth century, there was a rich symbolic universe about infant death. The children were seen as angels who would pray for their families in the other world, which softened the physical loss. In the present article we seek to apprehend this universe of beliefs surrounding infant death in Amazonas. From the analysis of different sources, official documents, funeral publications in newspapers and mortuary artifacts, the conceptions about infant death in Amazonas were presented, the permanences and ruptures of beliefs and practices between the nineteenth and twentieth centuries.

Keywords: Death; Childhood; Amazonas.


Concepções sobre a infância e a morte infantil no Ocidente

As representações sobre a criança e a infância, no Ocidente, sofreram mudanças significativas desde a Idade Média. Seu principal estudioso e expoente, o historiador francês Philippe Ariès, analisou essas transformações. No período medieval, a criança era vista como um adulto em miniatura, que logo que tivesse se constituído fisicamente e dado seus primeiros passos, era incorporada a sociedade, aos trabalhos manuais. Concorria para isso a alta taxa de mortalidade infantil no período. A sensibilidade, quando da morte de crianças, praticamente não existia, dada a quantidade de falecimentos. Nas palavras de Ariès, “[…] a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou à falta de habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância nesse mundo”1.

No entanto, Ariès afirma que existia um sentimento, só que superficial, o qual ele denominou de ‘paparicação’. Em seus primeiros anos a criança era tratada como um pequeno animal, um ser engraçado que a todos divertia. “Se ela morresse então, como muitas vezes acontecia, alguns podiam ficar desolados, mas a regra geral era não fazer muito caso, pois uma outra criança logo a substituiria. A criança não chegava a sair de uma espécie de anonimato”2.

A própria definição de um termo para essa fase da vida era imprecisa entre os sábios medievais. Não se chegava a um concesso de classe, gênero e outros elementos. De acordo com os historiadores Carlos Eduardo Ströher e Cássia Simone Kremer, isso se dava porque “[…] a própria noção de tempo, para os medievais, não era relevante”3. A preocupação com a delimitação de fases da vida, principalmente a infância, é tardia.

A ruptura, ainda que gestada lentamente, representada pela Modernidade, entre os séculos XVI e XVIII, faz surgir um novo tipo de mentalidade em relação à criança. Nas cidades, impregnadas agora por valores burgueses, pela valorização da individualidade, da privacidade e da racionalidade, a criança começa a receber cuidados, tanto referentes à instrução como à manutenção de sua vida. Os adultos, as famílias, percebem que elas possuem necessidades específicas. Começam a surgir os estágios da infância como conhecemos na contemporaneidade. Segundo a historiadora Beatriz de Moraes Salles Formigoni,

“Novos comportamentos familiares se estabelecerão devido ao novo interesse sobre si mesmo e à decadência do compromisso da linhagem (característico da Idade Média). Busca-se preservar a saúde, a vida, a personalidade, pois “meu corpo é meu”, porém perpetua-se a vida pelo nascimento dos filhos. Daí nasce a preocupação dos pais sobre a criança em amá-la como ela é”4.

É nesse período que surgem os primeiros manuais sobre como educar as crianças, destacando-se os trabalhos do teólogo e humanista holandês Eramos de Roterdã (1466-1536), De Pueris (Dos Meninos) e De Civilitate Morum Puerilium (A Civilidade Pueril). Erasmo via a educação como um meio de aperfeiçoar o ser humano, devendo ser incentivada desde tenra idade e jamais negligenciada, tanto no âmbito familiar quanto no escolar5.

O controle dos corpos, das atitudes, postos em prática pelo Estado e pela Igreja, principalmente pela administração da educação pública, sempre vigilantes a qualquer sinal de desvio, e os cuidados da nova família burguesa, vão surtindo efeito, mesmo que pelo controle, na sobrevida daqueles que, pelo menos um ou dois séculos antes, morriam em grandes quantidades.

A partir da segunda metade do século XIX, com a intensificação da industrialização, o crescimento e urbanização das cidades, da corrida capitalista por áreas de exploração e consumo, surgem novas descobertas que melhoram a vida de parte da população, possibilitando, se comparado com períodos anteriores, um aumento na qualidade e expectativa de vida. A historiadora italiana Claudia Pancino, em estudo sobre a criança e a morte na Idade Moderna, afirma que, graças a essas novas condições,

“Na família, a criança passará a ser considerada pouco a pouco mais importante, o batismo será celebrado alguns dias após o nascimento. Será preciso ainda um século para que melhores condições comecem a tornar a morte de uma criança cada vez mais excepcional, e insuportável”6.

Permeia essas mudanças, o surgimento de sentimentos de afetividade em relação a criança, como pôde ser visto, a morte. Tais transformações, no entanto, não ocorreram de forma unificada ao redor do mundo. No Brasil oitocentista, e até mesmo mais tardiamente, no século XX, existia um rico universo de ritos fúnebres e atitudes diante da morte com origens no período colonial. Homens e mulheres de diferentes estratos sociais, mergulhados em um catolicismo popular que mesclava crenças ameríndias e africanas, cuidavam de seus mortos, participando de todos os processos (preparação do corpo, escolha da roupa, velório e enterro) para que fosse feita uma passagem sem problemas para o outro mundo, ou para que a estadia no Purgatório resultasse na entrada no Paraíso. A morte de uma criança ainda não havia se transformado em uma tragédia como passara a ser encarada em meados do século XX.

A criança, no Brasil colonial, assim como ocorria na Europa, era vista como um pequeno adulto. As crianças escravas, órfãs, abandonadas e pobres logo adquiriam um ofício, atuando como trabalhadores compulsórios nos meios urbano e rural. Os filhos da elite recebiam uma educação erudita, pois dessa forma poderiam se apropriar de trabalhos burocráticos e aumentar o patrimônio familiar. Apesar dessa enorme diferença de realidades, ambas eram tratadas com indiferença. Se a vida apresentava-se árdua, na morte essas crianças recebiam um melhor tratamento, sendo associadas e idealizadas como anjinhos.

De acordo com o historiador e sociólogo Gilberto Freyre, em Casa Grande & Senzala, a crença de que as crianças batizadas que morriam tornavam-se anjos têm origem com os jesuítas no primeiro século da colonização. Diante da alta mortalidade infantil, principalmente entre indígenas, os padres jesuítas “[…] talvez para atenuar entre os índios o mau efeito do aumento da mortalidade infantil que se seguiu ao contato ou intercurso em condições disgênicas, entre as duas raças, tudo fizeram para enfeitar ou embelezar a morte da criança”7. É considerável o peso do catolicismo no surgimento dessa crença que teve uma longa sobrevida. Em 1825, o viajante francês Du Petit Thouars registrou o seguinte sobre o velório de uma criança em Santa Catarina:

“[…] Vi, no fundo da sala, um estrado sobre o qual estava disposta no altar uma criancinha, cercada de lírios e vasos com flores; tinha o rosto descoberto e estava ricamente vestida, tendo na cabeça uma coroa de sempre-vivas e um ramo na mão”. Em volta do altar com o meninozinho morto, esteiras; e ajoelhadas sobre as esteiras, mulheres em trajos de festa, cantando. Depois houve até danças alegres”8.

No presente artigo busca-se apreender esse universo de crenças entorno da morte infantil no Amazonas. A partir da análise de diferentes fontes, documentos oficiais, publicações fúnebres em jornais e artefatos mortuários, foram apresentadas as concepções sobre a morte infantil no Amazonas, as permanências e rupturas de crenças e práticas entre os séculos XIX e XX.


Morte infantil no Amazonas nos séculos XIX e XX


Em 1869, o Capitão e Inspetor da Tesouraria da Fazenda Provincial José Justiniano Braule Pinto e sua esposa, D. Carolina de Lemos Braule Pinto, perderam a filha Carolina. A romaria até o cemitério público de Manaus, mesmo sob forte chuva, foi bastante concorrida, tendo sido acompanhada pela música dos alunos do Instituto dos Educandos Artífices. Os articulistas do jornal Amazonas publicaram uma nota de pesar, associando-se “á dôr funda que lhe punge o coração”, e lembravam o casal de que deveriam ficar resignados “pela gloria de levarem ao Throno do Eterno mais esse cherubim, que vai gozar no céo da bemaventurança ao lado de Deos”9. As crianças, incapazes de pecar e por isso puras, eram vistas como pequenos anjos que, ao morrer, eram logo incorporados ao reino divino. Não é de se estranhar, conforme assinala o historiador José Carlos Reis, que estudou o cotidiano da morte no Brasil oitocentista, que fosse comum “[…] considerar positivo que as famílias contassem com anjos familiares que as protegessem”10.

O historiador Luiz Lima Vailati, em estudo comparativo sobre as representações da morte infantil no Rio de Janeiro e na Inglaterra no século XIX, vai mais além, buscando outras explicações para essa ideia de aceitação em torno da morte infantil, listando três elementos para a sua compreensão:

“Em primeiro lugar, encontra-se o entendimento de que a morte infantil é um privilégio, pois ao morrer na condição de criança esta tem sua salvação garantida. Em segundo, aparece a convicção de que lamentar a morte de crianças é protestar contra a vontade de Deus que, como lembrou no texto sagrado, tem especial preferência na companhia destas. Por fim, há a ideia de que a criança morta é uma intercessora entre aqueles que a amaram aqui na terra e as potências celestes, significando assim um trunfo inestimável para a proteção dos familiares em vida e salvação destes na morte”11.

Luís da Câmara Cascudo, historiador e folclorista, identifica essa tradição, no Brasil, como sendo de origem portuguesa, pois em terras lusitanas, além dos aspectos elencados por Vailati, a morte infantil era encarada até mesmo com festividades. Câmara Cascudo denominou essa tradição de “uma sime indiferença conformada pela morte das crianças”12.

No município de Tauapessassu, em 1885, o inocente João da Matta, filho de Bruno da Costa Fonseca, após passar alguns dias doente, “voou ao céo cheio de alegria á abraçar outros anjos, que de braços abertos o encontrarão”, sendo “mais um anjo que irá ter com Deus rogar pela felicidade de seus pais cá na terra”. O autor desse informe fúnebre pediu “bastante resignação com a vontade do Altíssimo13, o que nos lembra da passagem de Vailati, segundo a qual deveria ser respeitada a vontade divina. Esses aspectos também apareciam em ocasiões inusitadas, como em uma nota cômica publicada no jornal Comércio do Amazonas em 1900. A irmã de uma criança que tinha morrido perguntou da mãe para onde a tinham levado. A mãe explicou que ela tinha ido para o cemitério, pois tinha se tornado um anjinho de Deus. A criança, ainda com dúvidas, disse “então, mamãe, quando Deus precisa de anjinhos no céo encommenda ao doutor?”14.

A ideia de um reino divino formado por vários anjinhos é vista em outras publicações fúnebres como as que foram dedicadas à filha de José Justiniano e Carolina de Lemos e ao filho de Bruno da Costa, assemelhando-se a uma contabilidade espiritual. O comerciante James Baird, em 1885, “passou […] pelo desgosto de perder um seu interessante filhinho”, que foi “[…] mais um anjo que sobe ás regiões celestes”15. Mais um, mais dois. Esses anjinhos diariamente iam para essas regiões celestes, sendo representados da forma como são imaginados os anjos, seres alados. Assim fizeram o inocente Elyseo, que às 3:30 da madrugada de 09 de outubro de 1893, “voou à Mansão Celestial”16; e, anos antes, a pequena América, que em 1885 “passou á celestial mansão para entoar o harmonioso côro divino”17.

O historiador paranaense Juarez José Tuchinski dos Anjos, que estudou as representações da infância na imprensa periódica da Província do Paraná (1854-1889), afirma que na imprensa era comum o repertório de adjetivos que representavam as crianças como seres dóceis, inteligentes, amáveis e inocentes. Elas não eram inocentes apenas por terem morrido, explica Tuchinski,

“[…] mas porque morreram na infância, antes de alcançar a vida adulta [...]. Era esse tempo da vida que lhes conferia em particular essa qualidade que as tornava prontas a desenvolverem todas as demais virtudes que, agora, por meio da redação do jornal, ornavam suas mimosas coroas fúnebres”18.

Foi com adjetivos semelhantes a esses citados por Tuchinski que Carolina foi lembrada pelo jornal Amazonas em 1869, uma criança com um “angelico typo de espirito, meiguice e doçura”. Outra forma de expressão encontrada pelos jornais eram os poemas, como o que foi dedicado ao pequeno Alcides, de Parintins, em 1890:

“Alcides querido.
Creança mimosa.
Perdida esperança
De Mãe carinhosa.

Botão de açucena
(No seio plantada
De mãe extremosa
De pranto orvalhada)

Que o vento da morte
Tão cedo arrancou;
Mas cujo perfume
No ceo trescalou.

Lá entre os anginhos
No throno de Deus,
Supplica ventura
E paz para os teus”19.

Esse imaginário também está representado na cultura material, nesse caso nos artefatos funerários. Na quadra 04 do Cemitério São João Batista, onde estão enfileirados os túmulos do antigo Cemitério de São José (1856-1891), o túmulo das crianças Antonio Nery da Fonseca (1851-1861) e Lucrecia (1876-1876) é bastante significativo a esse respeito. Em seu epitáfio lê-se o seguinte: “Aqui jazem os frios restos dos dois innocentes. Antonio Nery da Fonseca, filho do Ten. Cel. João Evangelista Nery da Fonseca e de D. Maria Leopoldina Nery da Fonseca. Nascido a 30 de […] de 1851. Fallecido a 9 de janeiro de 1861. E Lucrecia, nascida em 1 e fallecida a 22 de fevereiro de 1876. Filha do Cap. de Mar e Guerra Nuno Alves Pereira de Mello Cardoso e de D. Maria Leopoldina de Mello Cardoso. Suas almas no céu oram a Deus por seus paes”. No topo desse monumento funerário, as esculturas de dois pequenos anjos, sentados em nuvens, rogam aos céus por seus pais. Além disso, chamam a atenção os laços familiares. João Evangelista Nery da Fonseca era sogro de Nuno Alves Pereira de Mello Cardoso, este casado com a filha de João, Maria Leopoldina de Mello Cardoso. Dessa forma, Lucrecia era neta de João Evangelista. Antonio Nery da Fonseca, filho de João Evangelista, era irmão de Maria Leopoldina de Mello Cardoso, cunhado de Nuno Alves Pereira e tio de Lucrecia.

Imagem 01: Túmulo de Antonio Nery da Fonseca (1851-1861) e Lucrecia (1876). FOTO: Fábio Augusto, 2019.

Essas concepções acerca da morte infantil, características do Brasil no século XIX, chegaram ao século XX. É de Lábrea uma interessante publicação fúnebre sobre a morte de uma criança, com características (modelo, adjetivos etc) de textos da segunda metade do século XIX:

“Um anjo que evola

Envolvido em diaphanos véos de neve, subio ao empyreo a innocentinha – Almerinda – dilecta filha do Coronel Manoel C. Paiva e D. Almerinda A. Paiva. Bem sabemos que no coração de sua desolada mãe, abrio-se uma chaga de difficil cicatrisação; seu pai, ferido com a perda sensível de um pedaço de sua alma chora no intimo, cujo reflexto se manifesta exteriormente em sua phisionomia abatida.

Nós que lhes dirijimos estas sentidas linhas, compartilhando dessa dôr, só temos palavras de conforto para os pais desse anjinho, que formando côro, entôa hymnos a Deus, ao tom de notas divinas proferidas por clarins seraphicos.

Labrea, 26-05-09.

José Tote”20.

Os articulistas do jornal O Javary, de Benjamin Constant, em 1916, dedicaram o texto Para o Zenith a menina Cecília, filha de Candido Clóvis de França, gerente do periódico, morta em 22 de agosto daquele ano. A criança foi descrita da seguinte forma: “Cecilia era uma creancinha meiga, inteligente e bella, deixou, pois, o seu inopinado desapparecimento um vacuo irremediavel, uma saudade eterna”. Nesse texto são inexistentes quaisquer resquícios de uma possível compensação espiritual diante da morte da criança, pois no texto não existem tentativas de amenizar a partida de Cecília. No máximo

“os corações de seus queridos paes sentiram a lembrança suave e ao mesmo tempo triste da pequenina creatura que lhes era cara, a saudade mais pungente, a dor mais angustiosa porque o riso leve e silencioso da linda e graciosa pequenita era o raio de sol vivificador daquelle tecto feliz, o effluvio radioso que lhes illuminava a vida”21.

A preparação do corpo da criança, assim como dos mortos em geral, para o velório e sepultamento, era uma preocupação constante, pois acreditava-se que a forma como seria enterrado seria a mesma em que se chegaria no outro mundo. “Essa concepção estava de tal modo enraizada, que muitos, ao elaborarem seus testamentos, procuravam informar qual seria sua última roupa”. As crianças não escreviam testamentos, mesmo assim não eram enterradas de qualquer forma. Predominava nas vestimentas fúnebres a cor branca, que segundo Vailati, além de simbolizar a cor a que eram associados os mártires nos primeiros tempos do Cristianismo (posteriormente substituída pela cor vermelha), também era o símbolo da alegria, “[…] da inocência e da pureza virginal”22.

Esses cuidados com o corpo da criança após a morte poderiam até mesmo virar caso de polícia. Os articulistas do jornal O Pimpão, em 1911, denunciaram um homem, em Manaus, por abandono de incapaz. Além deixar a criança, uma menina de nome Nenê, abandonada, os repórteres desse jornal descobriram que “a innocente morreu pagã, sem registro civil e sem o embellezamento de anjo”23.

É nesse mesmo período, no século XX, de pesadas intervenções sanitárias nas cidades brasileiras, que contribuem para a diminuição dos índices de mortalidade24, principalmente a infantil, que a criança vai aos poucos deixando de ser representada como um ser celeste. As notícias sobre o falecimento delas tornam-se cada vez mais resumidas, sem os adjetivos e modelos textuais característicos da segunda metade do século XIX. A morte infantil, finalmente, assume o tom único de tragédia. Em 1935, o governo do Estado do Amazonas observou, “em gelada perplexidade”, que no Cemitério São João Batista, em Manaus, foram sepultadas de 1891 a 1935, 35.903 crianças com idade até 9 anos, “percentagem aterrorisante numa cidade de media de 50.000 habitantes”25. (Por algum motivo, talvez erro na formatação da versão para publicação final, esse parágrafo foi suprimido no artigo da revista. Aviso aos editores da revista).

A mudança também fica evidente na arte funerária. Nos túmulos as crianças deixam de ser representadas como anjos que rogam a Deus por seus familiares. As esculturas de anjos que as acompanham estão em posição de proteção, como se rogassem pela proteção das próprias crianças. A associação com a figura do anjo, no entanto, continua, como se fosse um resquício da crença antiga. É um exemplar interessante o túmulo de Cleomenes Borges, nascido em 8 de julho de 1912 e falecido em 9 de janeiro de 1913. A criança, entre cortinas abertas, é representada em alto-relevo em seu leito de morte. Ao seu lado, um criado-mudo sustenta um candelabro com uma vela que acabou de se apagar, simbolizando o fim daquela vida. Do topo do túmulo projeta-se um anjo adulto, segurando um ramo de palma sobre o relevo de Cleomenes Borges.

Imagem 02: Parte inferior do túmulo de Cleomenes Borges (1912-1913). FOTO: Fábio Augusto, 2019.

Imagem 03: Parte superior do túmulo de Cleomenes Borges (1912-1913). FOTO: Fábio Augusto, 2019.

CONCLUSÃO

Portanto, as concepções e visões de mundo sobre a morte infantil, no Amazonas, sofreram profundas mudanças entre a segunda metade do século XIX e o século XX. A partir da leitura de fontes escritas, principalmente dos anúncios fúnebres, necrológios e outros tipos de homenagens publicados em jornais da capital e do interior, constatou-se que o sentimento ambíguo de perda física e compensação espiritual (anjos protetores da família), dentro da crença popular fortemente arraigada na população no século XIX, com origens no período colonial através do catolicismo popular, deu lugar à tragédia pela perda de um ente que não teve a oportunidade de atravessar todas as fases da vida, evidenciada nos anúncios cada vez mais resumidos e sem idealizações espirituais positivas e nas falas dos administradores públicos, que começaram a encarar o assunto como um problema a ser enfrentado dentro do contexto das transformações urbanas e avanços científicos que passaram a prolongar a expectativa de vida.

Isso também ficou evidente na análise dos artefatos mortuários infantis (túmulos e jazigos) existentes no antigo Cemitério de São José (1856-1891) e no Cemitério São João Batista (1891), cujas formas e inscrições acompanharam tal mudança. Deve-se pontuar, no entanto, que a associação com a figura do anjo permanece, pelo menos nas esculturas que representam as crianças falecidas como tal ou nas esculturas dos anjos que as protegem nos túmulos e jazigos, sendo um indício de como as mentalidades são resistentes às mudanças.


FONTES

PERIÓDICOS:

Amazonas, 21/10/1869.
Jornal do Amazonas, 06/11/1885.
Comércio do Amazonas, 25/11/1900.
Jornal do Amazonas, 04/01/1885.
Amazonas, 10/10/1893.
A Província, 27/09/1885.
Amazonas, 23/09/1890.
Correio do Purus, 30/05/1909.
O Javary, 29/08/1916.
O Pimpão, 20/08/1911.

DOCUMENTOS OFICIAIS:

Estado do Amazonas. Mensagem lida perante o Congresso dos srs. Representantes por occcasião da Abertura da 2° Sessão ordinaria da 4° Legislatura pelo Exm. Sr. Dr. Governador do Estado Silverio José Nery em 10 de julho de 1902.

Estado do Amazonas. Mensagem do Governador Álvaro Botelho Maia á Assembléa Legislativa, na abertura da sessão ordinaria, em 3 de Maio de 1936.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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__________________. As fotografias de anjos no Brasil do século XIX. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N° Sér. v. 14. n. 2. 51-71. jul.-dez. 2006.


NOTAS:

1 ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Tradução de Dora Flaksman. 2° ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986, p. 50.

2 Ibidem, p. 10.

3 STRÖHER, Carlos Eduardo; KREMER, Cássia Simone. A Infância na Idade Média (séc. XIV ao XVI): Discussões Pertinentes. Unioeste. Revista Travessias: Pesquisas em Educação, Cultura, Linguagem e Arte. v.1, n. 1, 2007, p. 4.

4 FORMIGONI, Beatriz de Moraes Salles. Da idade média a idade moderna: um panorama geral da história social e da educação da criança. Temas em Educação e Saúde, [S.l.], v. 6, mar. 2017. ISSN 2526-3471. Disponível em: <https://periodicos.fclar.unesp.br/tes/article/view/9523/6313>. Acesso em: 20 de abril de 2019. doi: https://doi.org/10.26673/tes.v6i0.9523.

5 ROTERDÃ, Erasmo de. De Pueris (Dos Meninos) e A Civilidade Pueril. Tradução de Luiz Feracine. São Paulo: Editora Escala, 2006.

6 PANCINO, Claudia; SILVERIA, Lygia. “Pequeno demais, pouco demais”. A criança e a morte na Idade Moderna. Cad. hist. ciênc., São Paulo, v. 6, n. 1, Julh. 2010. Disponível em: <http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-76342010000100010&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 22 de abril de 2019.

7 FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala: Formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 48° ed. São Paulo: Global, 2003, p. 203.

8 ________________. Sobrados e mucambos: Decadência do patriarcado rural e desenvolvimento do urbano. 15° ed. São Paulo: Global, 2004, p. 178.

9 Amazonas, 21/10/1869.

10 REIS, José Carlos. “O Cotidiano da Morte no Brasil Oitocentista”. In: ALENCASTRO, Luiz Felipe de (Org.). História da Vida Privada no Brasil. 2. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 113.

11 VAILATI, Luiz Lima. Representações da Morte Infantil durante o século XIX no Rio de Janeiro e na Inglaterra: Um esboço comparativo preliminar. Revista de História, São Paulo, n° 167, p. 261-294, julho/dezembro 2012, p. 275.

12 CASCUDO, Luís da Câmara. Superstição no Brasil. São Paulo: Global Editora e Distribuidora Ltda, 2015, p. 27. Nesse livro Câmara Cascudo analisa diferentes superstições existentes na sociedade brasileira, dentre elas as que se referem aos mortos, ainda bastante fortes no interior das regiões Norte e Nordeste, onde o processo de completa ruptura com as práticas funerárias ainda não se concretizou.

13 Jornal do Amazonas, 06/11/1885.

14 Comércio do Amazonas, 25/11/1900.

15 Jornal do Amazonas, 04/01/1885.

16 Amazonas, 10/10/1893.

17 A Província, 27/09/1885.

18 ANJOS, Juarez José Tuchinski dos. Anjinhos e Diabinhos: Representações da Infância na Imprensa Periódica do Paraná Provincial (1854-1889). XIV Encontro Regional de História. Unespar, 2014, p. 1373.

19 Amazonas, 23/09/1890.

20 Correio do Purus, 30/05/1909.

21 O Javary, 29/08/1916.

22 VAILATI, Luiz Lima. As fotografias de anjos no Brasil do século XIX. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N° Sér. v. 14. n. 2. 51-71. jul.-dez. 2006, p. 58-60.

23 O Pimpão, 20/08/1911.

24 Em 1900 faleceram em Manaus 2.519 pessoas. Em 1901, 1.309. “Pela comparação entre os numeros dos fallecidos em 1900 e 1901 vê-se que nesse ultimo anno em muito foram melhoradas as nossas condições de salubridade, o que nos induz crêr que em grande parte tem influido a execução das medidas sanitarias postas em vigor”. Estado do Amazonas. Mensagem lida perante o Congresso dos srs. Representantes por occcasião da Abertura da 2° Sessão ordinaria da 4° Legislatura pelo Exm. Sr. Dr. Governador do Estado Silverio José Nery em 10 de julho de 1902, p. 68.

25 Mensagem do Governador Álvaro Botelho Maia á Assembléa Legislativa, na abertura da sessão ordinaria, em 3 de Maio de 1936, p. 128.