quinta-feira, 20 de maio de 2021

Podcast ep. 03 - A Ilusão do Fausto - Manaus 1890-1920

 


Nesse terceiro episódio falo sobre o livro 'A Ilusão do Fausto - Manaus 1890-1920', da historiadora Edinea Mascarenhas Dias. Lançado em 1999, fruto de dissertação de Mestrado defendida pela autora em 1988 na PUC-SP, tornou-se um divisor de águas na historiografia amazonense. Confiram.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Palacete Mourisco da Praça da Saudade, em Manaus

Palacete Mourisco, no Centro de Manaus. FOTO: Hyago Sena, 2014.

O Palacete Mourisco está localizado entre as ruas Simon Bolívar e Ferreira Pena, na Praça da Saudade, no Centro de Manaus. Foi construído em 1908 para ser residência do empresário e Engenheiro-Arquiteto Carlos de Castro Figueiredo, Presidente, Gerente e sócio majoritário do antigo Banco Amazonense, fundado em 1903 no Governo de Silvério Nery e popularmente conhecido como 'Banco de Tostão'. O banco, cuja boa parte dos acionistas eram empresários ligados à exportação de borracha, faliu em 1914 (Jornal do Commercio, 04/02/1914, p. 02; Jornal do Commercio, 15/04/1914, p. 01). De acordo com Agnello Bittencourt, em seu Dicionário Amazonense de Biografias (1973), Carlos de Castro Figueiredo nasceu em Belém, no Pará, em 18 de abril de 1865, tendo falecido no Rio de Janeiro em 27 de janeiro de 1927 (BITTENCOURT, 1973, p. 162).

Ao longo de sua História o palacete teve diferentes usos. No livro Manaus: Memória Fotográfica, produzido pelo Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) em 1985, afirma-se que ele foi gabinete do vice-governador, sede da Reitoria da Universidade do Amazonas, atual UFAM, e das Secretarias de Educação e Segurança Pública (IGHA, 1985, p. 57). Sua última função foi como sede da ESMAM (Escola Superior de Magistratura do Amazonas).

Em jornais de época descobriu-se que a partir do dia 01 de janeiro de 1914 Carlos de Figueiredo passou a alugar sua residência para funcionar como sede das audiências do Juizado Federal do Amazonas (Jornal do Commercio, 30/12/1913, p. 02). Em 1943 o Estado o adquire para instalar em suas dependências o Departamento de Educação e Cultura (Jornal do Commercio, 02/01/1944, p. 38; Exposição, 05/1943-07/1944, p. 29). O prédio estava avaliado em 300 mil cruzeiros, mas foi adquirido por 100 mil (Exposição, 05/1942-05/1943, p. 87). De acordo com relatos de descendentes, nele também residiu o teatrólogo e escritor paraense Benjamin Lima (1885-1948)

O Palacete Mourisco na época em que foi sede do Departamento de Educação e Cultura. FONTE: Álbum da Cidade de Manaus, 1848-1948 (Biblioteca Mário Ypiranga - CCPA).

A Reitoria Universidade do Amazonas funcionou nele de 1965 a 1971. A partir de 1975 passou a sediar a Secretaria de Estado de Segurança Pública. Em 1999 é instalada no prédio a Escola Superior de Magistratura do Amazonas (ESMAM), criada em 1997 (INSTITUCIONAL, s. d.). Em 2008 a ESMAM muda de endereço (INSTITUCIONAL, s. d.; ESMAM, 06/05/2019, s. p.) e, em 2015, o Poder Judiciário entrega o palacete à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC-AM). Atualmente ele encontra-se sem uso, abandonado, sendo alvo de depredações.

O Palacete Mourisco na época em que foi sede da ESMAM. Foto de 2003. FONTE: Acervo de Francisco Rodrigues (fanpage Manaus Sorriso).

Ele é um dos mais belos palacetes da cidade, erguido na fase de ouro do período da economia gomífera e um dos raros exemplares de arquitetura com influência árabe em Manaus. Sobre seu estilo arquitetônico, o memorialista Luiz de Miranda Corrêa, no livro Roteiro Histórico e Sentimental da Cidade do Rio Negro (1969), registrou que ele

"[...] é de um art-nouveau depuradíssimo com portas e janelas mouriscas. Traça a indicar mestre de obras português inspirado nos orientalismos da moda e em certo saudosismo ibérico. O pé direito desmesurado dos andares lhe prejudica o equilíbrio externo, mas se as proporções não foram respeitadas, garantiram, no todo, grandeza um tanto antiquada mas, sem dúvida, de casa nobre" (CORRÊA, 1969, p. 41-42).

Agnello Bittencourt, em obra já citada, escreveu que "O Dr. Figueiredo, um homem finamente educado, fixou residência em Manaus, construindo aí, à esquina de uma praças mais lindas, um palacete que é um encanto de arquitetura, como somente poderia executar um mestre na especialidade (atualmente Reitoria da Universidade)" (BITTENCOURT, 1973, p. 162).

Em sua sugestão de prédios manauaras para futuros estudos histórico-arquitetônicos, o historiador e artista plástico Otoni Moreira de Mesquita refere-se à construção como "o prédio neo-árabe (1908) localizado na esquina da rua Simão Bolívar com a rua Ferreira Pena, onde há algum tempo funcionou a Secretaria de Segurança Pública" (MESQUITA, 2006, p. 269). Por 'neo-árabe' pode-se compreender a reformulação e resgate da arquitetura árabe produzida na Península Ibérica.


FONTES:


Jornal do Commercio, 30/12/1913.

Jornal do Commercio, 04/02/1914.

Jornal do Commercio, 15/04/1914.

Jornal do Commercio, 02/01/1944.

Exposição ao Excelentíssimo Senhor Doutor Getúlio Vargas, Presidente da República, por Álvaro Maia, Interventor Federal. Maio de 1942, maio de 1943.

Exposição ao Excelentíssimo Senhor Doutor Getúlio Vargas, Presidente da República, por Álvaro Maia, Interventor Federal. Maio de 1943, julho de 1944.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


BITTENCOURT, Agnello. Dicionário Amazonense de Biografias: Vultos do Passado. Rio de Janeiro: Conquista, 1973.

CORRÊA, Luiz de Miranda. Roteiro Histórico e Sentimental da Cidade do Rio Negro. Manaus: Artenova, 1969.

ESMAM já está funcionando em novas instalações no Centro Administrativo Desembargador José Jesus Ferreira Lopes. TJAM, 06/05/2019. Disponível em: https://www.tjam.jus.br/index.php/esmam-noticias/2303-esmam-ja-esta-funcionando-em-novas-instalacoes-no-centro-administrativo-desembargador-jose-jesus-ferreira-lopes. Acesso em 10/05/2021.

INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DO AMAZONAS. Manaus: memória fotográfica. Manaus: SUFRAMA, 1985.

INSTITUCIONAL. A ESMAM. disponível em: https://www.tjam.jus.br/index.php/institucional-esmam. Acesso em 10/05/2021.

MESQUITA, Otoni Moreira de. Manaus: História e Arquitetura - 1852 - 1910. 3° ed. Manaus: Editora Valer, 2006.


quinta-feira, 6 de maio de 2021

A antiga Travessa dos Inocentes, em Manaus

Rua Visconde de Mauá. FOTO: Ana Graziela Maia. FONTE: G1 Amazonas, 2012.

No período Colonial brasileiro os enterros seguiam uma hierarquia. Enquanto os administradores públicos, membros do Clero e da elite eram enterrados no interior das Igrejas, próximos do altar, em seus átrios e em catacumbas, os escravos, criminosos, não-cristãos, suicidas, pagãos e pessoas humildes eram sepultados em terrenos improvisados, em valas comuns ou atirados nas estradas ou no mar, estes últimos casos sendo frequentes com os escravizados. Poderiam ocorrer exceções caso a pessoa, escrava ou livre de baixa renda, fizesse parte de alguma Irmandade Católica que possuísse capela própria ou um lugar reservado em Igreja Matriz para realizar os enterros de seus membros (BRAVO, 2014).

A rua Visconde de Mauá, localizada no Centro Histórico de Manaus, no antigo bairro de São Vicente, era conhecida, entre o final do século XIX e início do século XX, como rua Demétrio Ribeiro em homenagem a Demétrio Nunes Ribeiro (1853-1931), jornalista, engenheiro, político e Primeiro Ministro da Agricultura entre 1889 e 1890 (MONTEIRO, p. 203-204). Em um passado ainda mais remoto, nos tempos da Capitania de São José do Rio Negro, quando a cidade era o simples Lugar da Barra, era conhecida como Travessa dos Inocentes. Quem nos explica essa nomenclatura é o médico e historiador Antonio José Souto Loureiro no livro Histórias Esquecidas, publicado em 2018:

"[...] a antiga Rua Demétrio Ribeiro, hoje Visconde de Mauá, que passava nos fundos da Matriz Velha de Manaus, recebeu o nome de Travessa dos Inocentes, na época colonial, pois ela correspondia ao dito cemitério dos pequeninos pagãos, que haviam deixado chorosas mães, tristes pelas suas prematuras partidas, sem o lenitivo do batismo" (LOUREIRO, 2018, p. 29).

Loureiro registra, ainda, que "Dizem que quem por ali anda às horas mortas, nas noites de chuvas e ventos, sem luar, ainda ouve o choramingar dos pequeninos, pedindo um abrigo, na velha igreja, hoje desaparecida após um incêndio, ou o soluçar de suas mães a procura do curumim perdido (LOUREIRO, 1998, p. 29-30).

O historiador Mário Ypiranga Monteiro (1909-2004), em seu Roteiro Histórico de Manaus (1998), questiona se o nome seria em homenagem ao Frei José dos Santos Inocentes, que morava ao lado da antiga Igreja de Nossa Senhora da Conceição, incendiada em 02 de julho de 1850, ou por causa do cemitério (MONTEIRO, 1998, p. 348).

Possivelmente a Travessa dos Inocentes homenageava, de fato, os pequenos pagãos, e não o Frei José dos Santos Inocentes, pois naquela região ficava um dos primitivos locais de enterro do Lugar da Barra, com os brancos, explica Agnello Bittencourt, enterrando seus mortos ao redor da antiga Igreja de Nossa Senhora da Conceição e os indígenas os seus na área que ia da Fortaleza à rua de São Vicente, hoje Bernardo Ramos (BITTENCOURT, 1969, p. 32-33).


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


BRAVO, Milra Nascimento. A morte hierarquizada: os espaços dos mortos no Rio de Janeiro Colonial (1720-1808). Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, n. 8, 2014, p. 307-329.

BITTENCOURT, Agnello. Fundação de Manaus - Pródromos e Sequências. Manaus: Editora Sérgio Cardoso, 1969.

LOUREIRO, Antonio José Souto. A Travessa dos Inocentes. In: Histórias Esquecidas. Manaus: GRAFISA, 2018, p. 29-30.

MONTEIRO, Mário Ypiranga. Roteiro Histórico de Manaus. vol. I e II. Manaus: Editora da Universidade do Amazonas, 1998.


terça-feira, 4 de maio de 2021

Lançamento: 'Práticas e Experiências de Ensino de História na Amazônia', de Eduardo Gomes da Silva Filho e Marcos Paulo Mendes Araújo


Será lançado, no dia 07 de maio (sexta-feira), o livro 'Práticas e Experiências de Ensino de História na Amazônia', organizado pelos professores Eduardo Gomes da Silva Filho e Marcos Paulo Mendes Araújo.

Nesse trabalho, que reúne artigos de professores das redes públicas de ensino dos Estados do Amazonas e Roraima, os organizadores buscaram, através de diferentes perspectivas, mostrar como os professores de História podem ajudar os discentes a desenvolver reflexões críticas sobre a sociedade, dialogando com diferentes perspectivas.

"E como os professores de história podem ajudar no sentido de formar pessoas que possam reunir esses aspectos?" Questiona o Professor Marcos Paulo Mendes Araújo. Ele afirma que "é importante que os discentes aprendam a valorizar a diversidade de ideias e diferentes pontos de vista. Aparecerão dificuldades? Sem dúvida! É comum que surjam resistências às mudanças, desvalorização da memória, manutenção de preconceitos, entre outras coisas. Mas isso pode ser superado? Acreditamos que sim! Principalmente com o uso de ações criativas".

segunda-feira, 29 de março de 2021

Podcast ep. 02 - Os cinemas da Manaus antiga


Vocês sabiam que o primeiro cinema de Manaus a ter ar condicionado foi o antigo Cine Odeon, na década de 1950? E que o filme 'O Exorcista', de 1973, só foi exibido na cidade em 1977? Confiram essas e outras curiosidades no segundo episódio do Podcast do Blog História Inteligente, que contou com a participação do pesquisador Ed Lincon Barros Silva, especialista na História dos cinemas de Manaus.

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sexta-feira, 26 de março de 2021

Podcast ep. 01 - O Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA)


O tema desse primeiro episódio é uma das instituições culturais mais antigas do Amazonas, o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), fundado em 25 de março de 1917. Para me ajudar nessa tarefa, contei com a participação do Professor, Historiador, Escritor e membro Aguinaldo Nascimento Figueiredo. 

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quarta-feira, 24 de março de 2021

Em meio a crise, a renovação: a fundação do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA)

Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), 2013. FOTO: Roberto Mendonça.

Amazonas, 1917. O Estado, desde 1912, vinha enfrentando uma de suas piores crises econômicas, ocasionada pela perda do monopólio da borracha. Periodicamente a Associação Comercial do Amazonas (ACA) anunciava a desvalorização do produto regional frente a gigantesca e barata produção asiática. Foi em meio a esse cenário caótico que surgiu em Manaus, no dia 25 de março de 1917, o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA). Era uma ideia antiga que ganhou forma física naquele ano após algumas reuniões.

Essa, que é uma das instituições culturais mais antigas do Amazonas, criada depois da Universidade Livre de Manáos (1909) e antes da Academia Amazonas de Letras (1918), foi fruto da iniciativa de três renomados intelectuais interessados na produção científica e na preservação de documentos históricos e do patrimônio arqueológico da região: o arqueólogo e numismata Bernardo de Azevedo da Silva Ramos (1858-1931); o geógrafo e historiador Agnello Bittencourt (1876-1975); e o médico, advogado e jornalista Vivaldo Palma Lima (1877-1949). Bernardo Ramos foi seu primeiro Presidente e Agnello Bittencourt e Vivaldo Lima, respectivamente, 1° e 2° Secretários.

A fundação ocorreu no Conselho Municipal de Manaus, sendo a instalação solene realizada em 18 de maio daquele ano. Seus estatutos foram aprovados através do Decreto N° 1.190, de 11 de abril de 1917 e, no dia 18, novo decreto, de N° 1.191, garantiu à organização uma sede própria, concedida pelo Governo do Estado, administrado pelo Dr. Pedro de Alcântara Bacellar, localizada nos prédios n° 19 e 21, entre as ruas de São Vicente – que posteriormente viria a ser conhecida como Rua Bernardo Ramos – e Frei José dos Inocentes. Mesmo em meio às dificuldades financeiras, Bacellar, médico e homem culto, sensibilizado com a determinação do grupo, conseguiu dar o suporte necessário para que o instituto desse seus primeiros passos. Em 10 de julho de 1918, o Governador registrou que "Esta respeitavel Associação scientifica, creada sob os auspicios do Governo do Estado, está definitivamente installada á rua de São Vicente, d'esta cidade, em proprio estadoal" (MENSAGEM DO GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS, 10/07/1918, p. 88).


Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) em 1948, ano do Centenário de Elevação da Vila da Barra à Categoria de Cidade. FONTE: Revista do IGHA, Ano VII, Vol. VII, 1948, p. 07. (Biblioteca Mário Ypiranga/CCPA).

Os membros fundadores, sem condições de reformar o prédio concedido, que estava em ruínas, solicitaram ao Governador que fossem feitas reformas e adaptações. Feitos os reparos e mudanças necessárias, recebeu, após proposta dos deputados Adriano Jorge, Jonathas Pedrosa Filho e Coronel Raymundo Neves, a Coleção de Numismática do Amazonas, comprada de Bernardo Ramos pelo Governo do Estado em 1899. Foi, de proposta do Governador Bacellar, que fosse concedido um auxílio financeiro anual para o custeio de pesquisas, manutenção do prédio e publicação de trabalhos (MENSAGEM DO GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS, 10/08/1918, p. 89). O primeiro número da Revista do IGHA (RIGHA) foi publicado em junho de 1917.

Além de Bernardo Ramos, Agnello Bittencourt e Vivaldo Lima, o instituto contava com outros membros de peso, como o jornalista João Batista de Faria e Souza, exímio pesquisador de nossa História; o médico e escritor Adriano Jorge; o médico e ex-Prefeito da cidade, Jorge de Moraes; o Professor Paulo Eleuthério; o Professor Plácido Serrano Pinto de Andrade; o Comendador Cláudio Mesquita e outros nomes com larga produção intelectual. Parte deles, mais tarde, além da Casa de Bernardo Ramos, passou a fazer parte da Academia Amazonense de Letras. O IGHA, assim como os demais institutos, tinha como molde o IHGB, fundado em 1838 no Rio de Janeiro. Era uma academia ilustrada formada por membros que faziam parte das elites política e intelectual do Amazonas. Ao todo, estima-se em 98 o número de membros fundadores (REVISTA DO IGHA, jan. fev. mar. de 2015).

Quadro de Dom Pedro II. FOTO: Fábio Augusto, 2019.

Ainda em 1917, no mês de julho, novo projeto cedeu ao instituto um belíssimo quadro do Imperador Dom Pedro II localizado na sala de sessões do Conselho Municipal de Manaus. A obra foi alocada no Salão Nobre do IGHA, que recebeu o nome do monarca do antigo Império Brasileiro. O ano de 1917 se encerraria com a visita do renomado historiador paranaense José Francisco da Rocha Pombo (1857-1933), membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, “pai” dos institutos brasileiros. Rocha Pombo chegou em Manaus em 6 de novembro. Estava em viagem pelos Estados brasileiros com o objetivo de fazer pesquisas nos arquivos das capitais, preparando-se para a produção de um livro sobre a História do Brasil que seria publicado em 1922, ano do centenário da Independência. Os membros do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas realizaram, em 12 de novembro, na Assembleia Legislativa do Estado, uma sessão solene em sua homenagem. O historiador ficou na cidade até o dia 15 de novembro, quando partiu para o Sul do país, levando consigo uma ótima impressão do órgão congênere amazonense e de seus membros.

Tempos difíceis, sem dúvidas, foram aqueles do final da década de 1910, marcados por endividamentos, fugas de capitais e empobrecimento. Foram esses tempos difíceis, no entanto, que moldaram na intelectualidade amazonense da época, guiada desde priscas eras por um sentimento de defesa dos interesses regionais, o desejo de erguer uma casa de cultura que congregasse conhecimentos geográficos, históricos e de áreas afins, garantindo a preservação, a pesquisa e a divulgação das grandezas do Amazonas, casa essa que, passados 104 anos, continua firme na defesa de seus ideais.


FONTES:


Mensagem lida perante a Assembléa Legislativa na abertura da Segunda Sessão Ordinaria da Nona Legislatura pelo Exm. Sr. Dr. Pedro de Alcantara Bacellar, Governador do Estado, a 10 de julho de 1918.

Revista do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), jan. fev. mar. de 2015.