Postal "Rua da Cidade Flutuante", 1960.
Terminado o ciclo da borracha, um grande contingente de trabalhadores ficou abandonado nos seringais e nas cidades do interior. Buscando oportunidades e melhores condições de vida, essas pessoas migraram para a capital. A partir de 1920, começou a se formar na orla do rio Negro, mais exatamente no porto de Manaus, um enorme aglomerado de casas de madeira e palha, que ficou conhecido como Cidade Flutuante, uma grande favela fluvial que chegou a ter cerca de 12.000 habitantes. A "cidade dentro da cidade" teve seu fim durante o governo de Arthur Cézar Ferreira Reis (1964 - 1967).
Ninguém, absolutamente ninguém, pode discordar de que as autoridades estão mesmo dispostas a terminar de uma vez por todas com a famosíssima Cidade Flutuante. Diariamente, a reportagem vem assistindo o drama triste e um tanto doloroso das famílias que são obrigadas a abandonar seus lares de longos e longos tempos, para em seguida virem seus flutuantes serem destruídos. A quebra quebra de flutuantes todos os dias é o que há de mais triste que se pode imaginar. Temos visto por exemplo, as lágrimas que correm pelas faces [...] das mulheres e crianças que ficam sem teto.
A Capitania dos Portos do nosso Estado, enquanto isso, vem agindo severamente no processo de liquidação dos flutuantes [...]. A população desse submundo encontra-se aterrorizada em face da maneira violenta com que estão destruindo as casas. Por outro lado, quase todos os proprietários de estabelecimentos comerciais [...] estão com prazo marcado para abandonarem ou retirarem seus flutuantes daquele local.
[...] Não estamos contra as medidas adotadas pelas autoridades competentes, o que não concordamos é com a violência pela qual estão quebrando os flutuantes. Acreditamos que as autoridades sabem o que fazem ou do contrário as consequências para as pessoas desabrigadas serão terríveis.
Assim pois, apelamos as autoridades responsáveis para que continuem no processo de extermínio da Cidade Flutuante, mas que esse processo não venha a prejudicar de maneira fatal as humildes famílias ali residentes. É preciso muita calma, muita calma mesmo.
Tristeza e lágrimas na Cidade Flutuante. Jornal O Grito. Manaus, quarta-feira, 31 de março de 1965. Acervo pessoal.
Com o fim da Cidade Flutuante, em 1967, seus antigos moradores foram residir em outras áreas de Manaus, principalmente em bairros em processo de formação, como a Raiz, na zona Sul, e a Compensa, na zona Oeste.
Postal da Cidade Flutuante, 1960.
CRÉDITO DAS IMAGENS: http://catadordepapeis.blogspot.com.br/
Gostei do texto, mas poderia ser maior, com mais detalhes. Sou amazonense e careço de relatos históricos como esse.
ResponderExcluirObs: coloque um widget de compartilhamento rápido no Facebook e outras mídias em seu blog, vai ajudar bem mais na divulgação, abraço.
Muito obrigado pelas dicas, Ozeias Picanço.
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