sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Edifício Benchimol & Irmão, entre as ruas Marcílio Dias e José Paranaguá

Edifício Benchimol & Irmão. À esquerda, em 1969; à direita, em 2014.

Diariamente passamos por construções que possuem suas origens desconhecidas. São edifícios, casarões e palacetes em sua maioria abandonados, administrados de longe, com alguns raros exemplares preservados. O tempo é corrido e, dadas as circunstâncias, ficar parado observando esses locais em vias públicas tornou-se algo bastante arriscado, dado o aumento considerável da criminalidade. Após fazer a pesquisa sobre o casarão abandonado da família Grosso, na Av. Joaquim Nabuco, decidi que iria a campo para esmiuçar as origens (ou parte delas) de algumas dessas construções do Centro e de outras partes da cidade. O prédio do texto de hoje é o antigo Edifício Benchimol & Irmão.

Localizado entre as ruas Marcílio Dias e José Paranaguá, em frente a Praça da Polícia (Heliodoro Balbi), o Edifício Benchimol & Irmão foi uma das várias construções erguidas na cidade com uma arquitetura modernista, em consonância com as transformações econômicas surgidas com a instalação da Zona Franca. Era o momento de recuperação da cidade e de integração do estado ao Brasil como área de pleno desenvolvimento.

Sobre sua inauguração, em 23 de outubro de 1969, lê-se o seguinte em uma nota do Jornal A Crítica:

“Foi inaugurado ontem o moderno edifício da firma Benchimol & Irmão, localizado na esquina da rua Marcílio Dias com a Praça Roosewelt, sendo as suas linhas modernas todas revestidas de pastilhas. Na parte térrea funcionará mais uma loja Bemol para a venda de eletrodomésticos, e nos seus 5 andares confortáveis apartamentos e salas para escritório. É mais uma contribuição do grupo comercial comandado pelos irmãos Samuel e Saul Benchimol, para o embelezamento de nossa cidade”¹.

No lugar onde foi construído esse edifício existiu uma construção com várias portas que serviu de Biblioteca Pública. Em 1895 o então governador Eduardo Gonçalves Ribeiro reorganizou a Biblioteca Pública do Estado², transferindo seu material do Gymnásio Amazonense para esse prédio, onde a instituição passou a funcionar:

“Não possuindo o Estado um edifício apropriado para o serviço da Bibliotheca e não havendo mesmo nesta capital um próprio em condições de servir, lancei mão dos acanhados comodos de um armazem situado à Praça da Constituição e para elle mandei transportar os restos da antiga Bibliotheca Publica que se achavam em uma sala do Gymnazio Amazonense”³.

Esse antigo armazém, transformado entre 1895-96 em Biblioteca Pública, aparece em uma fotografia de 1902 da praça, naquela época denominada da Constituição, de autoria de Felipe Fidanza e publicada no Álbum do Amazonas.

Atrás do Batalhão da Polícia Militar do Amazonas, o antigo armazém onde décadas mais tarde foi construído o edifício. Foto de 1902.

O Edifício Benchimol & Irmão abrigou uma filial das lojas Bemol até a década de 2000. Mais tarde passou a funcionar no térreo a Celina Decoração.


NOTAS:

¹ Jornal A Crítica, 24/10/1969.
² Governo do Estado. Decreto N° 86 de 17 de outubro de 1895.
³ Mensagem lida perante o Congresso dos Srs. Representantes em 1° de março de 1896 pelo Exm. Sr. Dr. Eduardo Gonçalves Ribeiro, Governador do Estado.


AGRADECIMENTOS:


Ao pesquisador Ed Lincon, por ter cedido o recorte do jornal A Crítica.


CRÉDITO DAS IMAGENS:

Jornal A Crítica, 23/10/1969
Google Maps, 2014
Álbum do Amazonas - 1902

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