domingo, 23 de maio de 2021

Cemitério de São João Batista: Jazigo da família Nogueira da Silva

Jazigo da família Nogueira da Silva. FOTO: Fábio Augusto, 2019.

O jazigo da família Nogueira da Silva está localizado na quadra 06 do Cemitério de São João Batista, em Manaus. Seu formato de mãos postas em oração chama a atenção dos visitantes. Ele foi construído para homenagear Alonso Nogueira da Silva (1915-1962), sobre o qual conseguiu-se informações através de um de seus filhos, Rosenaldo Tavares da Silva:

"Meu pai teve uma vida trabalhando como Regatão, viajando pelo Rio Purus, até Boca do Acre. Levava de Manaus gênero alimentício não perecível e vendia, ou trocava, por produtos tipo castanha, juta, sorva, borracha etc. Em Manaus, negociava aqueles produtos com empresas beneficiadoras ou exportadoras. Naquela época, década de 1950, havia o Banco da Borracha, hoje BASA, que incentivava aquela atividade. Meu pai faleceu precocemente, aos 46 anos de idade, vítima de infarto do miocárdio, em 16 de setembro de 1962".

A obra foi executada pelo escultor alagoano Geraldo Florêncio de Carvalho, proprietário da empresa Calima Ltda, também responsável pela construção do túmulo do Ex-Senador pelo Amazonas Leopoldo Tavares da Cunha Melo (1891-1962), localizado no mesmo cemitério, e pela remodelação da Praça da Saudade em 1964.

Fui informado pelos filhos de Alonso Nogueira da Silva que existe um túmulo semelhante no Cemitério Municipal de São José, em Parintins. Realizando pesquisas no site Arte Funerária Brasil, descobri que existe um jazigo de mesma feição no Cemitério São Pantaleão, também conhecido como Cemitério do Gavião, em São Luís, no Maranhão. Sobre o exemplar do cemitério de Parintins, de acordo com a jornalista Bruna Oliveira, em matéria do jornal Em Tempo, ele pertence à família do empresário Dodó Carvalho (OLIVEIRA, 2019).

Jazigo do Cemitério Municipal de São José, em Parintins. FOTO: Bruna Oliveira, 2019.

O site Arte Funerária Brasil descreve o jazigo do Cemitério São Pantaleão da seguinte forma: "A PRECE, século XX. O jazigo destaca-se do seu entorno por colocar em sua cabeceira uma escultura enorme que representa as mãos na posição de oração. Sobre ela está assentada a cruz latina. Atentar para o realismo das mãos feitas provavelmente de concreto".

O jazigo do Cemitério São Pantaleão, em São Luís, no Maranhão. FOTO: Site Arte Funerária Brasil.

No livro Cemitério Municipal de São João, o arquiteto Humberto Barata Neto classifica o jazigo da família Nogueira da Silva como sendo um exemplar de arquitetura Kitsch (BARATA NETO, 2012, p. 32). A arquitetura Kitsch é caracterizada pela presença de criatividade, exagero em decorações e dimensões. As 'mãos em oração' do Cemitério de São João Batista são bastante realistas, possuindo detalhes nas dobras dos dedos, nas unhas e nas articulações. Antigamente elas eram pintadas em rosa claro, tendo recebido atualmente nova pintura em branco.

Jazigo da família Nogueira da Silva em 1977. FONTE: Jornal do Commercio, 28/10/1977, p. 01.

Jazigo da família Nogueira da Silva com a antiga pintura. FOTO: Site Arte Funerária Brasil.

Jazigo da família Nogueira da Silva. FOTO: Fábio Augusto, 2019.

Jazigo da família Nogueira da Silva. Parte de trás. FOTO: Fábio Augusto, 2019.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


ARTE Funerária Brasil. Cemitério São Pantaleão. Disponível em: artefunerariabrasil.com.br/cemiterio-sao-pantaleao/#histria.

BARATA NETO, Humberto D. F. Cemitério Municipal de São João. Manaus: Governo do Estado do Amazonas - Secretaria de Estado de Cultura, 2012.

OLIVEIRA, Bruna. Cemitério: desenterrando as histórias de quem já morreu em Parintins. Lugar que muita gente evita, mas é rico em histórias da Ilha Tupinambarana. Em Tempo, 01/07/2019.

Nenhum comentário:

Postar um comentário