FOTO: Fábio Augusto, 2019.
O túmulo do Coronel Leopoldo de Moraes e Mattos está localizado na quadra 10 do Cemitério São João Batista.
Pouco se sabe sobre a vida de Leopoldo de Moraes e Mattos (1875-1928), natural do Estado do Mato Grosso. Estudou na Escola Militar do Rio de Janeiro por volta de 1890. Pelos serviços prestados durante a Revolta da Armada, na Fortaleza de Santa Cruz, foi promovido a patente de Tenente (O Paiz, RJ, 10/10/1894). Em Manaus desempenhou os cargos de Delegado Fiscal do Estado do Mato Grosso, cônsul no Japão, no Uruguai e Provedor da Santa Casa de Misericórdia. Entre 1918 e 1919 atuou nas questões de fronteira entre os Estados do Amazonas e Mato Grosso.
O cargo em que mais se destacou foi no de Provedor da Santa Casa de Misericórdia. Na década de 1920 Leopoldo de Moraes e Mattos operou grandes melhorias nessa instituição. Em 27 de agosto de 1922 entregou novos pavilhões de 1° e 2° classe no piso superior da instituição, ambos equipados com elevadores. Em tempos de crise econômica, conseguiu garantir a regularidade dos serviços de farmácia, radiologia, odontologia, maternidade, exames bacteriológicos, enfermaria para tubérculos e o atendimento aos doentes mentais (O Paiz, RJ, 02/10/1926). Assim foi descrita a Santa Casa no período em que ele a estava provendo:
"Este pio instituto de caridade, encontra-se hoje num tal estado de adiantamento, que pode concorrer com os melhores estabelecimentos do paiz. O sr. Leopoldo de Mattos, seu provedor, tem se mostrado um administrador digno de encomios pelo muito que tem feito para esse gráo de prosperidade" (AMAZONAS. Mensagem apresentada á Assemblea Legislativa pelo Exm. Snr. Antonio Monteiro de Souza em 14 de julho de 1927, p. 129).
Aspectos do túmulo do Coronel Leopoldo de Moraes e Mattos e, no centro, um retrato dele. FONTE: O Malho (RJ), 05/10/1929.
O túmulo do Coronel Leopoldo de Moraes e Mattos foi construído pela Santa Casa de Misericórdia como uma homenagem ao seu antigo provedor. Ele é todo em granito negro. Na cabeceira tumular, no nível central, destaca-se um medalhão de Cristo feito em bronze, assim como alguns detalhes com motivos florais nos níveis inferiores laterais. Ladeiam esse medalhão os seguintes dizeres em alto relevo:
"Reconhecimento, Gratidão e Saudade da Santa Casa de Misericórdia de Manáos ao Ex-Provedor Cel. Leopoldo de Moraes e Mattos, seu Bemfeitor e Benemérito reformador".
FOTO: Fábio Augusto, 2019.
Semelhante à Santa Casa de Misericórdia, o túmulo de Leopoldo de Mattos está abandonado, assim como a maioria do Cemitério São João Batista, escapando algumas poucas quadras principais, quando não apenas alguns de seus túmulos. O mato cresce sobre a base tumular e a tampa. A parte direita da base tumular foi destruída e os puxadores, feitos de bronze, sumiram.
FONTES:
Jornal O Paiz, RJ, 10/10/1894.
Jornal O Paiz, RJ, 02/10/1926.
AMAZONAS. Mensagem apresentada á Assemblea Legislativa pelo Exm. Snr. Antonio Monteiro de Souza em 14 de julho de 1927.
Revista O Malho, RJ, 05/10/1929.
Quero aqui deixar meus parabéns ao Fabio Augusto pela luta constante na busca de informações. A gente sabe que não é fácil esse trabalho de pesquisa, às vezes a luta é inglória e o resultado frustrante. Ficamos na torcida para que consiga sempre sucesso em seu trabalho. Obrigado por tudo!
ResponderExcluirMuito obrigado, Eduardo Mafra. Fico feliz em ler este comentário. Em breve, mais textos sobre os túmulos do São João Batista. Abs.
ExcluirLeopoldo de Moraes e Mattos era filho do Barão de Casalvasco, Firmo José de Mattos, e de sua esposa Francisca Rosa Moraes (nome de solteira).
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Faleceu no dia 21 de janeiro de 1928,
Fonte: Relatório intitulado "Mensagem do Governador de Mato Grosso para a Assembleia - 1928
"Delegacia Fiscal do Norte - "No posto de delegado fiscal do Norte do Estado, em Manáos, que exercia effectivamente desde 9 de março de 1922, veiu a fallecer a 21 de janeiro do corrente anno, o coronel Leopoldo de Moraes e Mattos."
- Delegado Fiscal do estado de Mato Grosso, cônsul do Japão e provedor da Santa Casa de Misericórdia - tudo em Manaus, cfe. voto de pesar lido no Senado Federal, no Rio de janeiro, em 16.05.1928 e publicado no jornal o Paiz de 17.05.
- Clube Nacional FC - Leopoldo fez parte da diretoria que deu a 1ª sede ao clube e logo depois foi presidente em 1923.
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Sou Regina Cascão, genealogista, membro do Colégio (=colegiado) Brasileiro de Genealogia, Titular da Cadeira nº28, diretora 1ª secretária por 8 anos e presidente por 4 anos (2012-13 e 2014-15). Sou pentaneta de Bonifácio Maximianno de Mattos, que foi pai do Barão de Casalvasco e avô de Leopoldo.
Grato pelo comentário, Regina Cascão. Não sei se você lembra, mas em 2018 você me convidou para publicar o texto 'antigas famílias manauaras' no boletim do CBG.
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