sexta-feira, 19 de julho de 2019

Cemitério São João Batista: Túmulo do Coronel Leopoldo de Moraes e Mattos

FOTO: Fábio Augusto, 2019.

O túmulo do Coronel Leopoldo de Moraes e Mattos está localizado na quadra 10 do Cemitério São João Batista.

Pouco se sabe sobre a vida de Leopoldo de Moraes e Mattos (1875-1928), natural do Estado do Mato Grosso. Estudou na Escola Militar do Rio de Janeiro por volta de 1890. Pelos serviços prestados durante a Revolta da Armada, na Fortaleza de Santa Cruz, foi promovido a patente de Tenente (O Paiz, RJ, 10/10/1894). Em Manaus desempenhou os cargos de Delegado Fiscal do Estado do Mato Grosso, cônsul no Japão, no Uruguai e Provedor da Santa Casa de Misericórdia. Entre 1918 e 1919 atuou nas questões de fronteira entre os Estados do Amazonas e Mato Grosso.

O cargo em que mais se destacou foi no de Provedor da Santa Casa de Misericórdia. Na década de 1920 Leopoldo de Moraes e Mattos operou grandes melhorias nessa instituição. Em 27 de agosto de 1922 entregou novos pavilhões de 1° e 2° classe no piso superior da instituição, ambos equipados com elevadores. Em tempos de crise econômica, conseguiu garantir a regularidade dos serviços de farmácia, radiologia, odontologia, maternidade, exames bacteriológicos, enfermaria para tubérculos e o atendimento aos doentes mentais (O Paiz, RJ, 02/10/1926). Assim foi descrita a Santa Casa no período em que ele a estava provendo:

"Este pio instituto de caridade, encontra-se hoje num tal estado de adiantamento, que pode concorrer com os melhores estabelecimentos do paiz. O sr. Leopoldo de Mattos, seu provedor, tem se mostrado um administrador digno de encomios pelo muito que tem feito para esse gráo de prosperidade" (AMAZONAS. Mensagem apresentada á Assemblea Legislativa pelo Exm. Snr. Antonio Monteiro de Souza em 14 de julho de 1927, p. 129).

Aspectos do túmulo do Coronel Leopoldo de Moraes e Mattos e, no centro, um retrato dele. FONTE: O Malho (RJ), 05/10/1929.

O túmulo do Coronel Leopoldo de Moraes e Mattos foi construído pela Santa Casa de Misericórdia como uma homenagem ao seu antigo provedor. Ele é todo em granito negro. Na cabeceira tumular, no nível central, destaca-se um medalhão de Cristo feito em bronze, assim como alguns detalhes com motivos florais nos níveis inferiores laterais. Ladeiam esse medalhão os seguintes dizeres em alto relevo:

"Reconhecimento, Gratidão e Saudade da Santa Casa de Misericórdia de Manáos ao Ex-Provedor Cel. Leopoldo de Moraes e Mattos, seu Bemfeitor e Benemérito reformador".

FOTO: Fábio Augusto, 2019.

Semelhante à Santa Casa de Misericórdia, o túmulo de Leopoldo de Mattos está abandonado, assim como a maioria do Cemitério São João Batista, escapando algumas poucas quadras principais, quando não apenas alguns de seus túmulos. O mato cresce sobre a base tumular e a tampa. A parte direita da base tumular foi destruída e os puxadores, feitos de bronze, sumiram.


FONTES:


Jornal O Paiz, RJ, 10/10/1894.
Jornal O Paiz, RJ, 02/10/1926.
AMAZONAS. Mensagem apresentada á Assemblea Legislativa pelo Exm. Snr. Antonio Monteiro de Souza em 14 de julho de 1927.
Revista O Malho, RJ, 05/10/1929.


4 comentários:

  1. Quero aqui deixar meus parabéns ao Fabio Augusto pela luta constante na busca de informações. A gente sabe que não é fácil esse trabalho de pesquisa, às vezes a luta é inglória e o resultado frustrante. Ficamos na torcida para que consiga sempre sucesso em seu trabalho. Obrigado por tudo!

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    1. Muito obrigado, Eduardo Mafra. Fico feliz em ler este comentário. Em breve, mais textos sobre os túmulos do São João Batista. Abs.

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  2. Leopoldo de Moraes e Mattos era filho do Barão de Casalvasco, Firmo José de Mattos, e de sua esposa Francisca Rosa Moraes (nome de solteira).
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    Faleceu no dia 21 de janeiro de 1928,
    Fonte: Relatório intitulado "Mensagem do Governador de Mato Grosso para a Assembleia - 1928
    "Delegacia Fiscal do Norte - "No posto de delegado fiscal do Norte do Estado, em Manáos, que exercia effectivamente desde 9 de março de 1922, veiu a fallecer a 21 de janeiro do corrente anno, o coronel Leopoldo de Moraes e Mattos."
    - Delegado Fiscal do estado de Mato Grosso, cônsul do Japão e provedor da Santa Casa de Misericórdia - tudo em Manaus, cfe. voto de pesar lido no Senado Federal, no Rio de janeiro, em 16.05.1928 e publicado no jornal o Paiz de 17.05.

    - Clube Nacional FC - Leopoldo fez parte da diretoria que deu a 1ª sede ao clube e logo depois foi presidente em 1923.
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    Sou Regina Cascão, genealogista, membro do Colégio (=colegiado) Brasileiro de Genealogia, Titular da Cadeira nº28, diretora 1ª secretária por 8 anos e presidente por 4 anos (2012-13 e 2014-15). Sou pentaneta de Bonifácio Maximianno de Mattos, que foi pai do Barão de Casalvasco e avô de Leopoldo.

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    1. Grato pelo comentário, Regina Cascão. Não sei se você lembra, mas em 2018 você me convidou para publicar o texto 'antigas famílias manauaras' no boletim do CBG.

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