O texto a seguir, originalmente publicado no Jornal do Comércio em 2008, é de autoria do pesquisador Ed Lincon Barros da Silva. Nele, através de memórias das décadas de 1970 e 1980, Ed Lincon nos apresenta as transformações ocorridas no bairro Aleixo, localizado na zona Centro-Sul de Manaus.
MEMÓRIAS DO BAIRRO DO ALEIXO
Por Ed Lincon Barros da Silva
Rua São Domingos, 1975. FONTE: Jornal A Crítica, 1975.
Minhas recordações sobre o bairro do Aleixo vem da minha infância na década de 1970. As ruas eram de terra batida, com exceção da principal, conhecida apenas por estrada do Aleixo (atual avenida André Araújo). Esta, em 1974/75, era uma via estreita e de mão dupla, onde muitas vezes mal dava para passar um terceiro veículo. A pavimentação dessa estrada, feita em concreto armado sobre pedra jacaré, tinha início na rua Paraíba (atual Humberto Calderaro), indo próximo ao bar Nacionalino. A parte asfaltada começava daí e terminava onde hoje está o SOS Manaus. O restante, no trecho que vai até a Bola do Coroado, ainda estava sendo terraplanado. O outro lado da avenida, no sentido centro-bairro, não existia. Somente em 1976 é que esta via foi alargada e asfaltada.
Na época, apenas uma empresa de transportes coletivos atendia ao bairro, a Ajuricaba (encampada pela prefeitura em dezembro de 1988), que fazia as seguintes linhas: Coroado, Aleixo, Cachoeirinha; Jardim Paulista, Aleixo, Cachoeirinha; e Belo Horizonte, Aleixo, Cachoeirinha.
No lugar onde hoje está a Secretaria de Fazenda e a praça adjacente, havia várias casas de madeira, demolidas em 75/76 por ordem do prefeito Jorge Teixeira de Oliveira (1975/1979). Vi também o início da construção, em 1976, de vários edifícios públicos existentes atualmente, entre os quais: o Fórum Henoch Reis, abandonado durante muitos anos e concluído em 2002; O TRE e Correio, etc. A rua Belo Horizonte nessa época, era desprovida de asfalto possuindo somente calçadas e meio fio, estando preparada para ser pavimentada.
Vista aérea do Horto Municipal, 1968. FONTE: Arquivo Público Municipal.
A rua Bonsucesso, no trecho que vai da Belo Horizonte até a São Domingos, era praticamente intrafegável. Na parte baixa, havia uma ponte improvisada feita de tronco de buritizeiro sobre um charco que havia ali. Essa mesma rua Bonsucesso, na parte que vai da São Domingos até onde foi construído o conjunto Huascar Angelim, que sequer existia, também podia ser percorrida de carro, apesar das valas existentes. As ruas Santa Claudia, Castro Alves, São Vicente, São Sebastião e Santa Clara também apresentavam os mesmos problemas.
Na rua São Domingos, o mato e o lixo predominavam na sua quase totalidade. Quando as máquinas da prefeitura passavam no local, a poeira tomava conta de tudo. E, após as chuvas era um espetáculo para nós, meninos do bairro, contemplar os carros derrapando em zig-zag para chegar até o topo da ladeira que desemboca na André Araújo e que ainda não havia sido aterrada. O aterro da rua São Domingos só foi realizado em março de 82.
A rua Severiano Nunes não tinha esse nome e era denominada de rua do Curre, também totalmente intrafegável. Na parte baixa dessa rua, corria um igarapé de águas límpidas onde se podia pescar pequenos peixes, como o cará e o cardinal. Canalizado em 85, esse igarapé foi transformado em esgoto de águas pluviais. Na rua José do Patrocínio, hoje denominada de Atagamita (nomenclatura não aceita pelos moradores) ainda passava algum carro.
Asfalto? Somente em outubro de 85. A primeira rua do bairro a ser asfaltada foi a Castro Alves, seguida da José do Patrocínio, São Domingos, Santa Claudia, Bonsucesso, Beco São Domingos, entre outras.
FONTE:
Ed Lincon, especial para o Jornal do Comércio. 24/10/2008
IMAGENS:
Rua São Domingos, 1975. Jornal A Notícia.
Vista aérea do Horto Municipal, 1968. Arquivo Público Municipal. Ambas do acervo particular de Ed Lincon.
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