Origina-se da Guerra Civil uma rica literatura de canções que refletem os vários graus de emoção despertados em ambos os campos de luta - o fervor e as amarguras, a exaltação e o desespero, as esperanças e as frustrações, a nostalgia e a solidão.
As primeiras canções da Guerra Civil destinavam-se a inflamar o patriotismo dos beligerantes, a insuflá-los para a luta. O Sul apropriou-se da melodia da canção de "minstrel show" de Dan Emmett, "Dixie", paramentou-a com nova letra marcial, e adotou-a como sua canção de guerra. O fato de ser nortista o autor de "Dixie" foi convenientemente esquecido, tendo sido admitido que circulasse uma notícia segundo a qual a música era em verdade da autoria de um negro, que falava de seus laços indissolúveis com o seu senhor e as terras do Sul. Durante toda a guerra, "Dixie" foi a canção favorita do Sul. Momentos antes de o General Pickett atacar Gettysburg, ordenou que a executassem, para levantar o moral das tropas. Depois de Appomattox, Abraham Lincoln observou que, uma vez que o Norte conquistara o Sul, também conquistara "Dixie", como presa de guerra. Como prova de seu próprio entusiasmo por "Dixie", pediu à banda que se achava nas proximidades da Casa Branca que a tocasse para ele.
Considerando a íntima identificação de "Dixie" com o Sul, seu autor - Dan Emmett - tornou-se alvo dos ataques de diversos jornais do Norte, apesar de ter sido apenas vítima inocente de uma confiscação. Para contrabalançar a influência de sua canção no Sul, Emmett escreveu uma nova letra para sua melodia, exortando o Norte a recordar-se de Bunker Hill e a "receber aqueles traidores do Sul com firmeza". Mas, embora com esses novos versos, "Dixie" nunca se tornou popular no Norte.
"Maryland, My Maryland" foi outra canção de guerra grandemente querida no Sul. A letra era da autoria de James Ryder Randall, professor de Literatura Inglesa no Colégio Poydras, em Louisiana. Tendo lido, num noticiário de jornal, a maneira como, ao passarem por Baltimore, tinham sido atacadas as tropas do Norte, Randall de logo percebeu nesse episódio uma fonte preciosa de propaganda para ajudar a fazer com que Maryland aderisse ao Sul. Numa noite de vigília de 1861, escreveu um inflamado poema, "Maryland, My Maryland", e conseguiu publicá-lo num jornal de Baltimore. Pouco depois, num comício destinado a incitar o povo de Baltimore a aderir à causa do Sul, o poema foi cantado por Jennie Cary, com a conhecida melodia alemã, "O Tannenbaum". Provocou tal explosão de entusiasmo, que os que se achavam fora do auditório afluíram às janelas para saber o que ocorria. Jennie Cary voltaria a interpretar a canção, com igual sucesso, num concerto para os homens das forças de Beauregard. Em 1862, a canção foi publicada, letra e música, alcançando imediata e ampla popularidade.
"The Bonnie Blue Flag" foi uma terceira canção a tornar-se popular no Sul, cabendo a honra dessa popularidade a Henry Macarthy, artista de teatro. Sua letra descrevia os acontecimentos que conduziram à secessão; a melodia era a de uma cantiga popular irlandesa, "The Jaunting Car". Macarthy lançou "The Bonnie Blue Flag" num ato por ele apresentado em Nova Orleans, em 1861, o qual depois seria repetido através de todo o Sul, onde a canção foi ouvida e adotada pelos soldados Confederados.
Mas, como no campo de batalha, foi ao Norte que coube a primazia na competição entre canções de guerra. Porque foi o Norte, e não o Sul, que produziu os dois principais compositores desse gênero de música: George Frederick Root e Henry Work.
George Frederick Root (1820-1895) nasceu em Sheffield, Massachusetts, e recebeu uma perfeita educação musical em Boston e Paris. Depois de haver-se dedicado ao ensino da música em Boston e Nova Iorque, propendeu para a composição de música popular - aparentemente com uma certa dose de condescendência, tanto assim que a edição de seus trabalhos foi feita sob pseudônimo - Wurzel (Wurzel é a tradução alemã da palavra Root, raiz). Várias de suas canções publicadas entre 1853 e 1855 obtiveram sucesso: "The Hazel Dell", "Rosalie, the Prairie Flower", "There's Music in the Air" (que mais tarde gozaria de popularidade em diversos colégios) e o hino evangélico "The Shining Shore".
Em 1859, Root transferiu-se para Chicago, onde se faria sócio da casa editora Root and Cady, que seu irmão mais velho ajudara a fundar um ano antes. Ao irromper a Guerra Civil, Root, como compositor de canções, orientou sua atividade para o esforço de guerra, escrevendo tanto a letra como a música de suas composições. Sua primeira canção de guerra, "The First Gun Is Fired", estimulada pela segunda convocação de Lincoln dirigida aos voluntários, em 1863, não passou de um fracasso, mas a segunda canção, "The Battle Cry of Freedom", publicada naquele mesmo ano pela firma Root and Cady, foi sua obra prima. O "duo" de cantores, Frank e Jules Lombard, apresentou a canção de maneira tão impressionante, num comício realizado na Chicago Court House Square, que o auditório, em conjunto, começou a cantar espontaneamente um dos refrões. A canção tornou-se particularmente popular entre os soldados da União. Escrevia um deles na época: "Uma sociedade de canto, que veio ao campo de batalha, de Chicago, trouxe consigo essa canção recém-lançada, que cruzou o campo como um relâmpago. O efeito foi quase milagroso. Comunicou uma alegria e um entusiasmo imenso às tropas, como se se tratasse de uma esplêndida vitória. Era ouvida noite e dia, em torno de cada fogueira e em todas as barracas. Jamais me esquecerei de como aqueles homens estrondeavam a frase - 'E embora possa ser pobre, jamais será escravo'".
Root continuou a produzir canções de guerra - algumas marciais, outras sentimentais - até o fim do conflito. As melhores foram: "Just Before the Battle, Mother", em 1863; "Tramp! Tramp! Tramp!", em 1864; e, em 1865, "On, On, the Boys Came Marching" e "The Vacant Chair", esta última inspirada na morte de um tenente do 15° Regimento de Infantaria de Massachusetts.
Henry Clay Work (1832-1884), levado por seus profundos sentimentos abolicionistas e unionistas, escreveu algumas das mais eloquentes canções de Guerra do Norte. Como Root, compunha letra e música. Era filho de um ativo abolicionista, cujo lar era uma estação no Caminho de Ferro Subterrâneo¹ por onde mais de 4.000 escravos escaparam.
Work nasceu em Middletown, Connecticut. Quando trabalhava como aprendiz de tipógrafo em Hartford, descobriu um acordeão num quarto sobre a oficina e em breve estava a usá-lo para compor canções. Sua primeira canção foi "We Are Coming, Sister Mary", que, segundo dizem, foi comprada pelos "Ed Christy Minstrels" por 25 dólares, e cantada com sucesso durante os dez anos que se seguiram à sua primeira publicação. Em 1854, Work mudou-se para Chicago, para trabalhar como tipógrafo. Fez aí amizade com George Root, por cuja insistência começou a escrever canções de guerra, tão logo teve início a Guerra Civil. A primeira foi "Kingdom Coming", animada melodia popular para versos em dialeto negro. Alcançou tal sucesso, imediatamente após sua publicação pela firma Root and Cady, que Work se sentiu encorajado a abandonar a tipografia e dedicar-se à composição de canções. Depois da invasão da Pennsylvannia pelo General Lee, Work compôs "The Song Of Thousand Years", e, em consequência de sua apreensão ante o destino do Norte, compôs "God Save the Nation". Escreveu também agradáveis canções humorísticas: "Grafted into the Army", em 1862; "Babylon Is Fallen!", em 1863; e "Wake Nicodemus!", em 1864. A canção a que seu nome estará sempre associado apareceu em 1865, nos últimos meses da guerra. Trata-se de "Marching through Georgia", inspirada no histórico avanço do General Sherman para o mar. (Muitos anos depois, a Universidade de Princeton utilizou-se de sua melodia para uma canção de futebol).
Depois que o primeiro tiro foi desferido, também Stephen Foster começou a dirigir sua energia musical no sentido de compor canções de guerra. Ao contrário de Work e Root, não obstante, o que produziu foi muito fraco - entre as peças mais fracas de toda a sua obra. Nenhuma de suas canções de guerra gozou de particular popularidade, e nenhuma sobreviveu. Eis algumas das canções da Guerra Civil, de autoria de Foster: "We Are Coming, Father Abraham", com letra de James Sloan Gibbons, a qual já havia sido musicada por Luther Orlando Emerson, entre outros; "We, ve a Million in the Field" e "Was My Brother in the Battle?", todas de 1862; e, em 1863, "When This Dreadful War Is Ended", "My Boy is Coming from the War", "Nothing but a Plain Old Soldier" e "For the Dear Old Flag I Die".
Oriundas do Norte, mais três outras canções da Guerra Civil são ainda hoje relembradas. "The Battle Hymm of the Republic" era um poema da famosa sufragista e poetisa Julia Ward Howe, composto para uma melodia de William Steffe, muito difundida nos camp meetings² de congregações negras, e conhecidas como "Say Brothers, Will You Meet Us?". No começo da Guerra Civil, essa mesma melodia fora utilizada para a canção "John Brown's Body", que pretendia satirizar um ingênuo e infeliz soldado do 12° Regimento de Massachusetts. Quando os soldados do Norte marchavam para a luta, costumavam acertar o passo cantando essa vibrante canção. Julia Ward Howe ouviu-os cantá-la um dia, em dezembro de 1861, e nessa mesma noite, em seu quarto de hotel, escreveu para ela um eloquente poema, "The Battle Hymm of the Republic". Foi publicada pela primeira vez em The Atlantic Monthly, em fevereiro de 1862, e pouco depois republicada em vários jornais, revistas e em livros de hinos do exército. A canção foi publicada por três diferentes casas editoras. O capelão do 122° Regimento de Voluntários de Ohio ensinou-a a seus soldados. Diz-se que quando Lincoln a ouviu pela primeira vez ficou tão comovido que pediu que a cantassem novamente.
"Tenting on the Old Camp Ground", na qual a solidão terrível do soldado encontra pungente expressão, foi escrita por Walter Kittredge, em 1862. Na véspera de seu recrutamento, Kittredge compôs a letra e a música dessa triste canção, para traduzir seu próprio sofrimento por ter de abandonar o lar e a esposa. Tendo sido vítima, no entanto, de um ataque de febre reumática, o exército o dispensou. Tentaria, depois, vender a canção, mas sem exito, de vez que os editores, onde quer que os procurasse, consideravam-na por demais depressiva para que o público a apreciasse. Agradou, todavia, à Família Hutchinson, que repetidas vezes a apresentou em seus concertos, tendo sido por sua influência que afinal foi publicada por Oliver Ditson, em 1864, com resultados compensadores. Continuou sendo cantada muito tempo depois de terminada a guerra, como peça preferida em acampamentos de soldados, comícios e outros gêneros de reuniões marciais.
"When Johnny Comes Marching Home", de Patrick S. Gilmore, em verdade tornou-se famosa mais tarde, outra guerra, no que pese ter sido composta para a Guerra Civil, quando obteve o sucesso inicial, convém frisar. Patrick S. Gilmore (1829-1892) tornou-se famoso depois da Guerra Civil, como regente da célebre "Gilmore Band", que se exibiu em concertos através de toda a América e ajudou a popularizar a moda dos concertos de orquestras no país. Foi também organizador de grandiosos festivais e festas comemorativas, em que se utilizava de conjuntos musicais imensos. Gilmore fundou sua primeira orquestra exatamente um ano antes da Guerra Civil. Em 1860 incorporou esse conjunto ao 24° Regimento de Voluntários de Massachusetts, conquistando, em consequência, o título de Regente-Geral, com o posto de Coronel. Em 1863 escreveu a letra e a música de "When Johnny Comes Marching Home" e publicou-a sob o pseudônimo de Louis Lambert. Sua orquestra lançou a canção e ajudou a torná-la conhecida entre os soldados da União. Mesmo no Sul, a melodia era tão apreciada que foi usada como música de "For Bales!", canção de versos humorísticos. Mas a grande popularidade de "When Johnny Comes Marching Home" pertence a um período posterior. Revivida com êxito durante a Guerra Hispano-Americana, tornou-se uma de suas principais canções; é hoje em dia habitualmente associada apenas a esta última guerra. Desde o início deste século, "When Johnny Comes Marching Home" tem aparecido em variadas versões - como foxtrote - durante a I Guerra Mundial e como composição sinfônica em ambiciosas adaptações de Roy Harris e Morton Gould.
NOTAS:
¹ O Caminho de Ferro Subterrâneo "era simplesmente um caminho ao logo do qual os negros fugitivos eram auxiliados por filantropos brancos e por aqueles da sua própria raça que viviam nos estados não escravagistas". (Rex Harris - Jazz - p. 53 - Editora Ulisseia - Lisboa - Rio de Janeiro). Eram as "famosas rotas de evasão dos escravos através da fronteira para os estados do Norte". (Id.) (N. do T.)
² Camp meetings - Reuniões religiosas ao ar livre. (N. do T.)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
EWEN, David. História da Música Popular Americana - As canções populares, o teatro musicado e o jazz na América, dos tempos coloniais aos dias de hoje. Tradução de Miécio Teti. Rio de Janeiro: Editora Letras e Artes, 1963, p. 42-49.
CRÉDITO DA IMAGEM:
www.theamericanmirror.com
Root continuou a produzir canções de guerra - algumas marciais, outras sentimentais - até o fim do conflito. As melhores foram: "Just Before the Battle, Mother", em 1863; "Tramp! Tramp! Tramp!", em 1864; e, em 1865, "On, On, the Boys Came Marching" e "The Vacant Chair", esta última inspirada na morte de um tenente do 15° Regimento de Infantaria de Massachusetts.
Henry Clay Work (1832-1884), levado por seus profundos sentimentos abolicionistas e unionistas, escreveu algumas das mais eloquentes canções de Guerra do Norte. Como Root, compunha letra e música. Era filho de um ativo abolicionista, cujo lar era uma estação no Caminho de Ferro Subterrâneo¹ por onde mais de 4.000 escravos escaparam.
Work nasceu em Middletown, Connecticut. Quando trabalhava como aprendiz de tipógrafo em Hartford, descobriu um acordeão num quarto sobre a oficina e em breve estava a usá-lo para compor canções. Sua primeira canção foi "We Are Coming, Sister Mary", que, segundo dizem, foi comprada pelos "Ed Christy Minstrels" por 25 dólares, e cantada com sucesso durante os dez anos que se seguiram à sua primeira publicação. Em 1854, Work mudou-se para Chicago, para trabalhar como tipógrafo. Fez aí amizade com George Root, por cuja insistência começou a escrever canções de guerra, tão logo teve início a Guerra Civil. A primeira foi "Kingdom Coming", animada melodia popular para versos em dialeto negro. Alcançou tal sucesso, imediatamente após sua publicação pela firma Root and Cady, que Work se sentiu encorajado a abandonar a tipografia e dedicar-se à composição de canções. Depois da invasão da Pennsylvannia pelo General Lee, Work compôs "The Song Of Thousand Years", e, em consequência de sua apreensão ante o destino do Norte, compôs "God Save the Nation". Escreveu também agradáveis canções humorísticas: "Grafted into the Army", em 1862; "Babylon Is Fallen!", em 1863; e "Wake Nicodemus!", em 1864. A canção a que seu nome estará sempre associado apareceu em 1865, nos últimos meses da guerra. Trata-se de "Marching through Georgia", inspirada no histórico avanço do General Sherman para o mar. (Muitos anos depois, a Universidade de Princeton utilizou-se de sua melodia para uma canção de futebol).
Depois que o primeiro tiro foi desferido, também Stephen Foster começou a dirigir sua energia musical no sentido de compor canções de guerra. Ao contrário de Work e Root, não obstante, o que produziu foi muito fraco - entre as peças mais fracas de toda a sua obra. Nenhuma de suas canções de guerra gozou de particular popularidade, e nenhuma sobreviveu. Eis algumas das canções da Guerra Civil, de autoria de Foster: "We Are Coming, Father Abraham", com letra de James Sloan Gibbons, a qual já havia sido musicada por Luther Orlando Emerson, entre outros; "We, ve a Million in the Field" e "Was My Brother in the Battle?", todas de 1862; e, em 1863, "When This Dreadful War Is Ended", "My Boy is Coming from the War", "Nothing but a Plain Old Soldier" e "For the Dear Old Flag I Die".
Oriundas do Norte, mais três outras canções da Guerra Civil são ainda hoje relembradas. "The Battle Hymm of the Republic" era um poema da famosa sufragista e poetisa Julia Ward Howe, composto para uma melodia de William Steffe, muito difundida nos camp meetings² de congregações negras, e conhecidas como "Say Brothers, Will You Meet Us?". No começo da Guerra Civil, essa mesma melodia fora utilizada para a canção "John Brown's Body", que pretendia satirizar um ingênuo e infeliz soldado do 12° Regimento de Massachusetts. Quando os soldados do Norte marchavam para a luta, costumavam acertar o passo cantando essa vibrante canção. Julia Ward Howe ouviu-os cantá-la um dia, em dezembro de 1861, e nessa mesma noite, em seu quarto de hotel, escreveu para ela um eloquente poema, "The Battle Hymm of the Republic". Foi publicada pela primeira vez em The Atlantic Monthly, em fevereiro de 1862, e pouco depois republicada em vários jornais, revistas e em livros de hinos do exército. A canção foi publicada por três diferentes casas editoras. O capelão do 122° Regimento de Voluntários de Ohio ensinou-a a seus soldados. Diz-se que quando Lincoln a ouviu pela primeira vez ficou tão comovido que pediu que a cantassem novamente.
"Tenting on the Old Camp Ground", na qual a solidão terrível do soldado encontra pungente expressão, foi escrita por Walter Kittredge, em 1862. Na véspera de seu recrutamento, Kittredge compôs a letra e a música dessa triste canção, para traduzir seu próprio sofrimento por ter de abandonar o lar e a esposa. Tendo sido vítima, no entanto, de um ataque de febre reumática, o exército o dispensou. Tentaria, depois, vender a canção, mas sem exito, de vez que os editores, onde quer que os procurasse, consideravam-na por demais depressiva para que o público a apreciasse. Agradou, todavia, à Família Hutchinson, que repetidas vezes a apresentou em seus concertos, tendo sido por sua influência que afinal foi publicada por Oliver Ditson, em 1864, com resultados compensadores. Continuou sendo cantada muito tempo depois de terminada a guerra, como peça preferida em acampamentos de soldados, comícios e outros gêneros de reuniões marciais.
"When Johnny Comes Marching Home", de Patrick S. Gilmore, em verdade tornou-se famosa mais tarde, outra guerra, no que pese ter sido composta para a Guerra Civil, quando obteve o sucesso inicial, convém frisar. Patrick S. Gilmore (1829-1892) tornou-se famoso depois da Guerra Civil, como regente da célebre "Gilmore Band", que se exibiu em concertos através de toda a América e ajudou a popularizar a moda dos concertos de orquestras no país. Foi também organizador de grandiosos festivais e festas comemorativas, em que se utilizava de conjuntos musicais imensos. Gilmore fundou sua primeira orquestra exatamente um ano antes da Guerra Civil. Em 1860 incorporou esse conjunto ao 24° Regimento de Voluntários de Massachusetts, conquistando, em consequência, o título de Regente-Geral, com o posto de Coronel. Em 1863 escreveu a letra e a música de "When Johnny Comes Marching Home" e publicou-a sob o pseudônimo de Louis Lambert. Sua orquestra lançou a canção e ajudou a torná-la conhecida entre os soldados da União. Mesmo no Sul, a melodia era tão apreciada que foi usada como música de "For Bales!", canção de versos humorísticos. Mas a grande popularidade de "When Johnny Comes Marching Home" pertence a um período posterior. Revivida com êxito durante a Guerra Hispano-Americana, tornou-se uma de suas principais canções; é hoje em dia habitualmente associada apenas a esta última guerra. Desde o início deste século, "When Johnny Comes Marching Home" tem aparecido em variadas versões - como foxtrote - durante a I Guerra Mundial e como composição sinfônica em ambiciosas adaptações de Roy Harris e Morton Gould.
NOTAS:
¹ O Caminho de Ferro Subterrâneo "era simplesmente um caminho ao logo do qual os negros fugitivos eram auxiliados por filantropos brancos e por aqueles da sua própria raça que viviam nos estados não escravagistas". (Rex Harris - Jazz - p. 53 - Editora Ulisseia - Lisboa - Rio de Janeiro). Eram as "famosas rotas de evasão dos escravos através da fronteira para os estados do Norte". (Id.) (N. do T.)
² Camp meetings - Reuniões religiosas ao ar livre. (N. do T.)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
EWEN, David. História da Música Popular Americana - As canções populares, o teatro musicado e o jazz na América, dos tempos coloniais aos dias de hoje. Tradução de Miécio Teti. Rio de Janeiro: Editora Letras e Artes, 1963, p. 42-49.
CRÉDITO DA IMAGEM:
www.theamericanmirror.com