Santo
Agostinho, Caio Júlio Fedro, Voltaire, Montesquieu e Antônio
Simplício de Almeida Neto
Esse
ano foi bastante produtivo. Tive um artigo publicado na revista do
Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), um capítulo
em livro lançado em outro estado e fui convidado para ser um dos
administradores da página Manaus de Antigamente. O número de
curtidores e de acessos ao blog aumentaram de forma incrível. Com
compromisso dentro e fora da universidade, consegui concluir a
leitura de 5 livros, dos quais 4 incríveis clássicos da literatura
ocidental: Santo Agostinho, Fedro, Voltaire e Montesquieu. Os
clássicos são sempre atuais. A leitura da obra de Simplício de
Almeida Neto ocorreu através de uma atividade acadêmica, e foi
muito proveitosa.
Santo
Agostinho (Coleção Os Pensadores, Abril Cultural, 1999)
Ler
Santo Agostinho é tentar compreender o (s) pensamento (s) de um dos
maiores autores do Ocidente. As
principais obras do bispo da cidade de Hipona e santo
da Igreja são, em ordem cronológica: Contra
os acadêmicos (386); Solilóquios (387); Do Livre-Arbítrio
(388-395); De Magistro (389); De Trinitate (399-422); Confissões
(400); A Cidade de Deus (413-426); e Retratações (413-426).
A Coleção Os Pensadores, da Abril Cultural, traz recortes de várias
obras suas. Me chamaram a atenção a concepção que ele tinha de
História, abordada em A
Cidade de Deus, para ele
o resultado do pecado de Adão e Eva, transmitido para todos os
homens e mulheres, que o expressam na construção da cidade terrena,
dos impérios e das civilizações; e de homem, em Solilóquios,
constituído de duas personalidades: a primeira personalidade
seria o “Homem exterior”, do mundo mundano, com necessidades
biológicas, instintivo e animal. O segundo, o “Homem interior”,
está ligado aos sentimentos, ao plano metafísico com Deus. É no
homem interior, ligado a Deus, que Agostinho busca a felicidade e um
sentido para sua existência.
Fábulas
(Editora Escala, 2006)
Caio
Júlio Fedro, ou apenas Fedro, é um autor com uma trajetória
interessante. Nascido na Trácia, no século I d.C., fora levado para
Roma para servir como escravo de Augusto, que logo lhe deu a
liberdade. Conhecedor do grego, aperfeiçoou seu latim e aprimorou
suas habilidades na escrita. Leitor de Esopo, o principal fabulista
do mundo grego, introduziu em Roma esse gênero através de sua
obra Fabulae (Fábulas). Através de personagens
fictícios como animais, objetos e pessoas, nos transmite grandes
lições de moral, ética, prudência e humildade. Minhas fábulas
preferidas são A gralha soberba e o pavão, sobre
aceitar a nossa vida sem criar falsas imagens desta; A rã
implodida e o boi, sobre como não devemos tentar parecer ser
mais do que realmente somos; A gratidão do rato, de como
não devemos menosprezar as pessoas simples; Desculpas sim,
porém não esquecer, sobre como perdemos a confiança em pessoas
que nos enganam uma vez; e O crime tem preço, sobre como
que faz o mal, o recebe de volta.
Cartas
Filosóficas (Editora Escala, 2006)
Três
elementos estão presentes nessa obra epistolográfica de Voltaire:
tolerância, liberdade e diversidade. Eles são a essência da
cultura burguesa do século XVIII. Crítico ácido dos reis
absolutistas, dos membros da nobreza e do clero, saiu da França e se
refugiou na Inglaterra, redigindo as Cartas
Filosóficas ou Cartas
Inglesas. Em 25 cartas,
o autor compara instituições, costumes, crenças e outros aspectos
da Inglaterra com a França. É uma forma de mostrar para as
autoridades civis e religiosas da França, onde foi perseguido.
Gostei das seguintes cartas: As 7 primeiras sobre grupos
religiosos; 10°
Sobre o Comércio; 8° Sobre o Parlamento; 11° Sobre a Inoculação
do Vírus da Varíola; 20° Sobre os Senhores que Cultivam as Letras;
23° Sobre a Consideração que se deve ter pelos Literatos; e 24°
Sobre as Academias.
Nessas cartas temos o Voltaire filósofo, historiador, ensaísta e
novelista.
Cartas
Persas (Editora Escala, 2 volumes, 2006)
Mais
uma obra epistolográfica, de caráter crítico-social ou uma sátira
para alguns críticos literários. Montesquieu, assim como Voltaire,
é um burguês letrado do século das Luzes, e tece críticas às
instituições políticas e religiosas. Através de um grupo fictício
de viajantes persas, o autor constrói um choque cultural entre a
Europa e o Oriente, gênero comparativo recorrente no século XVIII.
É através de personagens como Rica, Usbek e Ibben, que Montesquieu
consegue escrever, criticar e idealizar as instituições de Paris e
de outras cidades da Europa sem se preocupar com a censura (publicou
o livro de forma anônima em 1721). As cartas que mais me
interessaram, enviadas para amigos que estão na Europa ou no
Oriente, foram: sobre os Monarcas; o Papa, a Comédia, a
Liberdade das mulheres ocidentais em relação às orientais; as
Cortes; e as Religiões.
Representações
Utópicas no Ensino de História (Editora Unifesp, 2011)
Mais
que qualquer outra disciplina, a História traz a questão da utopia
de forma mais clara, pois aborda variados temas passados, todos com
suas contradições, necessitando ser esmiuçados e explicados,
sempre com algum significado para o presente. Temas que retratam
guerras, revoluções, conflitos de classe, movimentos sociais e
políticos, são exemplos de como a História carrega, no passado,
inúmeras lições para se aprender no presente. Representações
Utópicas no Ensino de História, livro do professor Antônio
Simplício de Almeida Neto, trata das representações utópicas que
os professores de história possuem em relação a sua disciplina, a
maneira como eles representam o futuro em relação à disciplina
escolar.
Infelizmente,
nem só de coisas boas o ano feito. Dia 14 perdi meu pai e avô João
Augusto de Carvalho, o qual agradeço imensamente por minha formação,
apesar de não ter sido um neto à altura. Deixei pelo
caminho História do Declínio e Queda do Império Romano,
de Edward Gibbon; e De Pueris, de Erasmo de Roterdã. São
leituras que vão ficar para 2017. Essas que foram feitas acima,
recomendo, pois são obras agradáveis, edificantes para a moral e a
ética, Desejo aos seguidores e seguidoras um bom final de ano e
muitas leituras.
CRÉDITO
DAS IMAGENS:
Estante
Virtual
Editora
Escala
Editora
Nova Alexandria
Livrarias
Saraiva