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segunda-feira, 15 de novembro de 2021

O movimento Republicano no Amazonas

O Amazonas aderiu à República em 21 de novembro de 1889. Naquela data o último Presidente da Província, Manuel Francisco Machado, o Barão do Solimões, entregava o Governo à Junta Governativa Provisória, constituída por Domingos Teófilo de Carvalho Leal, Manoel Lopes da Cruz e Antônio Florêncio Pereira do Lago. Não chegou-se a constituir um movimento republicano de grandes proporções como em outras regiões do Império, o que não quer dizer que ele tenha sido menos importante.

O comerciante, arqueólogo, numismata Bernardo de Azevedo da Silva Ramos (1851-1931) registra que o movimento Republicano no Amazonas ia se desenvolvendo lentamente e fazendo adeptos da causa (RAMOS, 1929, p. 01). Um dos mais antigos republicanos do Amazonas foi o jornalista e historiador paraense Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha (1841-1919), filho do primeiro Presidente da Província do Amazonas, João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha (1798-1861). Bento Aranha defendia os ideais republicanos através da imprensa, criticando tanto a família imperial quanto o Governo da Província. Por suas ações chegou a ser preso e afastado de cargos públicos.

Em 29 de junho de 1889 foi fundado, no Largo de São Sebastião, o Clube Republicano do Amazonas (RAMOS, 1929, p. 01). Foram membros fundadores Domingos Theophilo de Carvalho Leal, Gentil Rodrigues de Souza, Bernardo de Azevedo da Silva Ramos, Olympio F. da Motta, Aureliano A. Fernandes, João Francisco Soares Filho, Graccho de Souza Freire, Manoel Carlos Cabral, Faustino L. Mendes, José Arthur Pinto Ribeiro Filho, João da Cruz M. Fernandes, Joaquim Serra Carvalho, Joaquim Ferreira Prata, José Telles de Souza Lima, João Rodrigues de Mello, José Pinto de Araújo Rebello Junior, Manoel Mendoza, J. V. Catharino Silva, Sergio Gollaço Vera, Raymundo Baptista Duarte, Antonio José Ferreira Netto, Francisco de Araújo Dias, Rodolpho Pinto Mesquita, Eduardo da Silva Perdigão, Capitão João Eneas da Silva, João Vianna, Julio Pinto de Almeida, Francisco Marques de Lemos Bastos, Antonio José Ferreira Netto, Hygino José Claudino Oliveira, Francisco Sisnando Baptista, Almachio Alisidino Pinto Bandeira, Francisco de Barros Cardoso, Ernesto de Pinho Ferreira, Trajano Gomes da Costa, José Jeronymo Bandeira de Mello, Augusto Botelho da Cunha e João Gonçalves Pinto (RAMOS, 1929, p. 01).

A instalação do Clube Republicano do Amazonas ocorreu em 03 de julho, data em que aportou na cidade Luís Filipe Maria Fernando Gastão de Orléans, o Conde d'Eu (1842-1922), em viagem às Províncias do Norte do Império. A direção do clube distribuiu boletins convidando a população para a solenidade, protestando contra o fato de só existirem no Amazonas jornais que defendiam a Monarquia. Bernardo Ramos conta que um desses boletins chegou às mãos do Conde d'Eu, que perguntou ao Presidente da Província: "Também por cá já há disto?". O Presidente, confirmando, perguntou se ele não gostaria que os membros dessa organização fossem castigados, no que ouviu: "Não, não vim aqui tolher a liberdade de ninguém" (RAMOS, 1929, p. 01). De acordo com Arthur Cezar Ferreira Reis, os republicanos lançaram um manifesto em que pediam, além da Proclamação da República, 

"[...] o restabelecimento do crédito e das finanças da província, diminuição dos impostos, garantia do funcionalismo provincial e municipal, organização do ensino público tornando-o livre, criação de escolas técnicas e agrícolas, proteção ao indígenas, desenvolvimento da navegação interna e externa pela livre concorrência, desenvolvimento da indústria fabril, rural e comercial, organização do trabalho" (REIS, 1989, p. 243).

No dia 21 de novembro surge o jornal O Americano, com redação e tipografia na Praça Tamandaré, atual Tenreiro Aranha. Essa folha era descrita como uma defensora dos ideais republicanos, contra a monarquia e seus privilégios. Nesse mesmo dia, após quase uma semana do ocorrido, chegou à Manaus a notícia de que na capital Federal os militares haviam proclamado a República. Arthur Cezar Ferreira Reis explica com detalhes como a notícia chegou ao Amazonas: "Não havia telégrafo pondo o Amazonas em comunicação com o Sul. A linha chegava apenas até Belém, de sorte que só à tarde, às 17 horas de 21 de novembro, fundeado no porto de Manaus, o vapor Manaus, da Companhia Brasileira de Navegação, hoje Lloyd Brasileiro, soube a cidade do que se estava passando no país" (REIS, 1989, p. 244). Joaquim Travassos da Rosa, Antonio Filipe de Souza e Antônio Pedro Borralho, membros da Junta Provisória do Pará, inteiraram o Clube Republicano do Amazonas sobre os fatos que haviam ocorrido no Rio de Janeiro.

A adesão à República ocorreu no Eden-Theatro, localizado na Praça Dom Pedro II, posteriormente Praça da República. Ali foi organizado um governo provisório constituído por três membros do Clube Republicano do Amazonas: Domingos Teófilo de Carvalho Leal, Manoel Lopes da Cruz e Antônio Florêncio Pereira do Lago. O novo governo, ao lado da população, que estava eufórica, se dirigiu ao Palácio do Governo (Paço da Liberdade) ao som da Marselhesa, onde encontrou o Presidente da Província, Manuel Francisco Machado, o Barão do Juruá. Ele não ofereceu resistência, entregando o cargo.

Ao comentar a Proclamação da República, um articulista de O Americano escreveu:

"O povo brazileiro, neste momento solemne em que se apresenta perante o mundo proclamando a sua liberdade, e expulsando do seio da patria os vampiros da realeza, essa familia privilegiada que especulava com a nossa generosidade, para alimentar a vaidade de uma supposta fidalguia, o povo brazileiro se mostra verdadeiramente heroico, verdadeiramente grande" (O AMERICANO, 21/11/1889, p. 01).

O Governo Provisório do Amazonas administrou o Estado até 04 de janeiro de 1890, quando foi nomeado para o cargo o político e militar gaúcho Augusto Ximeno de Vilerroy (1862-1942), que o ocupou até 02 de novembro do mesmo ano. Nesse pouco tempo empreendeu algumas mudanças: dissolveu a Assembleia Provincial e as câmaras municipais, fazendo novas nomeações, acabou com o ensino religioso, criou novas escolas, o Instituto Normal Superior e extinguiu o Museu Botânico. Encerra-se assim a primeira fase do movimento republicano no Amazonas.

FONTES:

O Americano, 21/11/1889.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

RAMOS, Bernardo de Azevedo da Silva. A República no Amazonas, I. Jornal do Commercio, Manaus, 09/06/1929, p. 01-01.

RAMOS, Bernardo de Azevedo da Silva. A República no Amazonas, II. Jornal do Commercio, Manaus, 23/06/1929, p. 01-01.

REIS, Arthur Cezar Ferreira. História do Amazonas. 2° ed. Belo Horizonte: Itatiaia [Manaus]: Superintendência Cultural do Amazonas, 1989.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

A condição do negro após a Abolição: cenário político-social e mecanismos de exclusão

Família de negros no Morro da Babilônia, no Rio de Janeiro. Foto do início do século XX.

A recente produção acadêmica na área das Ciências Humanas sobre o Brasil no período do Segundo Reinado abriu novos horizontes de possibilidades de pesquisa e de questionamentos. A partir de indagações, críticas e a inserção de novos elementos na investigação, passou-se a desmistificar antigas concepções até então enraizadas na historiografia. A escravidão, o processo de abolição e a condição do negro após sua concretização foram alguns dos temas que passaram a ser analisados a partir de novas perspectivas. A figura de "redentores" de certos agentes do Império e a "bondade" dos proprietários de escravos são exemplos do que foi repensado.

A historiador Wlamyra Albuquerque, em O jogo da dissimulação: abolição e cidadania negra no Brasil, afirma que, mesmo com a dissolução das relações jurídicas entre senhores e escravos, do fim de uma legislação que sustentava a relação de domínio sobre o outro por sua condição, surgiram, paralelamente às "mudanças", novos mecanismos que impediam o acesso dos homens de cor ao cenário político-social que se firmava com a nova conjuntura política.

Dentro de uma linha da História social e cultural, também compartilhada do campo das representações, a socióloga Angela Alonso e a historiadora Lilia Moritz Schwarcz analisam o período, o processo de abolição e os projetos que foram pensados para a posteridade. 

Angela Alonso e Lilia Moritz compartilham de um recorte cronológico que, à exceção de alguns momentos, vai da década de 1870 até 1880, podendo, em alguns casos, ser perpassado. Verifica-se nesse período o aumento das discussões e dos embates entre setores da Monarquia e dos Republicanos abolicionistas, entre conservadores e progressistas.

Aliás, falando em embates, o título do livro de Angela Alonso, Flores, Votos e Balas: O movimento abolicionista brasileiro (1868-88), é bastante sugestivo, sendo uma exemplificação das principais etapas desse período. As 'flores' se referem aos debates, no seio de alguns setores políticos da Monarquia, sobre as possibilidades de se abolir a escravidão, que já era vista como uma forma de trabalho que não se adequava mais às nações que tinham o anseio de se modernizar. No caso dos 'votos', o que está em jogo é o enfraquecimento dos saquaremas, os políticos conservadores, e a ascensão dos liberais e progressistas, o que acabou por abrir o caminho para o fim da escravidão. As 'balas' são a fase mais turbulenta, marcada por ações armadas, pela repressão, pelo uso de força e pela violência de contrários e favoráveis.

Angela, de uma perspectiva sociológica, identifica como fator íntimo das discussões sobre a abolição a introdução de ideias positivistas no Império e a urbanização e desenvolvimento do capitalismo industrial. Monarquia, Catolicismo e Escravidão formavam um tripé rudimentar e um obstáculo para a introdução de um novo modo de produção econômica.

Lilia Moritz Schwarcz, em Dos males da dádiva: sobre as ambiguidades no processo da abolição brasileira, analisa, em um primeiro momento, as formas como a abolição foi apropriada pela Monarquia, que criou para si a imagem de sistema popular redentor das pessoas de cor, acreditando que tal ação traria a recuperação de um modelo político já bastante desgastado. Com o fim da escravidão e a não indenização dos proprietários, a Monarquia ruiu, sendo extinguido o Império de Dom Pedro II. As apropriações e projeções não partiram apenas do Estado Imperial. Schwarcz identifica proprietários, homens brancos da elite, se apresentando ou sendo apresentados em jornais da época como "bons samaritanos" ao alforriar seus escravos. As libertações, destaca, tornavam-se motivo de festas onde imperava a passividade do escravo e a suposta bondade de seu dono.

Diferente de outras partes da América, o Império e as elites passaram a imagem de que a emancipação dos escravos foi pacífica, sem maiores tumultos que perturbassem a ordem. As supostas relações de apadrinhamento, de proximidade e cordialidade eram utilizadas para manter os libertos nas propriedades de seus antigos senhores. Paga-se, agora, um salário, um baixo salário, prendendo assim o negro à terra, o que, de certa forma, compensava o antigo dono de suas perdas com o fim do sistema escravista.

Nos anos finais do Império e com o advento da República, ganharam terreno ideias de determinismo racial e de paternalismo. As pessoas de cor, mesmo libertas, continuavam em um plano inferiorizado. Como inserir tão grande contingente na sociedade? O ex-escravo precisava ser civilizado, se libertando de seus costumes, em um processo lento mas necessário para os dirigentes e agentes econômicos do capital. O Estado e os novos proprietários assumem a posição de paternalistas nesse processo. Para endossar os novos mecanismos de diferenciação social, surgem distinções linguísticas: Preto e Negro. O preto é o tipo ideal, submisso, indiferente, fácil de controlar, dócil e disposto ao trabalho. O negro é rebelde, violento, o fugitivo que forma quilombos na mata. Uma matéria publicada no Correio Paulistano, em 13/05/1895, mostra a visão que se tinha dos ex-escravos:

"O que eles dizem e o que eles fazem

(...) e a boa raça africana, tão dócil, tão afetiva, tão amiga, fator de riqueza nacional, a velha raça de Caim, em cujas tetas submissas bebemos, grande parte de nossa vida nacional está aí a nosso lado, humilde e sempre boa, honesta, moderada, serviçal, proliferando em paz, entregue a si mesma, sem incomodar os brancos. Que simpatia por essa velha pária da existência! Que beleza no seu fetichismo, na sua aflição primitiva, no amor que tem aos filhos dos brancos! Incorporada ao povo brasileiro, ela que não nos incomoda vive conosco à parte, sentindo conosco as coisas que sentimos...." (CUNHA E GOMES, 2007, p. 31)

Juridicamente o negro não era mais escravo, mas, por outros meios, continuava em uma posição que lembrava os tempos não tão antigos do Império. Ele não era mais um incômodo, a lembrar do medo das elites de uma rebelião nos moldes da que ocorreu no Haiti, mas vivia à parte da sociedade. Portanto, mesmo após o fim da escravidão, surgiram novos mecanismos que dificultaram a inserção dos ex-escravos, dos negros, na sociedade. Pode-se pensar, como afirma Angela Alonso, que a Abolição foi um movimento plenamente arquitetado pelas elites que buscavam espaço, agora, em um novo sistema político, econômico e social.


BIBLIOGRAFIA:

ALONSO, Angela. Flores, Votos e Balas: O movimento abolicionista brasileiro (1868-88). São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

ALBUQUERQUE, Wlamyra R. de. O jogo da dissimulação: abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. Dos males da dádiva: sobre as ambiguidades no processo da abolição brasileira. In: GOMES, Flávio dos S; CUNHA, Olívia Maria da. (organizadores). Quase cidadão. Histórias e antropologias da pós-emancipação. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.



CRÉDITO DA IMAGEM:

http://guiajosecarlosmelo.blogspot.com.br





terça-feira, 17 de março de 2015

Rio de Janeiro "City of Splendour" (documentário de 1936)


Este belo documentário foi filmado no Rio de Janeiro em 1936, quando este ainda era a capital do Brasil. Intitulado Rio de Janeiro "City of Splendour", faz parte da série de documentários The Voice of The Globe, produzidos pelo jornalista e documentarista  norte-americano John A. Fitzpatrick, e distribuídos pela Metro Goldwyn Mayer. A Technicolor, técnica de colorização de filmes em preto e branco, foi utilizada. Nele aparecem cenas do Palácio Monroe, Teatro Municipal, praças e a Avenida Beira Mar.

Palácio Monroe em 1936.


CRÉDITO DA IMAGEM: http://imagesvisions.blogspot.com.br/

sábado, 5 de abril de 2014

Um Tesouro no bairro de Educandos

Tirando a fiação, que polui a paisagem, é um belo prédio entre as esquinas da rua Manoel Urbano e Boulevard Sá Peixoto.

Depois do sucesso do artigo Casarões e Palacetes de Manaus, prometi aos leitores abordar novamente o assunto. Dessa vez vamos ao Educandos, tradicional bairro da Zona Sul de Manaus. Nesse bairro, ainda existem alguns exemplares de casarões antigos. Próximo a ponte Pe. Antônio Plácido de Souza (indo para o Centro), é possível observar, do ônibus, do carro ou até mesmo em uma caminhada, conjuntos de casas construídas entre os anos 40 e 50. O que mais impressiona é que, os moradores dessas residências, tem conservado um hábito cada vez mais difícil de se ver nas grandes cidades: No final da tarde, cadeiras na frente de casa e muitas conversas entre a família e os vizinhos.

A primeira construção, de 1956, é de autoria de Raimundo Alves de Oliveira (1906-1979), cearense que veio para Manaus em 1953 e se tornou famoso por transformar a arquitetura do Educandos entre 1955 e 1970.

Mas porquê Um Tesouro no bairro de Educandos? Um tesouro, pelo simples fato de que, a construção histórica que irei abordar, 'a Vila Cavalcante' trata-se do único exemplar de arquitetura centenária preservada que restou no bairro.

Hoje pela manhã me encontrei com Cláudio Amazonas, escritor, historiador e pesquisador sobre o bairro de Educandos. Conversamos e tirei algumas dúvidas sobre a Vila Cavalcante. Depois de algumas horas de conversa, fui tirar algumas fotos do casarão. Sobre as fotos, aconteceu um fato interessante. Enquanto eu as tirava, uma senhora que estava observando me perguntou: O que tem de tão especial nessa casa ? Eu disse que é um casarão centenário, último exemplar do bairro. Com espanto ela disse: Menino, eu não sabia, pensava que esse 1912 era o número de localização e não a data da construção.


A Antiga Vila Cavalcante

A antiga Vila Cavalcante, último exemplar conservado e um dos primeiros prédios feitos em alvenaria no bairro.

Segundo o escritor, historiador e pesquisador Cláudio Amazonas, o casarão da antiga Vila Cavalcante foi um dos primeiros prédios de alvenaria a ser construído no bairro. No início do século 20, ruas largas e arborizadas em Constantinópolis (em homenagem a Constantino Nery, governador da época), eram ocupadas por edificações parecidas umas com as outras, com uma arquitetura de origem portuguesa que lembravam chalés.

Na rua Delcídio Amaral existe a Vila Neuza, construída em 1889 (totalmente descaracterizada) e, no Boulevard Sá Peixoto a Vila Péres construída no mesmo ano (já demolida e sem registro algum). No Boulevard Rio Negro, existiram até 1988, dois lindos chalés construídos em 1906 pelo Coronel do Exército Brasileiro e diretor do Hospital Geral de Manaus, José Leandro Hermes de Araújo.

Vamos a principal edificação. No Boulevard Sá Peixoto, a Vila Cavalcante, construída em 1912, é a única dessas construções que o "tempo" não levou e mantem suas características originais.

Em cima do óculo, a data: 1912.

A antiga Vila leva o nome de uma família de seringalistas do Alto Juruá, adquirida em 1912 pelo regatão Manuel Figueiredo de Barros, que morou nela até 1935, quando a vendeu para o comerciante de estivas Joaquim Ferreira da Silva, pela importância de Rs.: 11.000$000 (onze mil contos de réis), através do recibo de 5 de maio daquele ano.

Joaquim Ferreira e a família, 1939.

Na Vila Cavalcante, sob a proteção da família Ferreira, ali residiram, entre as décadas de 40 e 50, importantes personalidades, dentre elas Siqueira Campos, primeiro governador e político de grande expressão no Estado de Tocantins, e os irmãos Denizard (advogado no Rio de Janeiro) e Deni Menezes, famoso repórter esportivo da Rede Globo de Televisão.

Na Vila funcionou, logo que foi criado, em 1924, o Grupo Escolar "Machado de Assis", e na década de 30 o escritório dos Correios, sob a chefia de dona Ivone Robert da Encarnação. Até 19 de novembro de 1990, residia ali, com os filhos, a herdeira de Joaquim Ferreira, dona Hilda, viúva de Adauto Costa, quando a propriedade passou às mãos do comerciante Américo de Souza Santos e, logo em seguida, para o comerciante Demétrio Salles.

Atualmente o prédio pertence à Fundação Santa Catarina, uma organização religiosa vinculada à Igreja Católica.

Esse casarão, assim como eu disse em Casarões e Palacetes de Manaus, é parte da história de Manaus. Graças ao bom coração de seus proprietários, a Antiga Vila Cavalcante permanece de pé. Manaus é assim, a cada caminhada uma nova descoberta a ser feita.


Cláudio Amazonas

Hoje pela manhã, eu e o escritor, historiador e pesquisador Cláudio Amazonas.

Cláudio Amazonas nasceu em 1° de maio de 1945, é jornalista, bacharel em Teologia e graduando em Docência do Ensino Superior. Trabalhou nos jornais A Crítica, Jornal do Commercio, A Notícia e Diário do Amazonas, como repórter, chargista, copy desk e editor. Foi secretário do Serviço de Loteria do Estado, chefe do setor de Comunicações, secretário geral e diretor administrativo da Centrais Elétricas do Amazonas S/A - Celetramazon; foi diretor administrativo/financeiro da Companhia de Navegação Interior do Amazonas - Conavi, diretor-administrativo/financeiro da Empresa Amazonense de Extensão Rural - Emater, pertenceu a diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Amazonas e suplente de Deputado Estadual.

Estreou na literatura com Memórias do Alto da Bela Vista - Roteiro Sentimental de Educandos, lançado na solenidade dos Cem Anos do Teatro Amazonas (1996), seguido de Gonçalo, o Rei da Noite - As peripécias de um certo marreteiro, premiado nacionalmente no I Concursos Literários Cidade de Manaus; Constantinópolis: Origens e Tradições, Prêmio Mário Ypiranga Monteiro, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura e Academia Amazonense de Letras (1997). É membro da Academia de Letras e Artes de Paranapuã - Alap (Ilha do Governador/Rio de Janeiro).

É autor, ainda, de Confidências (poesia-inédito) e Reminiscências, (crônicas-inédito) e Sem Testemunhas (romance policial inédito).


Mais fotos do casarão