quarta-feira, 11 de março de 2015

Colônia Imperial: História do bairro Colônia Oliveira Machado

Igreja de São Francisco das Chagas. Década de 1970.

Localizado à margem esquerda do Rio Negro, vizinho dos bairros Educandos, Santa Luzia, São Lázaro, Crespo, Morro da Liberdade e Vila Buriti; e com uma população estimada em mais de 8.500 habitantes (IBGE, 2010), o bairro Colônia Oliveira Machado tem suas origens ligadas à época da instalação da Província do Amazonas.

Nos anos iniciais da instalação da Província do Amazonas, surgiu a necessidade de se ocupar e desenvolver a região, a mais nova unidade política do Império. Foi nessa época que o presidente da Província, Herculano Ferreira Pena, concedeu terras à Companhia de Navegação e Comércio do Amazonas (de propriedade do Barão de Mauá), que criou, em 08 de julho 1854, a colônia agrícola Santa Maria, futura Colônia Oliveira Machado, onde foram estabelecidas propriedades agrícolas de colonos portugueses e espanhóis.

A presença de colonos estrangeiros, principalmente vindos da Europa, se tornou frequente no Brasil após a proibição do tráfico interatlântico de escravos africanos, em 1850. Como substituição à mão de obra escrava africana, o Imperador Dom Pedro II estimulou a vinda de estrangeiros para o país, facilitando, por exemplo, a aquisição de terras. A colônia agrícola não teve bons resultados, pois o solo onde estava localizada era infértil e os recursos disponibilizados pelo governo eram poucos. O local ficou abandonado por mais de três décadas.

Por volta de 1888, a colônia passa a receber várias famílias vindas da região Nordeste, que passava por uma das piores secas de sua História, a conhecida Seca dos Três Oitos. O Dr. Joaquim de Oliveira Machado, penúltimo presidente da Província, antes de que esta se tornasse Estado com a Proclamação da República, batizou, em 02 de abril de 1889, a antiga Colônia Santa Maria com o seu nome, sugerido pelos retirantes, fundando oficialmente a Colônia Oliveira Machado.

Além da Colônia Oliveira Machado, foram criadas, no interior do Estado, as colônias agrícolas 13 de maio, no Paraná do Careiro; e a de Santa Maria do Janaucá, na margem esquerda do rio Solimões. Todos os colonos que se estabeleciam nelas eram mantidos pelo governo provincial, recebendo mantimentos e pagamentos pelo que era produzido em suas terras.

O padre e escritor Luiz Ruas, em seu texto São Francisco da Colônia Oliveira Machado, publicado no jornal A Crítica em 1980, afirma que a doação de um terreno para a construção de uma pequena capela dedicada a São Francisco das Chagas, no final do século 19, simboliza a forte presença de nordestinos no bairro, principalmente vindos do estado do Ceará, estado onde a veneração a esse santo é forte.

Um fato interessante, contado por Hamilton de Oliveira Leão, autor do livro Colônia Oliveira Machado (edições Muiraquitã, 2010), é que o primeiro presidente da Província do Amazonas, João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, escolheu, em 1850, a região que futuramente seria a Colônia para erguer um forte em substituição ao Forte da Barra, que se encontrava em ruínas. O forte, batizado de Vigia, na verdade era um pequeno posto, que controlava a entrada e saída de embarcações. Desapareceu pouco tempo depois.

O bairro começa a se desenvolver na década de 1930, quando a Estrada do Paredão é expandida para facilitar o acesso à região da “Ponta Pelada”, principal atracadouro das aeronaves da empresa Panair do Brasil. No local do atracadouro, surgiu, aos poucos, uma feira de produtos pesqueiros e hortifrutigranjeiros, a conhecida feira da “Panaí” na pronúncia regional. Em 1945 é construído o aeroporto de Ponta Pelada, que foi o principal aeroporto da cidade até 1976, quando o moderno aeroporto Eduardo Gomes foi inaugurado.

São mais de 160 anos de História. A dança do Maneiro-pau, marcada pelo enfrentamento entre dois participantes com pequenos bastões, e embalada ao ritmo de palmas; a Serraria Pereira, primeira indústria do bairro, criada na década de 1920; e a Festa da Malhação de Judas, comemorada no Sábado de Aleluia, e com duração de três dias; foram importantes elementos culturais do bairro, desaparecidos ou suprimidos por novos hábitos, permanecendo vivos apenas na memória dos mais velhos.


CRÉDITO DA IMAGEM: catadordepapeis.blogspot.com

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O mesmo lugar em dois diferentes momentos



Ver as transformações que ocorrem um um lugar, com o passar do tempo, é algo impressionante. Vejam a Rua Cinco de Setembro, no bairro de São Raimundo, primeira imagem de 1965, foi extraída do documentário "Amazonas, Amazonas", de Glauber Rocha; A outra imagem registrada em 2015 mostra a transformação da área, onde poucos bens imóveis de interesse para preservação ainda resistem, como o casarão de 1913 (http://on.fb.me/1L9ianG), ficava ao lado do antigo Cine Ideal, que não existe mais. O imóvel verde foi sede do São Raimundo.

A "ditadura do automóvel" mostra claramente as transformações urbanas que a cidade sofreu ao longo destes 50 anos entre uma foto e outra. A via que antes era ocupada pela sociedade, através dos quase cinquenta cinemas que se espalhavam por vários pontos da cidade, hoje restam apenas cinemas de shoppings.

A transformação urbana com uma nova metodologia de ocupação, através do Prosamim que avança cada vez mais pelos igarapés de Manaus, a foto mostra mais uma transformação, além do que a posse do automóvel promove sobre a evolução arquitetônica, com a posse de gradis e estacionamentos que deformam, ou degradam toda e qualquer paisagem urbana formada por conjuntos arquitetônicos, que um dia foram harmônicos à cidade. - Hoje os códigos de posturas não servem pra muita coisa.


CONTRIBUIÇÕES: Fabio Augusto de Carvalho Pedrosa, Elza Souza e Keyce Jhones

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

O poema de Carlos Viana

Igrejinha de São Lázaro, 1959

Em 2013, enquanto fazia pesquisas sobre o bairro São Lázaro, tive acesso ao arquivo da paróquia de mesmo nome. Lá, em meio a vários documentos antigos, encontrei uma preciosidade. Em 1959, Carlos Viana, o jovem fundador do bairro, escreveu um poema que refletia o seu sonho de ser padre, sonho esse que infelizmente não se concretizou, por causa de dificuldades financeiras da época, e a fundação da Igreja de São Lázaro.


Sonhos de criança


Meus amigos a coisa mais bonita
Dêste mundo é o tempo de criança
Vive sempre correndo, saltitando;
Sonhando com um futuro cheio de esperança

Digo isto meu amigo e afirmo;
Porque Jesus nos traçou um bom caminho;
Muitas vêzes não meditamos sobre isto;
E nos jogamos em meio dos espinhos

O menino muito cedo se aproxima;
De sua preferida vocação;
Às vezes é fácil seguir o que sonhou
Mas muitas vezes não consegue não

Quando criança sempre eu brincava
De igrejinha fazendo lindo altar
Eu tinha vocação para ser padre
Mas meu desejo não pude realizar;

Porque meu pai era pobre não podia
me educar para eu alcançar;
O grande ideal de minha vida;
Que era a Jesus meu coração entregar

Já que não pude conseguir
Realizar o que tanto sonhei;
No alto de um lindo morro;
Uma Igreja de S. Lázaro formei:

Hoje, eu nesta Igreja que é pobre e esquecida;
Longe - Bem longe, vivo a recordar;
Dos meus doces sonhos de criança;
Agradecendo a Jesus por me amar.


Carlos Viana. Manaus, Am - 12/11/1959


Hoje, no bairro, não existe uma escola, loja, templo religioso ou outro tipo de repartição, que leve o nome de Carlos Viana, o jovem que, com apenas 14 anos, fundou, em uma época de grandes dificuldades para o Estado do Amazonas, o bairro São Lázaro. Fica aqui esse pequeno e valioso registro.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Uma Avenida chamada Sete de Setembro

Rua Municipal (Av. Sete de Setembro), 1917.

A Avenida Sete de Setembro, uma importante via do Centro Histórico de Manaus, começa no antigo bairro de São Vicente, centro antigo, nos arredores do Paço Municipal, antiga prefeitura, e termina na ponte de ferro Benjamim Constant, limite com o bairro Cachoeirinha.

De acordo com Mário Ypiranga Monteiro, em seu Roteiro Histórico de Manaus, a Avenida recebeu, através dos séculos, as seguintes denominações:

''Rua Direita (1787); Rua Liberal (Entre 1831 a 1832); Rua Brasileira (1841); Rua do Sol (1844); Rua de Manaus (1866); Rua Brasileira (1879); Rua Municipal (1894 e 1895); Rua Fileto Pires (1897); Rua Municipal (1898; 1899; 1906; 1913 e 1915); Avenida Sete de Setembro (1922 e 1924); Avenida Efigênio Sales (Entre 1925 e 1929) e Avenida Sete de Setembro (193- até hoje)''. (Avenida Sete de Setembro: o retrato de um passado presente e o seu legado para o turismo em Manaus-Amazonas).

Em seus mais de 2.400 metros de extensão, estão alguns dos marcos históricos e arquitetônicos mais importantes da cidade:

Em seu início, no antigo bairro São Vicente, fica a Praça Dom Pedro II, um dos logradouros mais antigos da cidade, assentado sob um cemitério indígena.

Em frente a Praça Heliodoro Balbi (da Polícia), está o imponente prédio do Gymnasio Amazonense Dom Pedro II, popularmente conhecido como colégio Estadual, a escola mais tradicional de Manaus, fundada em 1886 e responsável por formar vários intelectuais de expressão dentro e fora do Amazonas.

Na Esquina da Avenida Sete de Setembro com a rua Marechal Deodoro, está o prédio do antigo Grande Hotel que, no início do século passado, tinha cem quartos e oferecia serviços de primeira ordem para seus hóspedes. Foi um dos principais hotéis da cidade até 1951, quando foi inaugurado o moderníssimo Hotel Amazonas. Atualmente, funciona em suas dependências uma loja de departamentos.


Avenida Sete de Setembro, com destaque para os prédios da Casa 22 Paulista e o Palace Hotel.

Na parte de trás da Catedral Metropolitana, alguns postes estilo ''cajado de São José'' resistem ao tempo, dando um charme especial àquela parte da avenida. Nessa mesma parte ficam os prédios da Casa 22 Paulista, um tradicional comércio de tecidos construído no final do século 19 que, segundo contam, abrigou 22 paulistas; e o Palace Hotel, inaugurado em 1953, nas dependências do prédio da extinta firma Kahn Polack.

Na esquina da Avenida Getúlio Vargas com a Sete de Setembro, sobram apenas memórias das sessões do Cine Polytheama, fundado em 1916 e tendo encerradas suas atividades em 1973. Para a lembrança dos mais velhos e o conhecimento dos mais novos, parte da fachada com o nome do cinema e duas sereias segurando uma harpa, como símbolos, estão de pé. Atualmente o local funciona como uma das filiais das lojas Americanas.

Passando o Cine Polytheama, mais acima da avenida, quase próximo ao Palácio Rio Negro, fica um conjunto de prédios históricos descaracterizados e poluídos visualmente. Próximo a esse conjunto, um belo prédio cor de rosa, onde funcionou o Quartel do Corpo de Bombeiros e o Museu do Homem do Norte, está abandonado a quase uma década, esperando restauro.


Palácio Rio Negro, 1917.

Construído em estilo eclético, no início do século 20, para ser residência do rico comerciante alemão Kark Waldemar Scholz, o Palácio Rio Negro é talvez a construção mais suntuosa da Avenida Sete de Setembro e uma das que melhor representa o auge do ciclo da borracha. 

Seus jardins, ornamentados com estatuetas de ferro, algumas assinadas por famosos escultores, o piso e as escadarias construídas com madeiras nobres e os imensos salões e móveis importados, revelam o que de melhor o dinheiro da borracha podia comprar. A partir de 1912, a crise da borracha abala o comércio de Scholz. A Primeira Grande Guerra e estagnação da linha comercial Manaus-Hamburgo (Alemanha), pioram a situação do comerciante. 

Para sanar suas dívidas, Scholz hipotecou sua residência para outro seringalista que, mais tarde, em 1917, o vendeu para o governo. O Palácio serviu de sede do Governo do Estado do Amazonas de 1917 até 1995. No local, desde 1997, funciona o Centro Cultural Palácio Rio Negro, aberto a exposições, recitais, lançamentos e eventos.

Com o objetivo de  recuperar a área dos igarapés, que até então era um grande aglomerado de palafitas; e de tornar o local mais prazeroso para os transeuntes, o PROSAMIM, em 2009, presentou a cidade com o Parque Senador Jefferson Péres, uma grande área arborizada, com passeios e atrações como o Chafariz das Quimeras.


Primeira Ponte Romana, 2010.

Ainda na Avenida Sete de Setembro estão três das principais pontes da cidade. Até o final do século 19, essa parte da cidade, assim como outras, era cortada por vários igarapés. Na avenida Sete de Setembro são três: Igarapé de Manaus, Bittencourt e da Cachoeirinha. O governador Eduardo Ribeiro, em ato louvável de expandir os limites da cidade e ligar suas respectivas regiões, manda construir três pontes.


Segunda Ponte Romana.

As duas primeiras, popularmente conhecidas como pontes romanas, por seus estilos pesados e robustos, ou Primeira e Segunda pontes, foram inauguradas no final do mandato de Eduardo Ribeiro, em 1896. A primeira, cujo nome oficial é Floriano Peixoto, foi construída sobre o Igarapé de Manaus. A segunda, conhecida como Marechal Deodoro ou Segunda Ponte, foi construída sobre o Igarapé do Bittencourt. A terceira ponte, construída entre 1890 e 1895, com material importado da Inglaterra, é conhecida como ponte Benjamim Constant. Ela liga o Centro ao bairro Cachoeirinha.


Ponte de Ferro Benjamim Constant, 2009.

A Casa de Detenção de Manaus, oficialmente conhecida como Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, foi concluída em 1906, no governo de Antônio Constantino Nery. O prédio se assemelha a uma fortaleza medieval. Com mais de 100 anos de funcionamento, a cadeia já não consegue atender a demanda. Fugas se tornaram frequentes.

Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa.

Na Avenida Sete de Setembro podem ser encontradas outras construções históricas, muitas delas precisando de restauro e pesquisas mais apuradas sobre suas origens, como, por exemplo, o curioso conjunto de três casas em estilo holandês, na esquina com a rua Visconde de Porto Alegre. É necessária a maior conscientização da população e das autoridades competentes para melhorar a preservação dessa via, importante para a integração entre bairros e rica em História.



CRÉDITO DAS IMAGENS: Manaus Sorriso
                                      ClickAmazônia
                                      http://georgelins.com/


domingo, 9 de novembro de 2014

O ônibus do barão: O Zepelin de Manaus

Ônibus Zepelin passando em frente ao Atlético Rio Negro Clube.

O ônibus Zepelin, semelhante ao balão dirigível inventado (ou patenteado) pelo barão Ferdinand von Zeppelin, que levava o mesmo nome, fez sucesso em Manaus nos anos 1940 e 1950. Existem controvérsias quanto a sua origem. Algumas fontes citam São Luís, outras Belém do Pará. O certo é que, realizando pesquisas, percebi que cada cidade tinha um diferencial em seus ônibus. Esse veículo foi inaugurado em Manaus em 1948, conforme consta em matéria do Jornal do Comércio do mesmo ano, cedida pelo pesquisador Ed Lincon. Os Zepelins pararam de circular pelas ruas de Manaus em 1957. Foram feitas na reprodução do texto apenas algumas modificações na grafia.

Surgirá nas ruas o ônibus "Zepelim"

Em construção, pelo sr. Joaquim Barata Júnior, o original veículo, que poderá transportar 64 passageiros sentados, estando seu custo em 200 mil cruzeiros


Vai Manaus contar, a partir de domingo vindouro, quando será inaugurado, de mais um confortável ônibus. 

O "Zepelin", como será chamado esse transporte de passageiros, não tem o que tirar, quanto à sua feição, do aparelho que lhe deu o nome.

A nossa reportagem, informada da existência desse ônibus, de forma sui-generis, aqui para nós, do Amazonas, esteve, ontem, nas oficinas do sr. Joaquim Barata Júnior, à avenida Sete de Setembro, o qual é seu proprietário, e ali pode constatar, realmente, que se está construindo um ônibus como nos haviam informado. Aliás, é de ressaltar que àquele local tem comparecido grande número de curiosos, que procuram se informar do bojudo "Zepelin", que dentro de poucos dias estará voando por toda Manaus.

Chegados ao local da construção, fomos recebidos pelo sr. Joaquim Júnior, que se colocou à nossa inteira disposição, tendo nos contado que se baseou na construção, em um ônibus com aquela forma, existente no vizinho Estado do Pará. Contou-nos aquele senhor ter sabido, de fonte não muito certa, que o proprietário do transporte "Zepelin", de Belém, havia feito o registro de patente, no Rio de Janeiro, o que não permite seja feito outro. Isto é, por outra pessoa, mesmo dentro daquele Estado, senão pelo dono do registro.

Agora mesmo, ao que consta, o proprietário dessa invenção receberá uma proposta de um industrial de São Paulo, para compra daquela patente, pela soma de Cr$ 300.000,000, no que não foi atendido.

E como foi que conseguiu permissão para aqui fazer a construção? Indagamos.

Ora, sr. Repórter, é muito simples. Eu também desejo ver o Amazonas orgulhoso, por este bonito feitoEntretanto, o meu “Zepelin” não está parecido, nem pouco, com o de Belém. Andei, para tanto, dando uns "driblings”, a fim de que, no caso de ser verdadeira essa versão do registro de patente, pelo comerciante paraense, eu poder provar que o "Zepelin” amazonense não é igual ao paraense. 

A construção do "Zepelin" dManaus já está por... Cr$ 200.000,00, podendo conduzir 64 passageiros' sentados. Possui chassis próprio para ônibus, com teto interno forrado a couro e poltronas estofadas, com molas no assento e no encosto. seu comprimento é de 12 metros, medindo 2 metros 80 centímetros de diâmetro circunferencial, na sua parte mais bojuda.

O "Zepelin" amazonense será inaugurado no próximo domingo, quando fará várias voltas pela cidade com as autoridades e imprensa, que serão convidadas para esse fim, pelo sr. Joaquim Barata Júnior. 

Surgirá nas ruas o ônibus "Zepelim". Jornal do Comércio, 29 de junho de 1948, p. 3 e 4.


Esta postagem não teria sido realizada se não fosse a cortesia do amigo e pesquisador Ed Lincon, que cedeu a matéria de jornal aqui reproduzida.

Ed Lincon, pesquisador sobre a Manaus antiga, com destaque para os cinemas.



CRÉDITO DA IMAGEM: IBGE

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O que significa a terminação 'istão' de países como Afeganistão e Cazaquistão?



Na região desses países onde se fala hindi, persa e quirgiz, 'istão' significa 'lugar de morada' de um determinado povo ou etnia. Afeganistão, por exemplo, significa 'território dos afegãos'; e Cazaquistão, 'território dos cazaques'. Istão deriva de uma antiga raiz linguística indo-europeia, provavelmente sthã. Veja abaixo a origem de alguns dos principais prefixos:

1 - CAZAQUISTÃO
'Alguém independente e livre', usado também pelos russos (cossacos)

2 - UZBEQUISTÃO 
'Homens genuínos', do turco. Nome dado a tribos persas nômades

3 - TURCOMENISTÃO
Como o antigo povo da Ásia chamava a si mesmo

4 - QUIRGUISTÃO
Do turco antigo, significa '40 tribos'

5 - TADJIQUISTÃO
'Cabeça coroada', do persa

6 - AFEGANISTÃO
Referente ao nome de um imperador iraniano, Apakan

7 - PAQUISTÃO
Exceção à regra, 'pak' reúne as iniciais de Punjab, Afeganistão e Cachemira (Kashmir)

ARTONI, Camila. Por que o nome de certos países da Ásia terminam em 'istão'? Revista Galileu. s.d.


FONTES: MOTOMURA, Marina. Por que na Ásia o nome de vários países termina em ''istão''?. Revista Mundo Estranho, edição 16.

ARTONI, Camila. Por que o nome de certos países da Ásia terminam em 'istão'? Revista Galileu. s.d.

domingo, 2 de novembro de 2014

Pelourinho: a origem da palavra

Vista do Rossio, atual Praça Tiradentes no Rio de Janeiro, com o pelourinho. Pintura de Jean-Baptiste Debret, 1834.

Um leitor me perguntou qual a origem da palavra Pelourinho. Para responder essa pergunta, reproduzo aqui um pequeno texto de Sérgio Rodrigues, da coluna Sobre Palavras, da Revista Veja.

Antes de ser nome próprio, pelourinho era um substantivo comum com o sentido de “coluna de pedra ou de madeira, colocada em praça ou lugar central e público, onde eram exibidos e castigados os criminosos” (Houaiss). A palavra – assim como a coisa que designa – existe em português desde 1550, vinda provavelmente do francês pilori, um vocábulo do século 12 oriundo do latim.

Criminosos? Mas não era no pelourinho que se castigavam os escravos, como se vê na famosa ilustração do francês Jean-Baptiste Debret aí em cima? Bem, o pelourinho foi usado por séculos para humilhar e castigar condenados em geral, mas na história do Brasil acabou ligado de forma indissolúvel ao castigo de escravos.
A etimologia da palavra [...] tem alguns aspectos nebulosos: nem todos os estudiosos estão de acordo sobre os passos – e sua cronologia – da transição que levou do latim ao francês pilori, matriz de nosso pelourinho, inicialmente grafado pelovrinho.
No entanto, parece razoavelmente seguro afirmar, concordando com a maioria dos filólogos, quepilori – de sentido idêntico ao que geraria em português – derivou do latim medieval pillorium, ligado por sua vez ao substantivo pila, termo do latim clássico que veio a dar em nosso pilar, “coluna”.

Sérgio Rodrigues. Do pilar ao pelourinho. Coluna Sobre Palavras. Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/consultorio/do-pilar-ao-pelourinho/ acesso em outubro de 2014.


CRÉDITO DA IMAGEM: wikimedia.commons.com