terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Uma Avenida chamada Sete de Setembro

Rua Municipal (Av. Sete de Setembro), 1917.

A Avenida Sete de Setembro, uma importante via do Centro Histórico de Manaus, começa no antigo bairro de São Vicente, centro antigo, nos arredores do Paço Municipal, antiga prefeitura, e termina na ponte de ferro Benjamim Constant, limite com o bairro Cachoeirinha.

De acordo com Mário Ypiranga Monteiro, em seu Roteiro Histórico de Manaus, a Avenida recebeu, através dos séculos, as seguintes denominações:

''Rua Direita (1787); Rua Liberal (Entre 1831 a 1832); Rua Brasileira (1841); Rua do Sol (1844); Rua de Manaus (1866); Rua Brasileira (1879); Rua Municipal (1894 e 1895); Rua Fileto Pires (1897); Rua Municipal (1898; 1899; 1906; 1913 e 1915); Avenida Sete de Setembro (1922 e 1924); Avenida Efigênio Sales (Entre 1925 e 1929) e Avenida Sete de Setembro (193- até hoje)''. (Avenida Sete de Setembro: o retrato de um passado presente e o seu legado para o turismo em Manaus-Amazonas).

Em seus mais de 2.400 metros de extensão, estão alguns dos marcos históricos e arquitetônicos mais importantes da cidade:

Em seu início, no antigo bairro São Vicente, fica a Praça Dom Pedro II, um dos logradouros mais antigos da cidade, assentado sob um cemitério indígena.

Em frente a Praça Heliodoro Balbi (da Polícia), está o imponente prédio do Gymnasio Amazonense Dom Pedro II, popularmente conhecido como colégio Estadual, a escola mais tradicional de Manaus, fundada em 1886 e responsável por formar vários intelectuais de expressão dentro e fora do Amazonas.

Na Esquina da Avenida Sete de Setembro com a rua Marechal Deodoro, está o prédio do antigo Grande Hotel que, no início do século passado, tinha cem quartos e oferecia serviços de primeira ordem para seus hóspedes. Foi um dos principais hotéis da cidade até 1951, quando foi inaugurado o moderníssimo Hotel Amazonas. Atualmente, funciona em suas dependências uma loja de departamentos.


Avenida Sete de Setembro, com destaque para os prédios da Casa 22 Paulista e o Palace Hotel.

Na parte de trás da Catedral Metropolitana, alguns postes estilo ''cajado de São José'' resistem ao tempo, dando um charme especial àquela parte da avenida. Nessa mesma parte ficam os prédios da Casa 22 Paulista, um tradicional comércio de tecidos construído no final do século 19 que, segundo contam, abrigou 22 paulistas; e o Palace Hotel, inaugurado em 1953, nas dependências do prédio da extinta firma Kahn Polack.

Na esquina da Avenida Getúlio Vargas com a Sete de Setembro, sobram apenas memórias das sessões do Cine Polytheama, fundado em 1916 e tendo encerradas suas atividades em 1973. Para a lembrança dos mais velhos e o conhecimento dos mais novos, parte da fachada com o nome do cinema e duas sereias segurando uma harpa, como símbolos, estão de pé. Atualmente o local funciona como uma das filiais das lojas Americanas.

Passando o Cine Polytheama, mais acima da avenida, quase próximo ao Palácio Rio Negro, fica um conjunto de prédios históricos descaracterizados e poluídos visualmente. Próximo a esse conjunto, um belo prédio cor de rosa, onde funcionou o Quartel do Corpo de Bombeiros e o Museu do Homem do Norte, está abandonado a quase uma década, esperando restauro.


Palácio Rio Negro, 1917.

Construído em estilo eclético, no início do século 20, para ser residência do rico comerciante alemão Kark Waldemar Scholz, o Palácio Rio Negro é talvez a construção mais suntuosa da Avenida Sete de Setembro e uma das que melhor representa o auge do ciclo da borracha. 

Seus jardins, ornamentados com estatuetas de ferro, algumas assinadas por famosos escultores, o piso e as escadarias construídas com madeiras nobres e os imensos salões e móveis importados, revelam o que de melhor o dinheiro da borracha podia comprar. A partir de 1912, a crise da borracha abala o comércio de Scholz. A Primeira Grande Guerra e estagnação da linha comercial Manaus-Hamburgo (Alemanha), pioram a situação do comerciante. 

Para sanar suas dívidas, Scholz hipotecou sua residência para outro seringalista que, mais tarde, em 1917, o vendeu para o governo. O Palácio serviu de sede do Governo do Estado do Amazonas de 1917 até 1995. No local, desde 1997, funciona o Centro Cultural Palácio Rio Negro, aberto a exposições, recitais, lançamentos e eventos.

Com o objetivo de  recuperar a área dos igarapés, que até então era um grande aglomerado de palafitas; e de tornar o local mais prazeroso para os transeuntes, o PROSAMIM, em 2009, presentou a cidade com o Parque Senador Jefferson Péres, uma grande área arborizada, com passeios e atrações como o Chafariz das Quimeras.


Primeira Ponte Romana, 2010.

Ainda na Avenida Sete de Setembro estão três das principais pontes da cidade. Até o final do século 19, essa parte da cidade, assim como outras, era cortada por vários igarapés. Na avenida Sete de Setembro são três: Igarapé de Manaus, Bittencourt e da Cachoeirinha. O governador Eduardo Ribeiro, em ato louvável de expandir os limites da cidade e ligar suas respectivas regiões, manda construir três pontes.


Segunda Ponte Romana.

As duas primeiras, popularmente conhecidas como pontes romanas, por seus estilos pesados e robustos, ou Primeira e Segunda pontes, foram inauguradas no final do mandato de Eduardo Ribeiro, em 1896. A primeira, cujo nome oficial é Floriano Peixoto, foi construída sobre o Igarapé de Manaus. A segunda, conhecida como Marechal Deodoro ou Segunda Ponte, foi construída sobre o Igarapé do Bittencourt. A terceira ponte, construída entre 1890 e 1895, com material importado da Inglaterra, é conhecida como ponte Benjamim Constant. Ela liga o Centro ao bairro Cachoeirinha.


Ponte de Ferro Benjamim Constant, 2009.

A Casa de Detenção de Manaus, oficialmente conhecida como Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, foi concluída em 1906, no governo de Antônio Constantino Nery. O prédio se assemelha a uma fortaleza medieval. Com mais de 100 anos de funcionamento, a cadeia já não consegue atender a demanda. Fugas se tornaram frequentes.

Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa.

Na Avenida Sete de Setembro podem ser encontradas outras construções históricas, muitas delas precisando de restauro e pesquisas mais apuradas sobre suas origens, como, por exemplo, o curioso conjunto de três casas em estilo holandês, na esquina com a rua Visconde de Porto Alegre. É necessária a maior conscientização da população e das autoridades competentes para melhorar a preservação dessa via, importante para a integração entre bairros e rica em História.



CRÉDITO DAS IMAGENS: Manaus Sorriso
                                      ClickAmazônia
                                      http://georgelins.com/


domingo, 9 de novembro de 2014

O ônibus do barão: O Zepelin de Manaus

Ônibus Zepelin passando em frente ao Atlético Rio Negro Clube.

O ônibus Zepelin, semelhante ao balão dirigível inventado (ou patenteado) pelo barão Ferdinand von Zeppelin, que levava o mesmo nome, fez sucesso em Manaus nos anos 1940 e 1950. Existem controvérsias quanto a sua origem. Algumas fontes citam São Luís, outras Belém do Pará. O certo é que, realizando pesquisas, percebi que cada cidade tinha um diferencial em seus ônibus. Esse veículo foi inaugurado em Manaus em 1948, conforme consta em matéria do Jornal do Comércio do mesmo ano, cedida pelo pesquisador Ed Lincon. Os Zepelins pararam de circular pelas ruas de Manaus em 1957. Foram feitas na reprodução do texto apenas algumas modificações na grafia.

Surgirá nas ruas o ônibus "Zepelim"

Em construção, pelo sr. Joaquim Barata Júnior, o original veículo, que poderá transportar 64 passageiros sentados, estando seu custo em 200 mil cruzeiros


Vai Manaus contar, a partir de domingo vindouro, quando será inaugurado, de mais um confortável ônibus. 

O "Zepelin", como será chamado esse transporte de passageiros, não tem o que tirar, quanto à sua feição, do aparelho que lhe deu o nome.

A nossa reportagem, informada da existência desse ônibus, de forma sui-generis, aqui para nós, do Amazonas, esteve, ontem, nas oficinas do sr. Joaquim Barata Júnior, à avenida Sete de Setembro, o qual é seu proprietário, e ali pode constatar, realmente, que se está construindo um ônibus como nos haviam informado. Aliás, é de ressaltar que àquele local tem comparecido grande número de curiosos, que procuram se informar do bojudo "Zepelin", que dentro de poucos dias estará voando por toda Manaus.

Chegados ao local da construção, fomos recebidos pelo sr. Joaquim Júnior, que se colocou à nossa inteira disposição, tendo nos contado que se baseou na construção, em um ônibus com aquela forma, existente no vizinho Estado do Pará. Contou-nos aquele senhor ter sabido, de fonte não muito certa, que o proprietário do transporte "Zepelin", de Belém, havia feito o registro de patente, no Rio de Janeiro, o que não permite seja feito outro. Isto é, por outra pessoa, mesmo dentro daquele Estado, senão pelo dono do registro.

Agora mesmo, ao que consta, o proprietário dessa invenção receberá uma proposta de um industrial de São Paulo, para compra daquela patente, pela soma de Cr$ 300.000,000, no que não foi atendido.

E como foi que conseguiu permissão para aqui fazer a construção? Indagamos.

Ora, sr. Repórter, é muito simples. Eu também desejo ver o Amazonas orgulhoso, por este bonito feitoEntretanto, o meu “Zepelin” não está parecido, nem pouco, com o de Belém. Andei, para tanto, dando uns "driblings”, a fim de que, no caso de ser verdadeira essa versão do registro de patente, pelo comerciante paraense, eu poder provar que o "Zepelin” amazonense não é igual ao paraense. 

A construção do "Zepelin" dManaus já está por... Cr$ 200.000,00, podendo conduzir 64 passageiros' sentados. Possui chassis próprio para ônibus, com teto interno forrado a couro e poltronas estofadas, com molas no assento e no encosto. seu comprimento é de 12 metros, medindo 2 metros 80 centímetros de diâmetro circunferencial, na sua parte mais bojuda.

O "Zepelin" amazonense será inaugurado no próximo domingo, quando fará várias voltas pela cidade com as autoridades e imprensa, que serão convidadas para esse fim, pelo sr. Joaquim Barata Júnior. 

Surgirá nas ruas o ônibus "Zepelim". Jornal do Comércio, 29 de junho de 1948, p. 3 e 4.


Esta postagem não teria sido realizada se não fosse a cortesia do amigo e pesquisador Ed Lincon, que cedeu a matéria de jornal aqui reproduzida.

Ed Lincon, pesquisador sobre a Manaus antiga, com destaque para os cinemas.



CRÉDITO DA IMAGEM: IBGE

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O que significa a terminação 'istão' de países como Afeganistão e Cazaquistão?



Na região desses países onde se fala hindi, persa e quirgiz, 'istão' significa 'lugar de morada' de um determinado povo ou etnia. Afeganistão, por exemplo, significa 'território dos afegãos'; e Cazaquistão, 'território dos cazaques'. Istão deriva de uma antiga raiz linguística indo-europeia, provavelmente sthã. Veja abaixo a origem de alguns dos principais prefixos:

1 - CAZAQUISTÃO
'Alguém independente e livre', usado também pelos russos (cossacos)

2 - UZBEQUISTÃO 
'Homens genuínos', do turco. Nome dado a tribos persas nômades

3 - TURCOMENISTÃO
Como o antigo povo da Ásia chamava a si mesmo

4 - QUIRGUISTÃO
Do turco antigo, significa '40 tribos'

5 - TADJIQUISTÃO
'Cabeça coroada', do persa

6 - AFEGANISTÃO
Referente ao nome de um imperador iraniano, Apakan

7 - PAQUISTÃO
Exceção à regra, 'pak' reúne as iniciais de Punjab, Afeganistão e Cachemira (Kashmir)

ARTONI, Camila. Por que o nome de certos países da Ásia terminam em 'istão'? Revista Galileu. s.d.


FONTES: MOTOMURA, Marina. Por que na Ásia o nome de vários países termina em ''istão''?. Revista Mundo Estranho, edição 16.

ARTONI, Camila. Por que o nome de certos países da Ásia terminam em 'istão'? Revista Galileu. s.d.

domingo, 2 de novembro de 2014

Pelourinho: a origem da palavra

Vista do Rossio, atual Praça Tiradentes no Rio de Janeiro, com o pelourinho. Pintura de Jean-Baptiste Debret, 1834.

Um leitor me perguntou qual a origem da palavra Pelourinho. Para responder essa pergunta, reproduzo aqui um pequeno texto de Sérgio Rodrigues, da coluna Sobre Palavras, da Revista Veja.

Antes de ser nome próprio, pelourinho era um substantivo comum com o sentido de “coluna de pedra ou de madeira, colocada em praça ou lugar central e público, onde eram exibidos e castigados os criminosos” (Houaiss). A palavra – assim como a coisa que designa – existe em português desde 1550, vinda provavelmente do francês pilori, um vocábulo do século 12 oriundo do latim.

Criminosos? Mas não era no pelourinho que se castigavam os escravos, como se vê na famosa ilustração do francês Jean-Baptiste Debret aí em cima? Bem, o pelourinho foi usado por séculos para humilhar e castigar condenados em geral, mas na história do Brasil acabou ligado de forma indissolúvel ao castigo de escravos.
A etimologia da palavra [...] tem alguns aspectos nebulosos: nem todos os estudiosos estão de acordo sobre os passos – e sua cronologia – da transição que levou do latim ao francês pilori, matriz de nosso pelourinho, inicialmente grafado pelovrinho.
No entanto, parece razoavelmente seguro afirmar, concordando com a maioria dos filólogos, quepilori – de sentido idêntico ao que geraria em português – derivou do latim medieval pillorium, ligado por sua vez ao substantivo pila, termo do latim clássico que veio a dar em nosso pilar, “coluna”.

Sérgio Rodrigues. Do pilar ao pelourinho. Coluna Sobre Palavras. Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/consultorio/do-pilar-ao-pelourinho/ acesso em outubro de 2014.


CRÉDITO DA IMAGEM: wikimedia.commons.com

A Santa Casa Pede Misericórdia: III passeando pela História de Manaus



Hoje pela manhã, a administradora da página Manaus de Antigamente, Gisela Vieira Braga, em parceria com os historiadores e pesquisadores Otoni Moreira de Mesquita, Ed Lincon, Eylan Lins e eu, que tive o prazer de ser convidado, realizou a III edição do Passeando pela História de Manaus, uma caminhada pelas áreas históricas da cidade. O evento cultural, sem fins lucrativos,  que contou com a participação de várias pessoas, é uma aula prática pública sobre a História do patrimônio da cidade, que infelizmente está bastante deteriorado.



O passeio começou pela Santa Casa de Misericórdia, uma instituição filantrópica de mais de 130 anos, afundada em dívidas e em completo abandono. Um governador, no final dos anos 90, prometeu reformar o prédio. Não deu em nada. Outro, reeleito esse ano, também prometeu reformar o prédio. Vamos fiscalizar e aguardar. Fui convidado para falar da história da instituição e do prédio. Uma epidemia de febre amarela no Amazonas, em 1872, fez surgir a necessidade de se construir um segundo hospital na cidade, já que o único existente na época, o Hospital Militar de São Vicente, não conseguia atender a demanda de pacientes. As obras da Santa Casa tiveram início em 1873 e foram concluídas em 1880. Os paredões do prédio, semelhantes aos do Teatro Amazonas, Palácio da Justiça e Reservatório do Mocó, foram construído nas administração de Eduardo Gonçalves Ribeiro, Fileto Pires e Ramalho Júnior.

Em 14 de janeiro de 1970, a caldeira da lavanderia da Santa Casa explodiu. O impacto foi sentido nas adjacências, e os destroços atingiram locais como o Colégio Militar. 3 pessoas morreram, 15 ficaram feridas. O bar Nossa Senhora dos Milagres, na esquina das ruas José Clemente e Lobo D´Almada, não sofreu nenhum dano. A partir dessa data, ele passou a se chamar bar Caldeira, em referência ao incidente.

Depois da Santa Casa, o grupo partiu para a Praça Dom Pedro II, a área mais antiga da cidade, localizada no antigo bairro de São Vicente. Lá, o historiador e artista plástico Otoni Moreira Mesquita explanou, com grande maestria, sobre a origem da cidade, na segunda metade do século 17, e sua evolução urbanística durante o período provincial e republicano. Ao longo de todo o percurso, Otoni explanou sobre a arquitetura e a História dos prédios da região.



Ed Lincon, pesquisador sobre a cidade, com destaque para os cinemas, e colecionador de imagens antigas, nos apresentou fotos da casa mais antiga de Manaus, da praça e arredores no final do século 19 e início do 20. Seguimos para a rua Bernardo Ramos, a mais antiga da cidade, e depois para o ''litoral'', onde se iniciam os 345 anos da eterna Manáos. Ali, a paisagem dos 3 bairros mais antigos, Centro, São Raimundo e Aparecida, deu uma sensação de viagem no tempo, quando Manaus foi fundada no remoto ano de 1669.

No final três livros foram sorteados, entre eles La Belle Vitrine: Manaus entre dois tempos 1890/1900, de Otoni Mesquita, que faz uma análise profunda e críticas à urbanização da cidade.

Qual a importância de eventos como esse?

''As relações entre passado e presente e as mudanças ocorridas em uma cidade ao longo do tempo, por exemplo, são representadas no centro histórico. Infelizmente o centro histórico de Manaus sofre com o abandono e por essa razão esses movimentos que atuam principalmente na Internet, realizam esses encontros. É uma maneira de sair do virtual e interagir com a realidade, despertando mais interesse, curiosidade e conscientização popular.'' - Gisela Vieira Braga



segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A febre do ouro no Brasil: o Ciclo da mineração

Mapa das Minas Gerais, século 18.

Desde o início das Grandes Navegações, ouro e pedras preciosas atiçavam a imaginação dos europeus, que esperavam encontrar nos territórios descobertos grandes riquezas como as do lendário reino de El Dorado, em algum lugar das Américas ;e as do reino do cristão Preste João, inicialmente citado na Ásia e mais tarde na África.

No Brasil, as primeiras notícias sobre a existência de ouro surgem na época do descobrimento, em 1500, quando os europeus tiveram os primeiros contatos com os nativos que aqui viviam. Isso ficou registrado na Carta a El-Rei D. Manuel, de autoria do escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, Pero Vaz de Caminha.

"O Capitão, quando eles vieram (índios), estava sentado em uma cadeira, bem vestido, com um colar de ouro mui grande ao pescoço [...] um deles pôs olho no colar do Capitão, e começou de acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia ouro." - (Carta de Pero Vaz de Caminha).

Várias foram as tentativas do reino de Portugal de encontrar ouro no Brasil. Foram organizadas inúmeras entradas, expedições organizadas e financiadas pela coroa, e bandeiras, expedições organizadas por particulares, para desbravar o interior em busca de minas. Enquanto isso, os espanhóis saqueavam os metais preciosos dos povos do México e do Peru, e também descobriam minas de ouro e prata. No Brasil, o ouro foi descoberto por bandeirantes paulistas no final do século 17.

"Em 1693, Antônio Rodrigues de Arzão descobriu ouro em Cataguases, atual estado de Minas Gerais; pouco depois, em 1698, Antônio Dias Oliveira descobriu ouro em Vila Rica, atual Ouro Preto; e, em 1700, foi a vez de Borba Gato achar ouro em Sabará. [...] em 1719, Pascoal Moreira Cabral descobriu ouro em Cuiabá e, em 1722, Bartolomeu Bueno Filho achou riquezas em Goiás" - (VICENTINO e DORIGO, 1997, p. 128).

Em 1729 foram descobertos diamantes no Arraial do Tijuco, atual Diamantina, em Minas Gerais. Inicialmente, as minas de diamante foram entregues para particulares, chamados contratadores e, mais tarde, o próprio governo português assumiu a exploração diamantífera.


Mineração de Diamante. Pintura de Carlos Julião.

Essas descobertas causaram uma grande migração de brasileiros e estrangeiros para as regiões das minas, Goiás e Mato Grosso,  que buscavam enriquecer com a mineração. No país, a população passou de 300 mil habitantes no final do século 17, para 3.300.000 mil no final do século 18. Com a mineração como principal atividade econômica e o solo pouco fértil, a agricultura e a criação de animais ficavam de lado, o que acabava gerando a falta de alimentos nessas áreas.

"A mineração produziu uma rápida concentração de populações em zonas pouco férteis, provocando uma grande procura de alimentação e crises terríveis de fome. Como solução, os mineradores de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais passaram a ser abastecidos com reses dos criadores do vale do São Francisco e sertões do Nordeste." (SIMONSEN, 1937, p. 239).

A mão de obra utilizada na mineração era escrava africana. Para o Brasil vieram dois grupos: os bantos e os sudaneses. Se dirigiram para Minas e a região Centro Oeste os sudaneses, negros fortes, altos e de elevado nível cultural. Foram de grande importância nesse ciclo econômico, pois traziam de seu continente séculos de experiência em mineração, tanto é que eram conhecidos como escravos britadores.

A "febre do ouro" foi responsável por conflitos nas Minas Gerais. A região atraiu colonos de vários cantos do país, que não eram bem recebidos pelos paulistas, os descobridores do ouro na região. Os paulistas apelidaram essas pessoas de Emboabas, que significa estrangeiro. Nesse confronto morreram centenas de emboabas e paulistas. O governo português interveio e separou a capitania de São Paulo e Minas Gerais da capitania do Rio de Janeiro. A criação das Casas de Fundição em 1720 e a cobrança de impostos motivou a revolta de Vila Rica, liderada por Filipe dos Santos, no mesmo ano. A revolta foi reprimida pelas autoridades e Filipe do Santos enforcado e esquartejado.


Vila Rica, 1820. Arnaud Julien Pallière.

O ouro propiciou o surgimento de núcleos urbanos como Vila Rica, São João Del Rey, Congonhas do Campo e Pirenópolis. A sociedade colonial se tornou mais diversificada, com mineradores, comerciantes, artesãos, tropeiros e advogados. As possibilidades ascensão social eram maiores. O eixo econômico e administrativo da Colônia, localizado até então na mais populosa e rica região, o Nordeste, mudou para a região Centro-Sul. Estradas foram abertas, cidades foram interligadas e surge pela primeira vez um mercado interno.

"Em 1763, por causa sobretudo de sua proximidade com as lavras de ouro, o Rio de Janeiro substituiu Salvador como capital da colônia, uma mudança que afetaria para sempre o Brasil. Ao escoar para a Europa a maior parte do metal precioso da colônia e, no sentido inverso, receber boa parte dos escravos e produtos destinados às lavras, o porto do Rio de Janeiro se tornou o mais importante da América Portuguesa." (FIGUEIREDO, 2012, p. 236)

Os filhos dos mais ricos iam estudar na Europa, e acabavam trazendo da viajem ideais iluministas, que mais tarde influenciariam várias revoltas no país. Nesse período, as artes, música, literatura, pintura e arquitetura se tornam mais refinadas, como fica evidente nas inúmeras igrejas barrocas e casarões construídos em Minas Gerais,  na composição de músicas sacras e nas obras arcadistas de Tomás Antônio Gonzaga  e Cláudio Manuel da Costa.

O conjunto de artistas mais atuante e criativo do Brasil no século XVIII era formado por dezenas de entalhadores, escultores, pintores e douradores [...]. Além de propiciar a aparição de uma fina escola de arquitetura e artes plásticas, a corrida do ouro estimulou o surgimento do movimento musical de expressão mais elevada nas Américas [...]. A literatura e a poesia fecham o rol dos subprodutos culturais da corrida do ouro. [...] A expressão máxima desse movimento foi o poeta Cláudio Manuel da Costa. (FIGUEIREDO, 2012, p. 234, 235)


Interior da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto. Fernando Piancastelli.

O ouro brasileiro também serviu para aliviar as dívidas portuguesas, em sua maioria com a Inglaterra. O Tratado de Methuen, firmado entre os dois países em 1703, estabelecia que Portugal comprasse tecidos ingleses, enquanto a Inglaterra comprava vinhos portugueses. Os tecidos ingleses tinham um valor muito mais elevado que os vinhos lusitanos.

"Os metais preciosos realizaram assim um circuito triangular: uma parte ficou no Brasil, dando origem à relativa riqueza da região das minas; outra seguiu para Portugal, onde foi consumida no longo reinado de Dom João V (1706-1750), em especial nos gastos da Corte e em obras como o gigantesco Palácio-Convento de Mafra; a terceira parte, finalmente, de forma direta, via contrabando, ou indireta, foi parar em mãos britânicas, acelerando a acumulação de capitais na Inglaterra." (FAUSTO, 2001, p. 49, 50) 

Portugal, visando a maior arrecadação de lucros, criou mecanismos de distribuição de terras, fiscalização e cobrança sobre o ouro extraído das minas. Em 1702 foi criada a Intendência das Minas, órgãos presentes nas regiões mineradoras, cuja função era a distribuição de terras para a extração de ouro, a fiscalização e a cobrança de impostos sobre o metal extraído. Para evitar o contrabando, foi proibida a circulação de ouro em pó e em pepitas e, em 1720, foram criadas as Casas de Fundição, locais onde o ouro extraído era derretido e transformado em barras.

"O imposto cobrado pela Coroa Portuguesa sobre todo o ouro encontrado em suas colônias correspondia a 20% , ou seja, 1/5 (um quinto) do metal extraído que era registrado em "certificados de recolhimento" pelas casas de fundição. Este absurdo e altíssimo imposto, foi intitulado "O Quinto". [...] A Coroa Portuguesa quis, em determinado momento, cobrar os "quintos atrasados" de uma única vez, no episódio que ficou marcado em nossa história como "A Derrama". [...] Afonso Sardinha, em seu testamento declarou que guardava o ouro em pó em vasos de barro. Outro uso comum era o de imagens sacras ocas para esconder o ouro, daí a expressão "santo do pau oco". "(Reinaldo Luiz Lunelli)


Aos poucos as jazidas foram se esgotando, já que a extração era intensa e não possuía planejamento. Na segunda metade do século 18 a produção de ouro começara a cair gradualmente e, para reverter a perda de lucros, a Coroa Portuguesa aumentou os impostos. Esse aumento de impostos e o descontentamento da população, que não conseguia mais pagar o quinto por causa do esgotamento das jazidas, culminou, em 1789, na Inconfidência Mineira. A extração de ouro continuou nas décadas seguintes, mas não na mesma quantidade de antigamente.


FONTES: Carta a El-Rei D. Manuel. Pero Vaz de Caminha. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em 25/10/2014.

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1997.

SIMONSEN, Roberto C. História econômica do Brasil: 1500 - 1820. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1937.

FIGUEIREDO, Lucas. Boa Ventura!: a corrida do ouro no Brasil (1697 - 1810). Rio de Janeiro: Record, 2012.

FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001.

Reinaldo Luiz Lunelli. A atualização do Quinto. s.d. Disponível em: http://www.portaltributario.com.br/artigos/atualizacaodoquinto.htm. Acesso em 29/10/2014.


CRÉDITO DA IMAGEM: http://rafaelflaneur.wordpress.com/
                                   http://professormarcianodantas.blogspot.com.br/
                                   http://www.novomilenio.inf.br/
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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Manaus, sua origem: Considerações finais

Fortaleza de São José da Barra do Rio Negro, 1754.

Manaus, 345 anos de muita História e Estórias. 345 anos de uma data que mescla o possível ano da fundação da Fortaleza de São José da Barra do Rio Negro, em 1669; com o dia e mês de um fato registrado, a elevação de Manaus à categoria de cidade, em 24 de outubro de 1848. Apesar de todos os percalços e a pinta de província, Manaus nos acolhe carinhosamente em seu seio. FELIZ 345 ANOS. - Fábio Augusto de Carvalho Pedrosa, 17, é estudante do ensino médio e pesquisador, autor dos artigos publicados no Jornal do Commercio, Quando Manaus foi Bela e Praças: convivência x recreação. É dono do blog História Inteligente, onde publica textos de História Geral, História do Brasil e História da Amazônia.


Declarações de alguns moradores ilustres


A ti Manaus:

Aguinaldo Nascimento Figueiredo.

"Manaus é a cidade mais universal que conheci em minhas andanças e olha que foram muitas. Mesmo tendo oportunidade de viver em outros lugares, supostamente paradisíacos, preferi ti escolher como meu asilo até a consumação do meu tempo. Em Manaus tudo é democrático, até mesmo o senso comum. É um lugar tão pitoresco que até babacas tem seus 15 segundos de fama e alguns até ensaiam pérolas filosóficas ou são eleitos para governar a cidade. Manaus tem um povo maravilhoso, não apenas o nativo, mas todos aqueles que a escolheram como berço e refúgio. Cidade cosmopolita, padece de muitas anomalias e de muita irresponsabilidade, principalmente por parte daqueles que juram tomar conta dela e fazem tudo ao contrário. Mas um dia ela vai se livrar dessa mediocridade e vai resgatar seu rumo, refazer e redesenhar seu futuro, para isso conte comigo minha aldeia mais globalizada do planeta Terra." - Aguinaldo Nascimento Figueiredo, 56, é professor e historiador amazonense, autor de História Geral do Amazonas, Santa Luzia: História e memória do povo do Emboca, Os Samurais das Selvas: a presença japonesa no Amazonas e centenas de artigos publicados em jornais e revistas.


Otoni Moreira de Mesquita.

"Cada um carrega sua cidade que constrói dentro si. Feita de experiências e vontades, resultado dos desejos e necessidades, construída a partir dos trajetos e contatos, dos cenários e paisagens experimentadas; dos cheiros e sabores registrados, dos personagens do cotidiano e da ficção e do imaginário. Tão material quanto abstrata. Grande parte inventada. Limites variáveis. Do estreito e seco ao mais amplo espaço. O homem que não está vazio não passará em branco pelas coisas que se manifestam na cidade. Poderá até deixar suas marcas, mas independentemente de sua vontade ela haverá de acompanha-lo a onde quer que vá, Não importa qual seja ela. Do norte ou do sul, pobre ou rica se fixará independente de seu gosto ou vontade." - Otoni Moreira de Mesquita, 61, é historiador, artista plástico e jornalista, autor de La Belle Vitrine: Manaus entre dois tempos 1890/1900 e Manaus: História e Arquitetura - 1852/1910.



Ed Lincon.

Por que eu amo Manaus?

"Porque essa é a cidade mais calorosa do mundo. Nossa cultura é rica. Nossa historia é cheia de mistérios e curiosidades. Eu amo Manaus acima de tudo!"- Ed Lincon, 45, é pesquisador sobre os cinemas de Manaus.


Rosa dos Anjos.

"Hoje seria um dia comum se nao fosse pelos 345 anos de uma cidade que me faz sempre voltar, quando viajo, pela comida, pelo carisma do povo, pela história,por tudo o que ela representa em minha vida. MANAUS ,MÃE DAS ÁGUAS, ENCANTADA TE AMO! Parabéns pelos seus 345 anos!" - Rosa dos Anjos é artista visual, agitadora cultural, estudante de Engenharia e Presidente da ACEAM (Associação de Cultura do Estado do Amazonas). É autora de uma das esculturas que fazem parte do roteiro turístico da cidade, a onça do CIGS (Centro de Instrução de Guerra na Selva).


Maria Evany do Nascimento.

Um poema para a amada:

Viajar é sempre bom!
Melhor ainda é voltar. Pra mim é assim.
Quando viajo alimento meus olhos de coisas novas, meus ouvidos, meu paladar, todos os meus sentidos se renovam.

Mas o desejo de renovação não quer ficar só em mim, quer abraçar minha cidade. Tudo o que experimento e gosto eu desejo ter na minha cidade. Não para deixá-la cópia de outros lugares, afinal de contas nosso "porto de lenha nunca será Liverpool". Desejo ter na minha cidade suas belezas exaltadas, suas qualidades potencializadas, sua gente mais feliz.

É certo que toda cidade tem seu calvário, que só pode ser reconhecido se peregrinamos por um tempo. Mas mesmo no caminho do calvário há belezas germinadas.

Manaus é minha cidade, de onde germinei. Posso voar para outros lugares e conhecer outra gente. Isso é bom! Me ajuda e me (re) descobrir e me (re) conhecer. E voltar.

Voltar para esse calor inquietante, no meio de uma cidade sufocada pela floresta. A cidade que nasceu entre o rio e a floresta. Onde eu sinto meus pés no chão. Onde sou parte.

Maria Evany do Nascimento, 40, é arte educadora, doutora em design e pesquisadora sobre as praças e monumentos da cidade. É autora de Monumentos Públicos do Centro Histórico de Manaus.






Benayas Inacio Pereira.



A simplicidade que encanta:

Sou Manaus, e meu signo, Escorpião.
Vivo feliz. Não tenho desenganos.
Hoje, completo, cheio de emoção,
Trezentos e quarenta e cinco anos.


Benayas Inacio Pereira, 79, é formado em Literatura pela AlGRASP (Academia de Letras da Grande São Paulo), poeta, revisor, cronista, contista e estudou Letras por dois anos. Esse paulista de Nova Granada vive em Manaus desde 2001.


De Imperatriz (MA)  para Manaus:

Devânia Carvalho da Silva.

"Manaus de diversidades, riquezas e paisagens exuberantes. Com seus rios e igarapés que servem de estrada para muitos ribeiros. Desde os tempos da Borracha és considerada a Paris dos trópicos, com um povo acolhedor, que batalha todos os dias por uma vida melhor, mas sem deixar a metrópole cercada pela floresta cheia de vida, riquezas e culturas herdada pelo processo de ocupação, de todos os povos vindos de varias regiões e outros continentes dando sua contribuição. O resultado de tudo foi essa Manaus com gente simples e feliz. PARABÉNS MANAUS PELOS SEUS 345 ANOS dando oportunidades para todos que aqui chegam."- Devânia Carvalho da Silva, 38, é formada em Licenciatura em Geografia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA. Veio de Imperatriz, no Maranhão, em 2011. Atualmente desenvolve projetos e ministra aulas para o ensino fundamental e Médio.



A Manaus de Antigamente e a Manaus dos dias de hoje:


Gisella Vieira Braga.

"Como eu amo esse lugar! Minha vida, minha terra, minha casa e meu chão! O sentimento pela minha cidade vai muito além de palavras escritas, de fotos antigas e de prédios restaurados. Sinto paixão pela maneira como ela abraça e recebe o estrangeiro e a liberdade que gera seus filhos. Não importa onde o manauara esteja, ele leva Manaus no seu jeito de andar, falar e de agir. Manaus é assim, como cada um de seus filhos apaixonados, intensa e viva. Sinto-me como uma árvore plantada às margens do Amazonas, se arrancarem meus pés desse chão eu morro! AMO-TE MANAUS MORENA." - Gisella Vieira Braga, 31, é pedagoga e coordenadora pedagógica na SEMED, Manaus. É criadora da página Manaus de Antigamente, que resgata por meio de fotos, documentários, livros e documentos a História da cidade.



Um piauiense apaixonado por Manáos:


João Pinto.

"Fiquei tenso para escrever, hoje, sobre Manaus. Cidade também é gente que tem aniversário e uma mesa posta que espera os convidados. Em tua mesa, além do bolo, deve ter as pupunhas e os risos dos teus filhos, e as caldeiradas de tambaqui. Nessa noite, sento em uma das cadeiras e digo, Alô, Manaus, você me conhece? Sim, escreve para mim uma canção que me faça feliz nesses 345 anos. Boa noite, querida cidade, você para mim foi uma mãe adotiva, deu-me uma sala de aula, uma casa numa periferia, onde plantei minhas couves, inclusive uma família que agora dorme. E, caso queira me dar uma cova, mas que ao lado dela veja o Rio Negro, essa coisa que é o teu pôster mais bonito ao pôr-do-sol." - João Pinto, 63, é aposentado no Magistério amazonense. É também contista, autor de Luzes Esvaídas, O ditador da terra do sol e Contos de uma aula no vermelho, além do romance inédito O porão de Luzilândia, obra que trata sobre o mal de Alzheimer.



CRÉDITO DA IMAGEM: Manaus Sorriso