Gravura de Flammarion (1888).
2015.
Que ano estranho, puxado, de poucas risadas. Confesso que, desde
2012, não sinto mais uma "nostalgia" referente ao
crescimento do país. Temos instalada uma crise política, que
reflete de forma negativa em nossa economia. Aliás, percebemos aos
poucos que, seja qual for a instituição, política ou religiosa,
ela não é criada necessariamente para melhorar a vida das
massas, mas sim para sustentar um número privilegiado de dirigentes,
que as transformam em verdadeiras monarquias. Mas, claro, algumas
pessoas se destacam na multidão e acabam fazendo a diferença.
Democracia
ainda parece ser uma utopia, pois vemos diariamente como esse regime
político é atacado. As disputas ideológicas entre esquerda e
direita, que ganharam força neste ano, mostram como as pessoas não
aceitam as diferenças de pensamento. Com um simples palavra, você
se torna um "coxinha", como outra, um "comuna".
“Posso não concordar
com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de
dizê-la”
- essa frase, erroneamente atribuída a Voltaire, não fez nenhum
sentido esse ano.
“A
História não é a mesma, mas temos a impressão de que, alguns
eventos dela, se repetem”. Essa frase, do meu professor de Teoria
da História, me fez pensar em alguns momentos trágicos que
presenciamos no início e na metade de 2015. Grupos terroristas, em
nome do Islã, promoveram inúmeros massacres no Oriente Médio e no
Ocidente – e conseguiram dominar territórios em nome de uma nova
unidade política. Parece que, assim como na Idade Média, o
Islamismo está tentando novamente expandir suas fronteiras. Mas essa
expansão não vai deixar um legado cultural como a do passado
(língua, arquitetura, botânica, história e literatura), mas sim um
rastro de ódio e medo.
Paz,
um estado de espírito. O homem nunca esteve em paz com seu
semelhante. Aliás, paz é uma fronteira fácil de se cruzar, e
quando atravessada, chega à barbárie. Nem os deuses, nos tempos
primordiais, viviam em harmonia. Resta a nós vigiar essa fronteira,
tentar fortalecê-la
a cada
dia, não deixar os pilares de nossa civilização, erguidos sobre
muitas vidas, sucumbirem por nossas próprias mãos.
Mesmo
com todos os percalços, ainda somos seres incríveis. O hominídeo
que lascava pedras evoluiu, passou a polí-las, dominou os
metais, criando instrumentos mais resistentes. Da observação das
plantas, inventou a Agricultura. Dos excedentes de produção surgiu
o escambo, antecessor do comércio. Do convívio com os animais,
passou a domesticá-los. O nomadismo deu lugar ao sedentarismo, e as
comunidades às cidades. Conquistamos territórios, descobrimos
planetas, construímos tecnologias capazes de realizar tarefas
inimagináveis. É a nossa essência inventiva, de quem luta
diariamente pela sobrevivência.
Continuo
aqui, de pé, esperando as horas para o adeus de 2015. O mundo não
muda se seus habitantes não se candidatarem à mudança. Minhas
crenças? Não são em um ou mais deuses. Vou seguir acreditando nas
pessoas. Sonhador? Não, apenas mais um entre milhares que pensam da
mesma forma, pois sabe que, no fundo, temos a capacidade de nos
transformar para melhor. Que em 2016 aprendamos a conviver com
diferentes formas de pensamento, sem delírios religiosos e que os
dirigentes de fato passem a dirigir o nosso país para o futuro. Meus
mais sinceros votos de paz e prosperidade para os leitores e leitoras
do História Inteligente.
CRÉDITO DA IMAGEM:
http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/fisica-sem-misterio
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