São Lázaro de Betânia.
Quando
comecei minhas pesquisas sobre a História do bairro, em 2011, tive
acesso ao arquivo da Paróquia que, aliás, encontra-se muito bem
preservado. Entre vários documentos, encontrei um bem interessante.
Um texto, com o título História da Paróquia São Lázaro,
de autor desconhecido, cobre, em 6
páginas, a evolução da
paróquia do ano de 1956 até 1991.
Não
se sabe o nome do autor, mas provavelmente pode ser uma ou mais
pessoas ligadas à instituição Católica. Em linguagem simples,
temos, no início do texto, uma apresentação sobre as origens do
bairro, com a chegada dos primeiros moradores em 1956, e, de forma
abrupta, passamos para a “História Paroquial” da comunidade. O
autor (es) descreve detalhadamente os nomes dos primeiros moradores,
datas e etapas de construção da Igreja no bairro e a relação da
comunidade com outras que começavam a surgir nas imediações
Reproduzo
o documento na íntegra, sem fazer maiores alterações, apenas
algumas correções ortográficas:
HISTÓRIA
DA PARÓQUIA SÃO LÁZARO
No
ano de 1956, um pequeno grupo de pessoas, formando um povoado de mais
ou menos dez casas de madeira e taipa, que viviam com um pequeno
salário da venda de capim para casas de colchão, criaram a
comunidade do Barro Vermelho, tendo à frente: Dona Maria Andrade
(conhecida como D. Mariquinha); Dona Nair; Dona Antônia; Sr. José;
Sr. Evilázio; Dona Raimunda; Sr. Hermógenes (de 70 anos, ainda
morador do bairro), e outros.
Com
a chegada de Carlos Viana, jovem idealista, fortificam-se os passos
da caminhada da Igreja no bairro; e no dia 03 de maio de 1958, Pe.
Paulino Lammeier celebra a primeira missa num tronco de marizeiro
(onde hoje é o Seminário Cristo Sacerdote). Neste lugar fizeram uma
capelinha coberta de palha, e depois construíram uma outra pequena e
de madeira. No dia 09 de maio deste ano foram criados o grupo
Apostolado da Oração, a Congregação Mariana e o grupo Filhas de
Maria; e no dia 09 de novembro, funda-se o Clube da Boa Ação. No
dia 11 de fevereiro de 1959, realizou-se a primeira Procissão de São
Lázaro. Neste mesmo ano, no dia 31 de maio, inaugurou-se a 3°
capela de São Lázaro, esta sendo maior que a anterior. A partir de
1960, a Igreja promovia concursos e arraiais para a animação da
comunidade.
Em
março de 1964, a pedido de D. João de Souza e Lima, vem as Irmãs
do Colégio Santa Dorotéia: Irmã Maria do Carmo Peixoto; Irmã
Souza; Irmã Rodrigues; Irmã Montenegro; Irmã Jovita (Peixotinho);
e Irmã Macário; que vinham nos fins de semana com as meninas do
colégio e catequizavam aos domingos no grupo escolar Antóvila
Mourão Vieira; e com elas havia uma jovem catequista chamada Helena,
moradora da comunidade. Elas vinham com Pe. Alcides, para celebrar a
missa. Para melhor trabalhar, Irmã Peixoto, com a ajuda do SESI, das
alunas e do grupo de jovens local, fez um levantamento das crianças
da comunidade. Nesta época foi construída uma nova capela, em
alvenaria; e deram início à construção de um barracão, feito em
mutirão nos fins de semana e à noite, sendo todo o material doado.
Nele era feito o trabalho prático do curso de pedreiro do SENAI, que
realizava-se em São Lázaro. Sua inauguração foi no dia 01° de
janeiro de 1966, com missa celebrada por D. João, e denominou-se
Centro Social Educativo São Lázaro, onde formou-se um clube de
mães, dava-se aulas e se faziam recreações. (Este barracão, hoje
é a Igreja de São Lázaro). São Lázaro foi o primeiro serviço de
mutirão e de trabalhos comunitários.
Em
1967, também em mutirão, construíram uma casa para acolher as
irmãs nos fins de semana, e onde funcionava um pequeno ambulatório,
para facilitar o trabalho das irmãs. Em 1968, Irmã Maria, Irmã
Rodrigues e Irmã Gobites iniciam trabalhos de catequese no Crespo,
iniciando assim a comunidade Bom Pastor. Lá, ficavam debaixo de uma
figueira, conseguindo logo depois uma casa de madeira, onde
celebravam com os padres salesianos, aos domingos após a catequese;
celebravam também casamentos e batizados. Em dezembro de 1971, as
irmãs Dorotéias foram morar na Betânia, e Pe. João Carlos Stefani
assumiu as duas comunidades – São Lázaro e Betânia – que
faziam parte da Paróquia Santa Luzia. Este ficou aí até o início
de 1974.
Após
dois anos de trabalho na comunidade Bom Pastor, chega o movimento
industrial, e é desapropriada a casa. Nesta época veio como vigário
Pe. José Montecone, que logo comprou um outro terreno e construiu
uma capela ampla, inaugurada no dia 01° de janeiro de 1972, com
celebração de missa – e neste mesmo ano, no dia 11 de abril,
festejou-se o padroeiro Bom Pastor e a 1° Eucaristia de 25 crianças,
além de alguns adultos. Por motivo de mal entendido foi demolida a
capela e construída no lugar a escola Dorval Porto; logo foi
conseguido um outro terreno e construída uma capela, inaugurada no
dia 01° de julho de 1973. Nela havia missas aos domingos, confissão,
batizados, assistência aos enfermos. Por um pequeno período, junto
ao Pe. José, deu assistência ao Pe. José Fumagalle; depois, Pe.
Dalbem, enquanto esperava-se um novo sacerdote; mas a comunidade ia
crescendo como Igreja.
Neste
mesmo ano, 1973, sentiu-se a necessidade de formar uma nova
comunidade, na Lagoa Verde: Um senhor chamado Raimundo F. Da Costa
falou com as irmãs Dorotéias, e estas começaram a incentivar nos
círculos bíblicos da comunidade. Uma jovem chamada Clarinha rezava
o terço na parte alta do bairro. Juntaram-se todos e construíram um
salão, onde Pe. José Montecone celebrava missas. Com o tempo, a
comunidade da Lagoa Verde foi crescendo e organizaram sua primeira
Diretoria, a qual falou com D. João e ele comprou um galpão de
madeira, que depois foi ampliado e transformado em um centro social,
que mais tarde foi vendido, e logo comprado um outro, onde até hoje
está a Igreja Cristo Rei. Dom Milton* gostou muito do local,
e hospedou-se por três dias como visita pastoral.
No
início de 1974, assumiu como vigário auxiliar, Pe. Durvalino
Condicelle, que criou o grupo de jovens (OJAC), e organizou a
diretoria como membros de Pastoral na comunidade Bom Pastor. Em 1976,
Pe. Franco Picolly assumiu as comunidades e procurou dinamizar as
pastorais existentes – em São Lázaro, implantou o dízimo e a
Pastoral Familiar com o Grupo de Casais Amigos e incentivou a
participar do CLC (Curso de Liderança Cristã) e do Congresso de
Leigos do Amazonas. Organizou o catecumenato para o Batismo e a
Crisma, reativou o Apostolado da Oração e criou o Conselho
Comunitário de Pastoral; e no Bom Pastor, reforçou a Catequese com
cursos, formando novos catequistas. Em fevereiro de 1977, para a
comunidade Bom Pastor, vem Pe. Sabino Mariga, que dá continuação
aos trabalhos já iniciados, e ainda fez um levantamento das
famílias, visitando cada uma e falando sobre o dízimo, que com o
auxílio de Frei Laurindo, pároco de Santa Rita, foi criado o Dízimo
Paroquial nas duas comunidades. Pe. Sabino, auxiliado por seu
sucessor, Pe. Carillo, deu início à ampliação da igreja,
inaugurando no dia 09 de dezembro de 1979, com presença de Dom
Milton Corrêa Pereira, Pe. Sabino e Pe. Carillo, que no ato recebeu
o cargo de vigário destas comunidades – São Lázaro, Bom Pastor e
Cristo Rei. Em 1980, Pe. Franco e Pe. Mário o auxiliaram nas
comunidades; e o último doou para a comunidade Bom Pastor um
belíssimo sacrário de metal como recordação da Igreja Mãe, Santa
Luzia.
No
dia 14 de outubro de 1980, D. Milton celebrou missa na Igreja São
Lázaro, com presença das comunidades Bom Pastor e Cristo Rei, com a
finalidade de apresentar Pe. Bernardino Micce, e advertir o povo de
suas responsabilidades como Paróquia. No dia 04 de novembro houve
reunião geral com as comunidades e neste mesmo dia, Pe. Bernardino
celebrou sua 1° missa e continuou como pároco até 16 de agosto de
1981. No dia 19 de agosto do mesmo ano, D. Milton e D. Bêda
concelebraram e apresentaram Pe. Ernesto Rodrigues à Paróquia, o
qual celebrou sua primeira missa no dia 23 de agosto, mostrando suas
perspectivas, e dar continuidade nas obras já idealizadas. Ele
iniciou as construções de casas paroquiais em São Lázaro e Bom
Pastor, e construiu novos altares nas mesmas; celebrou sua última
missa no dia 11 de novembro de 1982. No dia 12 de novembro Frei
Ricardo celebrou sua primeira missa. Ele criou vários grupos de
Legião de Maria na Paróquia, tanto de adultos como juvenis; reviu
os grupos existentes. Em 1984, para ajudá-lo, veio Pe. Elimar,
celebrando sua primeira missa no dia 05 de fevereiro na comunidade
Bom Pastor, e que muito colaborou na catequese desta comunidade,
promovendo cursos, que depois se estendeu na Paróquia; ajudou muito
a comunidade Cristo Rei; ficou aí até julho de 1985, sendo um
verdadeiro missionário.
Com
a vinda de Pe. Edimar, Frei Ricardo teve mais tempo disponível e, em
maio de 1984, fez visitas a algumas famílias e juntos começaram a
fazer círculos bíblicos e cultos dominicais, com o objetivo de
organizar as CEB'S, conscientizando de seu valor, com a ajuda de José
Moura, que em 18 de outubro convidou Sr. Alexandre para ajudá-lo nos
encontros; e este, depois, tomou à frente o trabalho. Em dezembro do
mesmo ano, fizeram a novena Natal em Família, com agradável
receptividade, e estes encontros decidiram o local para a construção
da casa comunitária. Em abril de 1985, realizou-se o 1° curso para
pais e padrinhos para o batismo de 11 crianças. No dia 08 de maio,
reuniram-se para escolher uma comissão administrativa para iniciar a
construção da casa – também escolheram São Joaquim como
padroeiro, pois tudo iniciou na Rua São Joaquim. Neste mesmo ano,
do dia 26 de julho, dia de São Joaquim, houve celebração
Eucarística no local da casa, com participação de 72 pessoas. No
dia 11 de agosto teve início a construção e concluíram-na com
doações e muitas promoções.
No
final de novembro de 1985, a comunidade Bom Pastor junto do Frei
Ricardo, organizou a novena Natal em Família na área do Igarapé do
Quarenta, e as famílias mostraram-se interessadas em reunir-se como
Igreja; e deram início a uma nova CEB, pela qual ficou responsável
a Sr° Albanízia, membro do grupo Casais Amigos, da comunidade Bom
Pastor; logo reuniram-se para decidir o padroeiro, sendo escolhido
Menino Jesus, por estar perto do Natal. Nos encontros, a maioria dos
presentes eram crianças. Para construir a capelinha, conseguiram
muitas doações, e vários grupos foram formados: Catequese, Grupo
de Jovens, Congregação Mariana; e havia missas ou cultos
dominicais.
Em
1986, iniciou-se os trabalhos de Catequese em São Joaquim, feitos
nas casas de algumas famílias, e formou-se um grupo de jovens,
ajudados por pessoas das comunidades São Lázaro e Bom Pastor. Neste
mesmo ano, um jovem da Paróquia, Gélio Oliveira Barbosa, entrou
para o Seminário São José, da Arquidiocese, e dá muito impulso
aos jovens da comunidade. Em 1987, Frei Ricardo nomeou uma Diretoria
na comunidade Menino Jesus, a qual organizou a primeira Festa do
padroeiro e depois disto organizou o Dízimo na comunidade. Frei
Ricardo, ainda, promoveu o Planejamento Natural da Família;
organizou cultos ecumênicos, cursos de noivas, cursos bíblicos e
outros. Ele ficou na Paróquia até 30 de junho de 1987.
No
dia 13 de março de 1988, chegam as Irmãs da Divina Providência,
para trabalhar na Paróquia, estabelecendo-se na casa da comunidade
Bom Pastor, que, com a saída de Frei Ricardo, tomam à frente da
Paróquia. Em celebração Eucarística, no dia 03 de julho, Dom
Clóvis Frainer apresentou Pe. Danival como pároco, e Irmã Nelcy
como coordenadora Paroquial – e ainda Frei Plácido, Pe. Pier Paulo
e Pe. Carillo, que celebrarão missas e atenderão os enfermos.
Inicialmente foi organizado o Conselho Paroquial, para organizar uma
Pastoral de conjunto. No dia 05 de julho, reuniu-se pela primeira vez
a coordenação paroquial de catequese. No dia 06 de julho, fundou-se
a Pastoral Operária na Paróquia. No dia 11 de julho iniciaram os
encontros paroquiais de liturgia. No dia 15 de julho reuniu-se pela
primeira vez a Pastoral do Dízimo da Paróquia. No dia 16 de julho
reuniram-se os agentes da Pastoral do Batismo para se conhecer e
reorganizar-se. No dia 17 de julho houve assembléia paroquial com
todos os agentes de pastoral para estudar o objetivo e as diretrizes
da Igreja de Manaus, para haver realmente uma Pastoral de conjunto na
Paróquia; Neste encontro esteve presente Frei Xavier. Ainda, foram
feitas assembleias comunitárias para uma melhor caminhada. No dia 03
de agosto, houve encontro dos Ministros da Eucaristia dos Enfermos e
marcado um encontro para reciclagem de estudos. Em agosto, houve
curso bíblico na paróquia, promovido pela Coordenação Paroquial
da Pastoral de Juventude. Foi criado, em setembro, um grupo
vocacional paroquial. Foram promovidos cursos, e em todas as
comunidades, seus tradicionais arraiais e outras promoções. Foi
criada a Pastoral da Criança. Houve retiro para alguns grupos:
Catequese, Casais Amigos e Crismados. Em 1989, a partir de março,
iniciou a Escola Catequética mensal para os catequistas. Também foi
trocado o telhado da Igreja de São Lázaro. Neste mesmo ano, houve
cursos da Pastoral Operária, de CEB'S, de Noivos e outros; e ainda,
feitas assembleias de avaliação da II APA e preparação da III
APA. Neste ano a Paróquia teve ajuda de seis seminaristas do
Seminário Diocesano São José; e a alegria de mais um jovem, Luiz
Mauro Alencar, sendo admitido no Seminário.
Neste
ano de 1989, no dia 1° de julho, começou a construção do
Seminário de Filosofia Cristo Sacerdote no terreno da Comunidade
Paroquial. Dom Clóvis é o grande idealizador da obra e construiu
para que os jovens tivessem um lugar adequado e decente, onde
pudessem viver a vida fraterna, de estudos, de trabalhos e oração,
e pudessem também servir às paróquias vizinhas. As obras foram
concluídas em 15 de fevereiro de 1990 com a presença de D. Clóvis,
os padres do Conselho Presbiteral, os Vigários Episcopais e todos os
seminaristas dos Seminários Diocesanos.
No
ano de 1990, no dia 11 de fevereiro, tomou posse o novo pároco, Pe.
Mauro Cleto, que assumiu toda a Paróquia de São Lázaro e mais o
Seminário Cristo Sacerdote. A pastoral Paroquial já estava em
andamento, o pároco só continuou dando incentivos às pastorais,
mas reprogramando para o ano de 1991, toda a estrutura pastoral
paroquial.
*Milton
Corrêa Pereira (Cametá, PA, 18 de novembro de 1919 – Manaus, AM,
23 de maio de 1984). Recebeu a ordenação presbiteral no dia 29 de
junho de 1943, em Belém. Foi nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese
de Belém do Pará pelo Papa João XXIII, no dia 23 de agosto de
1962. Exerceu a função de 1962 a 1967. Em 4 de agosto de 1967, o
Papa Paulo VI o nomeou bispo da Diocese de Garanhuns, no Pernambuco.
Em 25 de abril de 1973 recebe a função de Arcebispo Coadjutor de
Manaus. Foi Administrador Apostólico da arquidiocese entre 21 de
abril de 1980 e 5 de março de 1981, quando foi nomeado pelo Papa
João Paulo II para ser Arcebispo Metropolitano de Manaus. Faleceu em
23 de maio de 1984.
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