quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Educandos: O Alto da Bela Vista

Bairro de Educandos. Foto de Silvino Santos. FONTE: Manaus de Antigamente.

O presente texto é uma tentativa de síntese da História do tradicional bairro de Educandos, localizado zona Sul de Manaus, em frente ao Rio Negro, fazendo fronteira com os bairros de Santa Luzia, Colônia Oliveira Machado, Cachoeirinha e Centro.

A origem do tradicional e pitoresco bairro de Educandos, na zona Sul de Manaus, está ligada à criação do Estabelecimento dos Educandos Artífices, instituição criada através da Lei N° 60, de 21 de Agosto de 1856, na administração do Presidente da Província João Pedro Dias Vieira. Nesse local eram ensinados os ofícios de tipografia, sapataria, carpintaria, alfaiataria etc a jovens órfãos e de origem humilde. 

Estabelecimento dos Educandos Artífices, instalado na antiga Olaria Provincial. FONTE: Manaus Sorriso.

De acordo com o Relatório da Comissão Organizadora do Tombo dos Próprios do Município, de 1927, as primeiras ruas do local foram abertas em 1901, num total de 7, sob as ordens do Superintendente Dr. Arthur César Moreira de Araújo. Por meio do Decreto N° 67, de 22 de julho de 1907, do Superintendente interino Coronel José da Costa Monteiro Tapajós, a localidade de Educandos é batizada com o nome Constantinópolis (Cidade de Constantino) em homenagem ao Governador Antônio Constantino Nery.

Ainda com base nesse documento e nas informações do historiador Cláudio Amazonas, em 1908 a Intendência Municipal, na gestão de Domingos José de Andrade, através das Leis N° 487, de 29 de fevereiro; 491, de 04 de março; 507, de 29 de maio; e 538, de 09 de dezembro, dá a denominação das primeiras seis ruas que foram abertas no bairro:

"A rua Norte/Sul n°1 passa a chamar-se Boulevard Sá Peixoto, em homenagem ao sr. Senador Antonio Gonçalves de Sá Peixoto que tão relevantes ser ha prestado ao Estado do Amazonas e especialmente à cidade de Manáos; As ruas Norte Sul n° 2 e 3 passam a chamar-se monsenhor Amâncio de Miranda e Innocêncio de Araújo; As ruas Leste/Oeste n° 1 e 2 passam a chamar-se Delcídio Amaral e Manuel Urbano; A que poderia ser a Norte/Sul n° 3, seria chamada pelo povo de Boulevard Rio Negro, pois se constitui a faixa marginal o bairro frente ao rio Negro. Quanto à praça, seria batizada de Dr. Tavares Bastos, advogado e político alagoano, morto no dia 3 de dezembro de 1875 em Nice, na França, que, dentre outros feitos importantes de sua vida, inclui-se a luta pela abertura dos portos do Amazonas ao comércio mundial e pela libertação dos escravos".

Após essas significativas transformações, o bairro precisa integrar-se ao restante da cidade, comunicando-se com os principais estabelecimentos comerciais e repartições públicas localizadas no Centro da cidade. Até então o contato era feito através das catraias, com seus portos localizados nas ruas Delcídio Amaral e Manoel Urbano. O primeiro porto levava em direção à rua Lima Bacury; o segundo, à rua dos Andradas.

A integração veio através das pontes. Ao todo, foram construídas três em diferentes períodos. A primeira começou a ser construída em 1927 no governo de Ephigênio Ferreira Salles, sendo entregue à população em 1929. Ela ligava o bairro de Educandos ao da Cachoeirinha e, através deste, ao Centro. Três décadas mais tarde, em 01° de maio d 1959, o Governador Gilberto Mestrinho inaugurava a Ponte Juscelino Kubitschek, que esteve em Manaus para a inauguração. Ela também ligada o Educandos à Cachoeirinha, tendo sido erguida dado o aumento do tráfego naquela região. Em 1972 começou a ser construída a terceira ponte, nomeada Pe. Antônio Plácido de Souza. Ela liga o bairro através da rua Delcídio Amaral ao Centro pela rua Quintino Bocaiuva. Ela foi concluída em inaugurada em 18 de outubro de 1975 na administração do Prefeito Jorge Teixeira.

Avenida Leopoldo Péres. FONTE: Acervo do Coronel Roberto Mendonça.

Entre 1928 e 1929 foi aberta a Estrada de Constantinópolis, hoje Avenida Leopoldo Péres. Foi aberta pelos membros da Sociedade Sportiva e Beneficente de Constantinópolis, para facilitar o acesso dos moradores ao bairro da Cachoeirinha pela ponte Ephigênio Salles.


ALGUNS LUGARES HISTÓRICOS, EXISTENTES OU JÁ DESAPARECIDOS

Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. FONTE: Acervo da Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro: Durante as obras da Estrada de Constantinópolis, foi construída em 1928 uma capela de madeira dedicada à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Pe. Antônio Plácido de Souza assumiu o Curato Provisório de Constantinópolis, que se tornou Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em 15 de dezembro de 1941. A atual igreja, de alvenaria, começou a ser construída em 1946, sendo concluída anos mais tarde. Está localizada na rua Inocêncio de Araújo.

Vila Cavalcante. FOTO: Fábio Augusto, 2014.

Vila Cavalcante: Uma das primeiras construções em alvenaria do bairro, a Vila Cavalcante foi construída em 1912. O nome é de uma família de seringalistas do Juruá. Foi adquirida por Manuel Figueiredo de Barros, regatão, que a vendeu em 1935 para o comerciante Joaquim Ferreira Silva. Antes, em 1924, funcionou em suas dependências o Grupo Escolar Machado de Assis e, na década de 1930, o escritório dos Correios. Atualmente o prédio pertence à Fundação Santa Catarina, organização religiosa da Igreja Católica. Está localizada no Boulevard Sá Peixoto.

Antiga Usina Labor. FONTE: Manaus de Antigamente.

Usina Labor: Em 1938 o empresário Isaac Sabbá adquiriu um grande terreno na Estrada de Constantinópolis, construindo nele a Usina Labor, destinada ao beneficiamento de sorva e borracha. A mão de obra empregada nessa indústria vinha do próprio bairro. Na década de 1970 foi transformada na Fitejuta, empresa de tecelagem de juta. Até 2014 funcionou como um dos supermercados DB, mais tarde utilizado pelo Atacadão, não restando qualquer resquício da antiga usina.

Escola Estadual Machado de Assis. FONTE: SEDUC - AM/Instituto Durango Duarte.

Grupo Escolar Machado de Assis: O antigo Grupo Escolar Machado de Assis, hoje Escola Estadual Machado de Assis, foi criado em 1924.  Em 1925 ele passou a ocupar o prédio da antiga Olaria Provincial e Estabelecimento de Educandos Artífices. Sofreu uma grande reforma em 1957, ganhando um novo pavimento.


BIBLIOGRAFIA:

AMAZONAS, Cláudio. Memórias do Alto da Bela Vista: Roteiro Sentimental de Educandos. Manaus: Norma Propaganda e Marketing, 1996.

_______________. Constantinópolis: Origens e Tradições. Manaus: Edições Muiraquitã, 2008.

2 comentários:

  1. Foi o meu querido sogro Joacy Medeiros Alves, que me presenteou com o Livro Memórias do Alto da Bela Vista - Roteiro Sentimental de Educandos - Autor Claudio Amazonas, onde o Joacy teve o prazer de ler e mostrar foto por foto, todo o livro, ao mesmo tempo sorria e as vezes escorriam lágrimas de saudades dos velhos tempos do Educandos.

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  2. Onde eu posso encontrar esse trabalho do autor Claudio Amazonas ?

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