domingo, 8 de dezembro de 2013

A Participação das Mulheres na Primeira Guerra Mundial

Mulheres trabalhando em uma indústria bélica.

Por Patrícia Ramos Braick e Miriam Becho Mota, em História: das cavernas ao terceiro milênio - do avanço imperialista no século 19 aos dias atuais.

Durante a Primeira Guerra Mundial, as mulheres que viviam nos países envolvidos no conflito, sofreram as consequências. Enquanto os homens deslocavam-se em grande quantidade para os campos de batalha, mulheres de classe média e alta passaram a trabalhar fora de casa.

No campo as mulheres ficaram responsáveis pela produção agrícola e pela criação de animais. As que viviam nas cidades foram trabalhar com transportes, dirigindo ônibus e caminhões, e também nas indústrias, entre elas a bélica. Muitas mulheres também dirigiram-se para os campos de batalha para trabalhar como enfermeiras, cozinheiras,motoristas de ambulâncias e etc. Mesmo que a Guerra tenha trazido angústia e sofrimento, ela propiciou muitas conquistas que contribuíram para a emancipação feminina. Em vários países, por exemplo, elas puderam se consolidar como profissionais e adquiriram a independência financeira.

Muitas mulheres conseguiram garantir melhores condições de trabalho e conquistaram um direito muito importante: Estudar em universidades. Melhor do que isso, foi a conquista da legalização do voto feminino em vários países, logo após a Guerra.

Também ocorreram mudanças expressivas no comportamento feminino.As mulheres alcançaram a liberdade de poder saírem sozinhas e dirigir automóveis, passaram a usar roupas mais confortáveis e aderiram ao uso de cosméticos.      

O mundo moderno do século XX exigia coisas práticas como esse tipo de roupa.



CRÉDITO DAS IMAGENS

http://is2fashion.blogspot.com.br
http://www.teoriacriativa.com



 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Uma Missa para o Dr.Eduardo Gonçalves Ribeiro

Eduardo Gonçalves Ribeiro. 

Eduardo Ribeiro (São Luís, 18 de setembro de 1862 - Manaus, 14 de outubro de 1900), foi governador do Amazonas, de 2 de novembro de 1890 a 5 de maio de 1891 e de 27 de fevereiro de 1892 a 23 de julho de 1896.

Eduardo Ribeiro foi o grande responsável pela transformação da capital amazonense em fins do século XIX. Seguindo o exemplo do prefeito de Paris, Georges-Eugène Haussmann, operou grandes transformações em Manaus, com obras até hoje existentes.

As bibliotecas virtuais, sem dúvida, são um dos melhores instrumentos de pesquisas atualmente. Encontrei raridades na Biblioteca Nacional. A Biblioteca Nacional disponibiliza através da Hemeroteca Digital Brasileira parte dos periódicos de época em formato digital.

Encontrei duas edições do jornal "Commercio do Amazonas", um dos poucos exemplares digitalizados sobre a cidade de Manaus. Ao ler o conteúdo das duas edições do Commercio do Amazonas encontrei textos sobre a missa que foi realizada em homenagem a Eduardo Ribeiro, no ano de 1900. Irei transcrever o conteúdo nessa postagem.


COMMERCIO DO AMAZONAS - 21 de outubro de 1900 - Segunda-feira .

Dr.Eduardo Ribeiro

" As caridosas irmãs de Sant'Anna dirigiram ao nosso confrade < A Federação> a seguinte carta:



(carta das irmãs de Sant'Ana)

Sr.Major Euclydes Nazareth.


" As filhas de Sant'Ana e as pobre orphãs do Instituto Benjamin Constant,por esta vêm dar sentidissimos pezames pelo falecimento do nosso querido e inesquecivel protetor, dr.Pensador. A nossa magua é summamente profunda... Entretanto a Providencia Divina quiz assim. Por alma do grande bemfeitor do Instituto Benjamin Constant, mandamos celebrar missas nesta cidade,para que Deus Nosso Senhor, pela sua alta misericordia, de aquelle que fez tanto bem nesta terra a recompensa devida. - Anna Justina Colombo, superiora."


O governador Silvério José Nery também se manifestou:

" Silvério José Nery, governador do Amazonas e o secretário d'este, Porphirio Nogueira, convidam ao povo para assistir a missa de requiem que em nome do estado mandam rezar na Cathedral, às 8 horas do dia 22 do corrente, em suffragio à alma do pranteado dr. Eduardo Gonçalves Ribeiro, antigo governador do Amazonas e presidente do Congresso Legislativo,ao tempo do seu fallecimento.

Outro detalhe a acrescentar: Em pesquisa no periódico do Commercio do Amazonas, do mês de outubro de 1900, encontrei uma nota sobre a vinda da mãe do governador para seu velório na Catedral de Manaus:

" No paquete < Pernambuco> chegou do Maranhão, onde reside, a exma. sra. d. Florinda Ribeiro, veneranda mãe do chorado homem público dr. Eduardo Gonçalves Ribeiro

A respeitável senhora vinha a chamado urgente dos médicos assistentes do illustre finado quando foi surpreendida em viagem pela notícia do doloroso acontecimento que enluctou esta capital

Saudamos á digna matrona, respeitosamente ".

Eis que chega o dia da Missa:



Commercio do Amazonas - 22 de outubro de 1900 - Terça-feira.

" Conforme estava annunciado pela manhã de hontem realizaram-se as exequias mandadas rezar pelo exmo.Sr.Dr.Silvério Nery e seu digno secretario Dr.Porphirio Nogueira,em suffragio da alma do benemerito Dr.Eduardo Gonçalves Ribeiro. Pela volta das 7 horas da manhã era extraordinário o numero de pessoas que cercavam e enchiam a Cathedral, onde devia ter lugar a pomposa commemoração religiosa. D'entre as muitas famílias que compareceram, temos em lembrança as seguintes: Serapião Mello, Carlos Studart, Alfredo Bastos, Jaymes Baird, Leonel Mota, Grans, Dr.Antonio Palhano, Lemos Bastos e o Dr.Miranda Leão."

Eduardo Gonçalves Ribeiro, aproveitando a boa situação financeira do Amazonas, o transformou em um dos Estados mais prósperos e modernos do país. Ele foi, junto de outros seletos políticos, um dos poucos que realmente se importaram com essa região. Deixo aqui minha saudação à sua memória.






quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Breve História da Praça Antônio Bittencourt (do Congresso)

Folheando um livro antigo em um sebo ,encontrei um belo folheto contendo o histórico bem resumido da Praça Antônio Bittencourt,popularmente conhecida como Praça do Congresso:


O Patrono




Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt nasceu em Manaus,no dia 3 de novembro de 1853,pouco mais de um ano após a instalação da Província do Amazonas.Filho do tenente José Ferreira Bittencourt e Damiana Filipa de Souza.Ingressou nas tropas que serviriam na Guerra do Paraguai,destacando-se como militar de carreira. Começou na condição de Alferes,passou à Guarda-Aduaneiro,Amanuense da Secretaria Geral da Província,progredindo em todas as funções e aposentando-se como Oficial Maior,ou Diretor Geral,com 25 anos de serviço.

Integrou o Partido Democrata,chefiado por Emílio José Moreira com o qual rompeu em 1896.Foi deputado provincial e deputado estadual em diversas ocasiões.Foi Secretário Geral do Estado no governo de Silvério Nery (1900-1904) e candidato ao senado da República (1903).Foi indicado e eleito vice-governador do Estado na chapa de Antônio Constantino Nery (1904-1908).Eleito Governador do Estado,no período de 1908 a 1912,com apoio partidário e do presidente Affonso Penna.Foi deposto do cargo em 1910,quando do célebre bombardeio de Manaus,mas reconduzido ao cargo por ordem do presidente da República Nilo Peçanha.O período foi de grande tumulto político e de graves consequências para as finanças e a ordem pública,mas ainda assim,Bittencourt foi austero em sua administração e honrado em toda a sua vida.

Foi um dos fundadores do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas,em março de 1917,assumindo a presidência logo após a gestão de Bernardo Azevedo da Silva Ramos.Integrou a maçonaria amazonense,galgando todos os graus e exercendo os mais destacados cargos administrativos.

Casou-se com Antônia de Andrada Bittencourt,com quem teve os filho Raymundo,Francisca e Agnello.Quando viúvo,casou-se com sua prima Amélia de Souza Bittencourt,com quem teve vários filhos,entre eles Dalila e Ilza.

Faleceu em 1926.

O Lugar



(Praça do Congresso,1959)

Ainda no tempo do Império do Brasil (1822-1889),tudo começou no espaço chamado de Largo do Paiçandu - homenagem ao território uruguaio tomado em 1865.Desapareceu com o aterro do Igarapé do Espírito Santo e a abertura de ruas e loteamentos,formando na parte final da região,o jardim do Palácio Novo.

Uma comissão de Saneamento do Estado propôs a bifurcação da Avenida Eduardo Ribeiro,em frente ao Palácio do Governo,para facilitar o trânsito de veículos,e para este fim,desapropriou áreas,iniciando-se o movimento de terras.As obras passaram a ser realizadas em derredor do Palácio e essa ampla esplanada,anos depois,foi sendo reduzida por cessão de terras públicas para edificações particulares,resultando na sua formação atual.Já designada Praça 5 de setembro - em homenagem à elevação do Amazonas à categoria de Província,o jardim foi completamente reformado,na administração municipal do professor Gilberto Mestrinho,sendo o desenho artístico elaborado pelo Dr.Areolino de Azevedo.

Os Nomes Antigos


Constituiu-se inicialmente como Largo do Paiçandu.A denominação seguinte foi Praça 5 de setembro.Recebeu o nome de Praça Antônio Bittencourt em homenagem ao político renomado da época - Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt.Popularmente foi chamada de Praça da Saúde,em razão do edifício sede da Repartição de Saúde Pública,ali existente por muitos anos.



(Prédio da Saúde,1960)

A denominação popular que mais se fixou na memória coletiva foi Praça do Congresso,referência direta ao 1°Congresso Eucarístico Diocesano de Manaus e à comemoração dos 50 anos de criação do Bispado do Amazonas,realizado naquele logradouro em junho de 1942.



(Congresso Eucarístico e comemoração da criação do Bispado do Amazonas,1942)

Monumentos



Durante muitos anos a Praça permaneceu sem monumentos,constituindo-se em uma esplanada aberta diante do antigo Palácio,e só recebeu melhoramentos quando dos preparativos para o 1°Congresso Diocesano de Manaus,de 1942.Para esse evento foram edificados o mastro com a bandeira Nacional e o monumento a Nossa Senhora da Conceição.



(Monumento a N.S.Conceição,2002,foto de Maria Evany do Nascimento)

Anos depois,o prefeito Manoel Ribeiro mandou edificar um busto em bronze em homenagem ao governador Eduardo Ribeiro,Substituído na reabilitação e restauração do logradouro no Governo Omar Aziz,por meio da Secretária de Estado da Cultura.


Vizinhança


O entorno da Praça foi valorizado por vizinhança ilustre,ainda que tenha perdido o sentido da proposta original,de um grande jardim frontal ao Palácio do Governo.O palacete de esquina da Rua Monsenhor Coutinho serviu de Residência e gabinete de trabalho a Harold Howard Shearme Wolferstan Thomas,mais conhecido como Dr.Thomas,médico canadense formado em medicina tropical em Liverpool,atuou em Manaus por muitos anos.No mesmo palacete,anos depois,pelo prefeito Amazonino Mendes,foi instalada a Biblioteca João Bosco Pantoja Evangelista - importante escritor e professor amazonense.



(Residência e gabinete do Dr.Thomas,1922)

Na mesma quadra se encontram a residência da família Bulbol,comerciantes respeitados de Manaus,a casa de residência do diretor do Colégio Militar de Manaus e que serviu também de residência para os generais comandantes do GEF - Grupamento de Elementos de Fronteira e da região militar,Rodrigo Octávio Jordão Ramos quando comandante militar da Amazônia.

Ao centro e ao alto,no local onde seria o Palácio do Governo,está o Instituto de Educação do Amazonas,ali instalado pelo governo de Álvaro Maia.



(Instituto de Educação do Amazonas - IEA)

Do lado oposto,em linha com o Instituto Benjamin Constant,antigo Instituto Elisa Souto,encontra-se a residência do médico Arlindo Frota e o Prédio do Departamento de Saúde Pública,este já demolido.Completando o entorno,no local do antigo e belíssimo palacete Miranda Corrêa,está o edifício do mesmo nome,e o Ideal clube,de imponente arquitetura.



(Instituto Benjamin Constant)


(Palacete Miranda Correa,1930)



(Ideal clube)

praça tem sido logradouro para grandes festejos populares,cívicos,políticos e religiosos.Serve para solenidades cívicas de abertura da Semana da Pátria,solenidades comemorativas do Fogo Simbólico da Pátria,apresentação de bandas marciais escolares do Instituto Benjamin Constant,do Colégio Brasileiro,Colégio Dom Bosco,serviu para a posse do governador Gilberto Mestrinho,Comícios das Diretas Já,eventos sociais e desportivos.


Leiam:

Monumentos Públicos do Centro Histórico de Manaus,da escritora Maria Evany do Nascimento.

Visitem:

MANAUS DE ANTIGAMENTE: https://www.facebook.com/Manausdeantigamente?ref=ts&fref=ts

MANAUS SORRISO: https://www.facebook.com/pages/Manaus-Sorriso/318107561622534?ref=ts&fref=ts

MANAUS ONTEM,HOJE E SEMPRE:https://www.facebook.com/nossamanaus?ref=ts&fref=ts






sábado, 30 de março de 2013

Livro: Monumentos Públicos do Centro Histórico de Manaus

(Maria Evany do Nascimento e eu)

Este livro,que sem dúvidas se tornou um dos marcos da cidade de Manaus,tem como recorte histórico as peças datadas de 1882 a 1995.No período de 1882 a 1906,época em que a economia da borracha financiou a importação de objetos artísticos,temos os objetos mais decorativos como coretos e fontes.

(Fonte Decorativa da Praça da Matriz,foto:Evany Nascimento)

De 1930 a 1995,tem-se a colocacão de obras homenageando personalidades da história do Brasil e de Manaus.São obras menos monumentais,como os bustos.

(busto do ex-governador Álvaro Maia,foto:Jornal a Crítica)

Na década de 1940,no entanto,foi registrada a colocação de dois monumentos comemorativos: o Obelisco (Monumento a cidade de Manaus) e o Monumento a Nossa Senhora de Conceição.

(Obelisco de 1948)

(Monumento a Nossa Senhora,foto:Evany Nascimento,2002)

O objetivo maior era efetuar o mapeamento desse acervo de obras artísticas dos logradouros públicos do Centro Histórico de Manaus.Outro objetivo,mais ambicioso,era contribuir,de alguma forma,para a preservação desses marcos e obras artísticas,bem como a memória e a história de cada uma delas que fazem parte do patrimônio cultural da cidade.O que implica ainda no resguardo da cultura visual do Centro Histórico.

(fotos de Evany Nascimento)


O terceiro objetivo:proporcionar a população o conhecimento dos bens artísticos existentes e o significado histórico e simbólico dessas obras.Esse objetivo está sendo realizado agora,com a publicação deste trabalho


"O Centro de Manaus é o bairro que marca o início da construção da cidade, e concentra a área comercial também.É um local de arte,como um museu a céu aberto"-Maria Evany do Nascimento





sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Censo no Brasil Imperial

Somos ou não somos Racistas?
Eis a questão que desafia legisladores, intelectuais, cientistas e historiadores há mais de um século, em uma nação que é tão mestiça quanto desigual.

Ser negro, preto, pardo, moreno, corado no Brasil
O conceito de raça para o ser humano foi desmontado por cientistas e geneticistas nos últimos anos. Não se pode dizer raça num sentido científico, mesmo que a palavra ainda exista para o senso comum ou para alguns movimentos reivindicatórios. Todavia, ainda é aplicada uma categorização pela cor. Para o IBGE, atualmente podem ser chamados de negros os cidadãos de cor preta ou parda que se identifiquem como negros. Mas não foi sempre assim.

O trabalho da historiadora Ivana Stolze Lima demonstra que no Brasil imperial os censos e outras iniciativas de conhecimento demográfico encontraram dificuldades para se concretizar justamente porque questões relativas à cor e à condição da população brasileira eram problemáticas. Os censos apareceram como uma iniciativa do governo, inserida no espírito do tempo e nas tentativas de categorizar e conhecer típicas de meados do século XIX. Contudo, no início houve resistência da população, que receava um controle do Estado em suas vidas. Temia-se que os censos acarretassem tentativas de re-escravização ou de aumento de impostos. Os censos praticamente não funcionaram no período, quase não tendo valor estatístico para um estudo populacional. Porém, têm grande valor qualitativo, bem como outros documentos tais quais registros de batismos e casamentos.

Nesses registros, sempre aparece a categoria "branco", sendo a população dividida em homens e mulheres. Para os negros, há outras subcategorias, como a de escravo, livre, liberto, negro ou pardo. O termo mulato aparece em menor ocorrência, mas sempre substituindo o termo pardo. O censo geral do império, em 1872, buscava categorizar a população quanto a "raças", admitindo também a categoria "caboclos", além de "branco", "pardo" e "preto". Porém, em outros documentos oficiais, começa-se a omitir a categoria "cor" a partir de meados do século XIX, o que indica, mais uma vez, que esse critério poderia causar constrangimento e que já não havia mais uma relação de "sinonímia entre ser branco e ser livre".

No início do século, instituições como a Marinha contavam com grande participação de negros e mestiços. Na primeira iniciativa de identificação, com a criação do Gabinete de Identificação da Marinha em 1908, consta que 71% dos identificados como soldados navais naquele ano eram classificados como negros ou pardos, havendo 27% de brancos, dentre os quais brancos "claros" ou "corados". Essas identificações não eram fixas, no entanto. Um mesmo indivíduo identificado duas vezes, em 1908 e 1912, poderia passar de "negro" para "pardo" ou "moreno", ou vice-versa, de acordo com os critérios do classificador do dia. Da mesma forma, dentre os brancos, alguns soldados poderiam ser identificados como "branco corado" ou "moreno corado". A categoria "mulato" não aparece citada. Isso indica que a questão da cor não era assim tão fácil de ser identificada no Brasil do início do século XX.

Mais recentemente essa dificuldade foi novamente comprovada. Um levantamento feito pelo historiador Clóvis Moura, após o censo de 1980, indica que foram citados 136 nomes de cores diferentes pelos brasileiros inquiridos. Alguns brasileiros declararam ter cor "acastanhada", "café-com-leite", "branca-suja", "burro-quando-foge", "cor-de-canela", "cor-de-cuíca", "sapecada", dentre muitas outras. Segundo o autor, essa pluralidade atestaria, mesmo que por meio do humor, que o brasileiro foge de uma identificação étnica.

Outra pesquisa recente, elaborada pela equipe do geneticista Sérgio Pena no início da década, comprova que 87% dos brasileiros receberam ao menos 10% de genomas africanos. Ao mesmo tempo, os mesmo índices de ancestralidade genômica indígena ocorrem somente em 24% dos brasileiros. Segundo os resultados da pesquisa, há mais sangue negro do que indígena correndo nas veias dos brasileiros, e a mestiçagem seria um fato comprovado. Mais do que isso, o estudo prova que tanto intelectuais quanto cientistas ainda estão muito interessados no assunto.

Sílvia Capanema P. de Almeida é jornalista e doutoranda em história na EHESS, Paris. Ensina na Universidade de Paris X, Nanterre.