Casa Bolo Confeitado, na Avenida Joaquim Nabuco, no Centro. Foto de 2017.
Casa,
nossa fortaleza, nosso refúgio. Na maioria das vezes, expressão
máxima de uma conquista individual ou de uma família, pois boa
parte de nossas vidas é dedicada à sua construção ou aquisição.
Um olhar mais atento por nossa cidade nos permite descobrir algumas
residências peculiares, seja por suas arquiteturas, seja pelas
histórias que carregam por trás do concreto, do ferro e de outros
materiais. Nesse texto, escolhi três casas que se destacam por suas
arquiteturas, cafonas para alguns, exóticas para outros: Casa Bolo
Confeitado, na Avenida Joaquim Nabuco, no Centro; Casa da Borboleta,
no Beco São Lázaro, no bairro de São Geraldo; e a Casa Carro, na
Avenida Kako Caminha, também no bairro de São Geraldo.
Casa
‘Bolo de Noiva’, ‘Bolo Confeitado’,’Carmen Miranda’.
Esses são alguns dos nomes dados a essa residência, talvez uma das
mais chamativas da cidade, localizada na Avenida Joaquim Nabuco, no
Centro, próximo do Edifício Novoa. Seu estilo, kitsch, é
caracterizado pelo exagero de ornamentos e mistura de estilos
arquitetônicos que resultam em uma obra que foge do tradicional. Ela
foi construída entre 1930 e 1940, tendo sido um presente do
comerciante Ermindo Barbosa, dono da casa de aviamento J. A. Leite &
Cia, vítima do acidente com o avião Constellation da Panair do
Brasil em 1962, para sua filha Edith Barbosa, que estava completando
15 anos. Na sua época, era uma das poucas construções que fugia
dos padrões arquitetônicos até então em voga, oriundos do início
do século XX. Do lado esquerdo da casa, existe o que parecia ser a residência
original da família, com a data de 1902 gravada no portão. No entanto, fui informado de que esta é a antiga residência do Major Cyrillo Neves.
Escultura do jardim da Casa Bolo Confeitado. Foto de 2013.
Além
da construção em si, chama a atenção dos transeuntes da Avenida
Joaquim Nabuco a escultura localizada no jardim daquela casa. A
peça, em ferro, representa uma senhora, possivelmente uma empregada,
vestida com trajes típicos da Europa, lavando uma criança à força. O conjunto foi
importado de
uma casa de fundição inglesa.
A
casa continua de pé, imponente, sendo administrada de longe por
descendentes da família Barbosa. Nela, por muitas décadas, dona
Edith viveu alegremente com sua companheira Judith. A casa, assim
como sua dona, desafiou os padrões de uma época, triunfando no
final.
Casa Borboleta, no Beco São Lázaro, bairro de São Geraldo. Foto de 2017.
A
Casa Borboleta está localizada no Beco São Lázaro, paralelo à
Avenida Kako Caminha, no bairro de São Geraldo. Uma grande
borboleta, cheia de detalhes e feita a partir da técnica de mosaico
com azulejos, se projeta na fachada dominando
a paisagem.
Até
o ano passado, ela era desconhecida por boa parte das pessoas. Na
parte de trás, a estrutura é de madeira e parece ser habitada. Sua
arquitetura tem ares modernistas, podendo ter sido construída entre
as décadas de 1950 e 1960, pois alguns moradores daquela
área afirmam
que em 1970 ela já existia. A técnica de mosaico com pedaços de
azulejo se tornou bastante popular no Brasil nessa época,
principalmente na construção civil. As famílias os adquiriam a
preços baixos nas fábricas, aplicando-os nas fachadas das casas,
nas calçadas ou em outros ornamentos.
Casa Carro, na Avenida Kako Caminha, também no bairro de São Geraldo. À esquerda, uma foto de 2005. À direita, uma foto de 2017.
Vizinha
da Casa Borboleta, a Casa Carro, na Avenida Kako Caminha, foi
construída em 1953 pela Construtura Lima, responsável por outras
obras na cidade, para ser a residência do Sr. Bonifácio Azevedo,
que não sabia dirigir e não tinha automóvel. Ela
fez parte do imaginário de várias gerações, que se maravilhavam
com um carro, na contramão, na fachada de uma residência.
Atualmente
ela
é
propriedade de Maria de Azevedo Alves, filha de Bonifácio Azevedo.
Casa
Bolo Confeitado, Casa Borboleta, Casa
Carro.
Essas residências exóticas, cafonas para uns e encantadoras para
outros, parecem ser a materialização dos desejos de seus
proprietários, sejam eles desejos de infância (Casa
Borboleta),
desejos não alcançados (Casa
Carro)
ou o desejo de encaminhar o futuro dos descendentes (Casa
Bolo Confeitado).
Não sendo um saudosista, pois acredito que o homem é filho de seu
tempo, mas é
perceptível que a
arquitetura atual perdeu a criatividade e a preocupação com a
estética. Isso, claro, reflexo de tempos corridos que exigem nossa
praticidade.
CRÉDITO DAS IMAGENS:
Germaneo Toloto
Fábio Augusto
Otoni Moreira Mesquita
Rodrigo Zannotto.
muito interessante.
ResponderExcluirLegal a história peculiar de nossa cidade...sou.muito curioso pela historia desses prédios principalmente do centro de manaus.
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluirMorro de rir. Não está escrito youe deathly go
ResponderExcluiré aquela velha história: "quem conta um conto, aumenta um ponto". Ja entrei nessa casa e é muito interessante. Mas só fiquei na sala. Um senhor que fazia gravação em metais que me atendeu. Perdi contato infelizmente.
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