domingo, 1 de outubro de 2017

Casas Peculiares de Manaus

Casa Bolo Confeitado, na Avenida Joaquim Nabuco, no Centro. Foto de 2017.

Casa, nossa fortaleza, nosso refúgio. Na maioria das vezes, expressão máxima de uma conquista individual ou de uma família, pois boa parte de nossas vidas é dedicada à sua construção ou aquisição. Um olhar mais atento por nossa cidade nos permite descobrir algumas residências peculiares, seja por suas arquiteturas, seja pelas histórias que carregam por trás do concreto, do ferro e de outros materiais. Nesse texto, escolhi três casas que se destacam por suas arquiteturas, cafonas para alguns, exóticas para outros: Casa Bolo Confeitado, na Avenida Joaquim Nabuco, no Centro; Casa da Borboleta, no Beco São Lázaro, no bairro de São Geraldo; e a Casa Carro, na Avenida Kako Caminha, também no bairro de São Geraldo.

Casa ‘Bolo de Noiva’, ‘Bolo Confeitado’,’Carmen Miranda’. Esses são alguns dos nomes dados a essa residência, talvez uma das mais chamativas da cidade, localizada na Avenida Joaquim Nabuco, no Centro, próximo do Edifício Novoa. Seu estilo, kitsch, é caracterizado pelo exagero de ornamentos e mistura de estilos arquitetônicos que resultam em uma obra que foge do tradicional. Ela foi construída entre 1930 e 1940, tendo sido um presente do comerciante Ermindo Barbosa, dono da casa de aviamento J. A. Leite & Cia, vítima do acidente com o avião Constellation da Panair do Brasil em 1962, para sua filha Edith Barbosa, que estava completando 15 anos. Na sua época, era uma das poucas construções que fugia dos padrões arquitetônicos até então em voga, oriundos do início do século XX. Do lado esquerdo da casa, existe o que parecia ser a residência original da família, com a data de 1902 gravada no portão. No entanto, fui informado de que esta é a antiga residência do Major Cyrillo Neves.

Escultura do jardim da Casa Bolo Confeitado. Foto de 2013.

Além da construção em si, chama a atenção dos transeuntes da Avenida Joaquim Nabuco a escultura localizada no jardim daquela casa. A peça, em ferro, representa uma senhora, possivelmente uma empregada, vestida com trajes típicos da Europa, lavando uma criança à força. O conjunto foi importado de uma casa de fundição inglesa. A casa continua de pé, imponente, sendo administrada de longe por descendentes da família Barbosa. Nela, por muitas décadas, dona Edith viveu alegremente com sua companheira Judith. A casa, assim como sua dona, desafiou os padrões de uma época, triunfando no final.

Casa Borboleta, no Beco São Lázaro, bairro de São Geraldo. Foto de 2017.

A Casa Borboleta está localizada no Beco São Lázaro, paralelo à Avenida Kako Caminha, no bairro de São Geraldo. Uma grande borboleta, cheia de detalhes e feita a partir da técnica de mosaico com azulejos, se projeta na fachada dominando a paisagem. Até o ano passado, ela era desconhecida por boa parte das pessoas. Na parte de trás, a estrutura é de madeira e parece ser habitada. Sua arquitetura tem ares modernistas, podendo ter sido construída entre as décadas de 1950 e 1960, pois alguns moradores daquela área afirmam que em 1970 ela já existia. A técnica de mosaico com pedaços de azulejo se tornou bastante popular no Brasil nessa época, principalmente na construção civil. As famílias os adquiriam a preços baixos nas fábricas, aplicando-os nas fachadas das casas, nas calçadas ou em outros ornamentos.

Casa Carro, na Avenida Kako Caminha, também no bairro de São Geraldo. À esquerda, uma foto de 2005. À direita, uma foto de 2017.

Vizinha da Casa Borboleta, a Casa Carro, na Avenida Kako Caminha, foi construída em 1953 pela Construtura Lima, responsável por outras obras na cidade, para ser a residência do Sr. Bonifácio Azevedo, que não sabia dirigir e não tinha automóvel. Ela fez parte do imaginário de várias gerações, que se maravilhavam com um carro, na contramão, na fachada de uma residência. Atualmente ela é propriedade de Maria de Azevedo Alves, filha de Bonifácio Azevedo.

Casa Bolo Confeitado, Casa Borboleta, Casa Carro. Essas residências exóticas, cafonas para uns e encantadoras para outros, parecem ser a materialização dos desejos de seus proprietários, sejam eles desejos de infância (Casa Borboleta), desejos não alcançados (Casa Carro) ou o desejo de encaminhar o futuro dos descendentes (Casa Bolo Confeitado). Não sendo um saudosista, pois acredito que o homem é filho de seu tempo, mas é perceptível que a arquitetura atual perdeu a criatividade e a preocupação com a estética. Isso, claro, reflexo de tempos corridos que exigem nossa praticidade.


CRÉDITO DAS IMAGENS:

Germaneo Toloto
Fábio Augusto
Otoni Moreira Mesquita
Rodrigo Zannotto.




5 comentários:

  1. Legal a história peculiar de nossa cidade...sou.muito curioso pela historia desses prédios principalmente do centro de manaus.

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  2. Morro de rir. Não está escrito youe deathly go

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    1. é aquela velha história: "quem conta um conto, aumenta um ponto". Ja entrei nessa casa e é muito interessante. Mas só fiquei na sala. Um senhor que fazia gravação em metais que me atendeu. Perdi contato infelizmente.

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