quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Recife nos Tempos da Cólera

Rua da Cruz, Recife, 1855.

O primeiro caso de cólera na capital de Pernambuco foi registrado em 28 de janeiro de 1856. A vítima faleceu em apenas 24 horas. Todos os esforços empreendidos por médicos e autoridades locais para deter o avanço da doença foram inúteis. Isso foi só o começo: nos três primeiros meses daquele ano, o cólera matou 3.338 moradores do Recife, o equivalente a cerca de 5% da população.
Desde 1849 até então, haviam sido registrados 11 surtos epidêmicos na cidade do Recife, sendo os mais graves os de febre amarela (de 1849 a 1852) e esse de cólera. A constância das epidemias denunciava a insalubridade do ambiente urbano, que se tornou alvo dos higienistas e das autoridades provinciais de Pernambuco ao longo de todo o século XIX.
Os caminhos que o cólera seguiu pelo mundo desde a sua origem revelam a insalubridade das cidades e a falta ou a precariedade dos serviços públicos de esgoto e de abastecimento de água como principais fatores de proliferação da doença. O delta do Rio Ganges, na Índia, é considerado o local de origem das pandemias de cólera ocorridas nos séculos XIX e XX. Suas águas serviam de cenário para rituais de purificação ligados à vida e à morte, que criavam as condições propícias para a disseminação da doença.
Mesmo banhado por dois rios, o Capibaribe e o Beberibe, o Recife ainda não era provido de água potável suficiente para toda a população, já que ambos os rios são invadidos pelo mar até duas léguas – aproximadamente 12 quilômetros – acima de sua foz, além de sofrerem com o despejo de dejetos. Assim, os habitantes da cidade consumiam água das cacimbas e dos poços ou mandavam buscá-la no Monteiro ou em Beberibe, de onde era transportada por escravos em canoas reconhecidamente desprovidas de higiene.
O acesso limitado às redes de esgoto, a destinação imprópria dada ao lixo e a oferta insuficiente de água tratada formavam um quadro de má gestão do ambiente, contribuindo para a epidemia de cólera. Muitas medidas foram tomadas para evitar que a doença se alastrasse nessas condições tão propícias. Uma delas foi o controle do movimento portuário. A Provedoria de Saúde do Porto do Recife sugeriu ao governo provincial que os navios vindos de lugares infectados fossem submetidos a uma quarentena de observação, devendo os passageiros seguir para o lazareto da Ilha do Pina – estabelecimento destinado ao controle sanitário que abrigava pessoas que podiam ser portadoras de moléstias contagiosas. Lá, elas disporiam de acomodação e assistência médica.
Essa medida não foi bem-aceita pelos viajantes e pela população. Por isso a Vigilância Sanitária do Porto pediu a colaboração da força policial para que fosse posta em prática. O local permaneceu guardado por sentinelas, para evitar que possíveis infectados deixassem o lazareto e circulassem pelas ruas da cidade antes do término do tempo previsto para o isolamento. Outra medida adotada foi a exigência de apresentação de uma carta de saúde no ato da entrada do navio, comprovando o estado do porto de onde ele procedia.
Mas essas providências não impediram a chegada da epidemia,obrigando o governo provincial a decretar “estado de peste”. Cerca de 15 hospitais provisórios exclusivos para coléricos foram instalados em toda a cidade, evitando os riscos de contágio advindos do deslocamento e da concentração de muitos doentes em um espaço confinado. A preocupação com o contágio também levou à criação de uma companhia de desinfetadores, que deveriam se deslocar para os lugares onde aparecessem novos casos da doença com utensílios e agentes químicos necessários para realizar uma desinfecção imediata.
Outro problema era a resistência da população à hospitalização, o que levou a Comissão de Higiene a pôr em prática uma campanha de isolamento dos doentes em suas próprias casas e de desinfecção. Os agentes de saúde contavam com o apoio da polícia para garantir o cumprimento das medidas sanitárias e das quarentenas impostas.Contudo, os focos de contágio, sobretudo dos mocambos – habitações mais humildes e rústicas –, estavam espalhados pelo Recife inteiro, inclusive pelos bairros mais urbanizados. Isso levou as autoridades a adotar um plano de higienização da cidade, com o objetivo de limpar as ruas, as praias, as praças, os mercados, o cais e todos os locais públicos onde houvesse entulhos e alagados. As fontes de água potável também passaram a ser rigorosamente policiadas, sendo proibida a lavagem de roupas e de animais. 
Durante a epidemia de 1856, os sepultamentos, antes cercados de pompas fúnebres, eram realizados rapidamente, por sugestão da própria Comissão de Higiene. Na capital e no interior da província, a população foi tomada pelo pânico. Muitos fugiam na tentativa de evitar a contaminação. Em meio ao desespero, abandonavam os parentes doentes à própria sorte e, por vezes, chegavam a deixar os cadáveres insepultos. A epidemia não só matava como provocava medo e desordem.
Em todo o Brasil, nos anos de 1855 e 1856, cerca de 200.000 vidas foram ceifadas pela doença. Até então, nenhuma epidemia vitimara tanta gente no Brasil. Revisitar esse passado permite repensar a falta de compromisso das autoridades com seu dever de propiciar a infraestrutura necessária à manutenção de um meio ambiente mais salubre e livre de doenças como o cólera, sinônimo de subdesenvolvimento.  

FONTE: Revista de História da Biblioteca Nacional. Recife nos tempos do cólera. Texto de Rosilene Gomes Farias. Ano 7. N* 82. Julho de 2012.


CRÉDITO DA IMAGEM:  http://www.gibanet.com

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O Grande Baile em Manaus, no Palácio

 Residência do Presidente da Província.

Na passagem pelo Amazonas, o casal Agassiz descreveu um grandioso baile ocorrido na cidade de Manaus, entre 1865 e 1866. Tratava-se de uma homenagem ao Sr. Tavares Bastos, político que foi presidente das províncias de Alagoas, de 29 de outubro a 30 de outubro de 1838, e de São Paulo, de 8 de novembro de 1866 a 12 de outubro de 1867.

8 de novembro - Desacostumada animação reina desde alguns dias em Manaus. Trata-se de organizar um grande baile em homenagem ao Sr. Tavares Bastos. Onde se realizará? Em que dia? A que hora? E, quanto às senhoras, que vestido havemos de botar, qual será a toalete da Sra...? Tais os motivos da animação. Essas delicadas questões foram enfim resolvidas e ficou aprovado que a "função" teria lugar no dia cinco deste mês, no "Palácio". Este é o nome invariavelmente dado à residência do Presidente, mesmo quando ela consiste numa pequena casa, modesta demais para carregar o pomposo título. A noite do dia marcado não foi tão favorável como se desejava; esteve muito escura, e, como o luxo de carruagens é totalmente desconhecido, os grupos atravessam às carreiras as ruas iluminadas por lanternas de mão. Aqui e ali, pelo caminho, via-se, num trecho de rua, surgir do escuro uma toalete de baile saltando por cima duma poça de lama. Entretanto, quando todos já haviam chegado, observei que nenhum dos vestidos sofrera muito com a caminhada pelas ruas. Era grande a variedade das toaletes; a seda e o cetim misturavam-se à lã e às gazes, e os rostos mostravam todas as tonalidades do negro ao branco, sem esquecer as cores acobreadas dos índios e dos mestiços. Não há aqui, com efeito, o menor preconceito de raça. Uma mulher preta — admitindo-se, já se vê, que seja livre — é tratada com a mesma consideração e obtém a mesma atenção que teria se fosse branca. Todavia, é raro encontrar-se na sociedade uma pessoa que seja absolutamente de pura raça negra, mas vêm-se numerosos mulatos e mamelucos, como chamam aos mestiços de índio e negro. Reina geralmente um certo constrangimento na sociedade brasileira, mesmo nas grandes cidades; com mais forte razão nas pequenas, onde, para evitar qualquer omissão, se exagera ainda mais o rigorismo das convenções sociais. Os brasileiros, com efeito, tão hospitaleiros e bons, são muito formalistas e enfatuados em matéria de etiqueta e cerimônias. As damas, ao chegarem, vão sentar-se em banquetas estofadas que estão colocadas ao longo das paredes do salão de danças; de tempos em tempos, um cavalheiro avança corajosamente até essa formidável linha de encantos femininos e diz algumas palavras; mas só mais tarde, depois que as danças dividem os convidados por grupos que se misturam é que a festa se torna realmente alegre.

Nos intervalos, as bandejas circulam, carregadas de doces e xícaras de chá e por volta de meia-noite a ceia é servida; as damas tomam lugar à mesa, tendo, de pé, por trás de cada uma, os seus cavalheiros. Principiam logo os brindes e as saúdes, feitos e recebidos com entusiasmo. E o baile recomeça. Estavam as danças muito animadas quando, entrando no porto, o paquete vindo de Pará ficou todo iluminado e soltou girândolas e foguetes em sinal de regozijo pelas boas notícias da guerra. A alegria chegou ao auge; as quadrilhas, interrompidas, sucederam-se ruidosas manifestações de júbilo. A maioria dos assistentes passou a noite em claro e dirigiu-se para bordo do navio para receber os jornais; não tardamos em saber que uma vitória decisiva fora ganha sobre os paraguaios em Uruguaiana, onde o Imperador comandava em pessoa. Dizem que foram feitos aí sete mil prisioneiros. No dia seguinte, foi dado um novo baile para comemorar a vitória, de modo que em Manaus, cujos habitantes se queixam de levar uma vida triste, houve esta semana um turbilhão de alegria absolutamente excepcional.


Viagem ao Brasil, 1865-1866. Louis Agassiz e Elisabeth Cary Agassiz.
 
 
CRÉDITO DA IMAGEM: manausdeantigamente.blogspot.com

 
 










domingo, 8 de dezembro de 2013

A Participação das Mulheres na Primeira Guerra Mundial

Mulheres trabalhando em uma indústria bélica.

Por Patrícia Ramos Braick e Miriam Becho Mota, em História: das cavernas ao terceiro milênio - do avanço imperialista no século 19 aos dias atuais.

Durante a Primeira Guerra Mundial, as mulheres que viviam nos países envolvidos no conflito, sofreram as consequências. Enquanto os homens deslocavam-se em grande quantidade para os campos de batalha, mulheres de classe média e alta passaram a trabalhar fora de casa.

No campo as mulheres ficaram responsáveis pela produção agrícola e pela criação de animais. As que viviam nas cidades foram trabalhar com transportes, dirigindo ônibus e caminhões, e também nas indústrias, entre elas a bélica. Muitas mulheres também dirigiram-se para os campos de batalha para trabalhar como enfermeiras, cozinheiras,motoristas de ambulâncias e etc. Mesmo que a Guerra tenha trazido angústia e sofrimento, ela propiciou muitas conquistas que contribuíram para a emancipação feminina. Em vários países, por exemplo, elas puderam se consolidar como profissionais e adquiriram a independência financeira.

Muitas mulheres conseguiram garantir melhores condições de trabalho e conquistaram um direito muito importante: Estudar em universidades. Melhor do que isso, foi a conquista da legalização do voto feminino em vários países, logo após a Guerra.

Também ocorreram mudanças expressivas no comportamento feminino.As mulheres alcançaram a liberdade de poder saírem sozinhas e dirigir automóveis, passaram a usar roupas mais confortáveis e aderiram ao uso de cosméticos.      

O mundo moderno do século XX exigia coisas práticas como esse tipo de roupa.



CRÉDITO DAS IMAGENS

http://is2fashion.blogspot.com.br
http://www.teoriacriativa.com



 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Uma Missa para o Dr.Eduardo Gonçalves Ribeiro

Eduardo Gonçalves Ribeiro. 

Eduardo Ribeiro (São Luís, 18 de setembro de 1862 - Manaus, 14 de outubro de 1900), foi governador do Amazonas, de 2 de novembro de 1890 a 5 de maio de 1891 e de 27 de fevereiro de 1892 a 23 de julho de 1896.

Eduardo Ribeiro foi o grande responsável pela transformação da capital amazonense em fins do século XIX. Seguindo o exemplo do prefeito de Paris, Georges-Eugène Haussmann, operou grandes transformações em Manaus, com obras até hoje existentes.

As bibliotecas virtuais, sem dúvida, são um dos melhores instrumentos de pesquisas atualmente. Encontrei raridades na Biblioteca Nacional. A Biblioteca Nacional disponibiliza através da Hemeroteca Digital Brasileira parte dos periódicos de época em formato digital.

Encontrei duas edições do jornal "Commercio do Amazonas", um dos poucos exemplares digitalizados sobre a cidade de Manaus. Ao ler o conteúdo das duas edições do Commercio do Amazonas encontrei textos sobre a missa que foi realizada em homenagem a Eduardo Ribeiro, no ano de 1900. Irei transcrever o conteúdo nessa postagem.


COMMERCIO DO AMAZONAS - 21 de outubro de 1900 - Segunda-feira .

Dr.Eduardo Ribeiro

" As caridosas irmãs de Sant'Anna dirigiram ao nosso confrade < A Federação> a seguinte carta:



(carta das irmãs de Sant'Ana)

Sr.Major Euclydes Nazareth.


" As filhas de Sant'Ana e as pobre orphãs do Instituto Benjamin Constant,por esta vêm dar sentidissimos pezames pelo falecimento do nosso querido e inesquecivel protetor, dr.Pensador. A nossa magua é summamente profunda... Entretanto a Providencia Divina quiz assim. Por alma do grande bemfeitor do Instituto Benjamin Constant, mandamos celebrar missas nesta cidade,para que Deus Nosso Senhor, pela sua alta misericordia, de aquelle que fez tanto bem nesta terra a recompensa devida. - Anna Justina Colombo, superiora."


O governador Silvério José Nery também se manifestou:

" Silvério José Nery, governador do Amazonas e o secretário d'este, Porphirio Nogueira, convidam ao povo para assistir a missa de requiem que em nome do estado mandam rezar na Cathedral, às 8 horas do dia 22 do corrente, em suffragio à alma do pranteado dr. Eduardo Gonçalves Ribeiro, antigo governador do Amazonas e presidente do Congresso Legislativo,ao tempo do seu fallecimento.

Outro detalhe a acrescentar: Em pesquisa no periódico do Commercio do Amazonas, do mês de outubro de 1900, encontrei uma nota sobre a vinda da mãe do governador para seu velório na Catedral de Manaus:

" No paquete < Pernambuco> chegou do Maranhão, onde reside, a exma. sra. d. Florinda Ribeiro, veneranda mãe do chorado homem público dr. Eduardo Gonçalves Ribeiro

A respeitável senhora vinha a chamado urgente dos médicos assistentes do illustre finado quando foi surpreendida em viagem pela notícia do doloroso acontecimento que enluctou esta capital

Saudamos á digna matrona, respeitosamente ".

Eis que chega o dia da Missa:



Commercio do Amazonas - 22 de outubro de 1900 - Terça-feira.

" Conforme estava annunciado pela manhã de hontem realizaram-se as exequias mandadas rezar pelo exmo.Sr.Dr.Silvério Nery e seu digno secretario Dr.Porphirio Nogueira,em suffragio da alma do benemerito Dr.Eduardo Gonçalves Ribeiro. Pela volta das 7 horas da manhã era extraordinário o numero de pessoas que cercavam e enchiam a Cathedral, onde devia ter lugar a pomposa commemoração religiosa. D'entre as muitas famílias que compareceram, temos em lembrança as seguintes: Serapião Mello, Carlos Studart, Alfredo Bastos, Jaymes Baird, Leonel Mota, Grans, Dr.Antonio Palhano, Lemos Bastos e o Dr.Miranda Leão."

Eduardo Gonçalves Ribeiro, aproveitando a boa situação financeira do Amazonas, o transformou em um dos Estados mais prósperos e modernos do país. Ele foi, junto de outros seletos políticos, um dos poucos que realmente se importaram com essa região. Deixo aqui minha saudação à sua memória.






quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Breve História da Praça Antônio Bittencourt (do Congresso)

Folheando um livro antigo em um sebo ,encontrei um belo folheto contendo o histórico bem resumido da Praça Antônio Bittencourt,popularmente conhecida como Praça do Congresso:


O Patrono




Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt nasceu em Manaus,no dia 3 de novembro de 1853,pouco mais de um ano após a instalação da Província do Amazonas.Filho do tenente José Ferreira Bittencourt e Damiana Filipa de Souza.Ingressou nas tropas que serviriam na Guerra do Paraguai,destacando-se como militar de carreira. Começou na condição de Alferes,passou à Guarda-Aduaneiro,Amanuense da Secretaria Geral da Província,progredindo em todas as funções e aposentando-se como Oficial Maior,ou Diretor Geral,com 25 anos de serviço.

Integrou o Partido Democrata,chefiado por Emílio José Moreira com o qual rompeu em 1896.Foi deputado provincial e deputado estadual em diversas ocasiões.Foi Secretário Geral do Estado no governo de Silvério Nery (1900-1904) e candidato ao senado da República (1903).Foi indicado e eleito vice-governador do Estado na chapa de Antônio Constantino Nery (1904-1908).Eleito Governador do Estado,no período de 1908 a 1912,com apoio partidário e do presidente Affonso Penna.Foi deposto do cargo em 1910,quando do célebre bombardeio de Manaus,mas reconduzido ao cargo por ordem do presidente da República Nilo Peçanha.O período foi de grande tumulto político e de graves consequências para as finanças e a ordem pública,mas ainda assim,Bittencourt foi austero em sua administração e honrado em toda a sua vida.

Foi um dos fundadores do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas,em março de 1917,assumindo a presidência logo após a gestão de Bernardo Azevedo da Silva Ramos.Integrou a maçonaria amazonense,galgando todos os graus e exercendo os mais destacados cargos administrativos.

Casou-se com Antônia de Andrada Bittencourt,com quem teve os filho Raymundo,Francisca e Agnello.Quando viúvo,casou-se com sua prima Amélia de Souza Bittencourt,com quem teve vários filhos,entre eles Dalila e Ilza.

Faleceu em 1926.

O Lugar



(Praça do Congresso,1959)

Ainda no tempo do Império do Brasil (1822-1889),tudo começou no espaço chamado de Largo do Paiçandu - homenagem ao território uruguaio tomado em 1865.Desapareceu com o aterro do Igarapé do Espírito Santo e a abertura de ruas e loteamentos,formando na parte final da região,o jardim do Palácio Novo.

Uma comissão de Saneamento do Estado propôs a bifurcação da Avenida Eduardo Ribeiro,em frente ao Palácio do Governo,para facilitar o trânsito de veículos,e para este fim,desapropriou áreas,iniciando-se o movimento de terras.As obras passaram a ser realizadas em derredor do Palácio e essa ampla esplanada,anos depois,foi sendo reduzida por cessão de terras públicas para edificações particulares,resultando na sua formação atual.Já designada Praça 5 de setembro - em homenagem à elevação do Amazonas à categoria de Província,o jardim foi completamente reformado,na administração municipal do professor Gilberto Mestrinho,sendo o desenho artístico elaborado pelo Dr.Areolino de Azevedo.

Os Nomes Antigos


Constituiu-se inicialmente como Largo do Paiçandu.A denominação seguinte foi Praça 5 de setembro.Recebeu o nome de Praça Antônio Bittencourt em homenagem ao político renomado da época - Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt.Popularmente foi chamada de Praça da Saúde,em razão do edifício sede da Repartição de Saúde Pública,ali existente por muitos anos.



(Prédio da Saúde,1960)

A denominação popular que mais se fixou na memória coletiva foi Praça do Congresso,referência direta ao 1°Congresso Eucarístico Diocesano de Manaus e à comemoração dos 50 anos de criação do Bispado do Amazonas,realizado naquele logradouro em junho de 1942.



(Congresso Eucarístico e comemoração da criação do Bispado do Amazonas,1942)

Monumentos



Durante muitos anos a Praça permaneceu sem monumentos,constituindo-se em uma esplanada aberta diante do antigo Palácio,e só recebeu melhoramentos quando dos preparativos para o 1°Congresso Diocesano de Manaus,de 1942.Para esse evento foram edificados o mastro com a bandeira Nacional e o monumento a Nossa Senhora da Conceição.



(Monumento a N.S.Conceição,2002,foto de Maria Evany do Nascimento)

Anos depois,o prefeito Manoel Ribeiro mandou edificar um busto em bronze em homenagem ao governador Eduardo Ribeiro,Substituído na reabilitação e restauração do logradouro no Governo Omar Aziz,por meio da Secretária de Estado da Cultura.


Vizinhança


O entorno da Praça foi valorizado por vizinhança ilustre,ainda que tenha perdido o sentido da proposta original,de um grande jardim frontal ao Palácio do Governo.O palacete de esquina da Rua Monsenhor Coutinho serviu de Residência e gabinete de trabalho a Harold Howard Shearme Wolferstan Thomas,mais conhecido como Dr.Thomas,médico canadense formado em medicina tropical em Liverpool,atuou em Manaus por muitos anos.No mesmo palacete,anos depois,pelo prefeito Amazonino Mendes,foi instalada a Biblioteca João Bosco Pantoja Evangelista - importante escritor e professor amazonense.



(Residência e gabinete do Dr.Thomas,1922)

Na mesma quadra se encontram a residência da família Bulbol,comerciantes respeitados de Manaus,a casa de residência do diretor do Colégio Militar de Manaus e que serviu também de residência para os generais comandantes do GEF - Grupamento de Elementos de Fronteira e da região militar,Rodrigo Octávio Jordão Ramos quando comandante militar da Amazônia.

Ao centro e ao alto,no local onde seria o Palácio do Governo,está o Instituto de Educação do Amazonas,ali instalado pelo governo de Álvaro Maia.



(Instituto de Educação do Amazonas - IEA)

Do lado oposto,em linha com o Instituto Benjamin Constant,antigo Instituto Elisa Souto,encontra-se a residência do médico Arlindo Frota e o Prédio do Departamento de Saúde Pública,este já demolido.Completando o entorno,no local do antigo e belíssimo palacete Miranda Corrêa,está o edifício do mesmo nome,e o Ideal clube,de imponente arquitetura.



(Instituto Benjamin Constant)


(Palacete Miranda Correa,1930)



(Ideal clube)

praça tem sido logradouro para grandes festejos populares,cívicos,políticos e religiosos.Serve para solenidades cívicas de abertura da Semana da Pátria,solenidades comemorativas do Fogo Simbólico da Pátria,apresentação de bandas marciais escolares do Instituto Benjamin Constant,do Colégio Brasileiro,Colégio Dom Bosco,serviu para a posse do governador Gilberto Mestrinho,Comícios das Diretas Já,eventos sociais e desportivos.


Leiam:

Monumentos Públicos do Centro Histórico de Manaus,da escritora Maria Evany do Nascimento.

Visitem:

MANAUS DE ANTIGAMENTE: https://www.facebook.com/Manausdeantigamente?ref=ts&fref=ts

MANAUS SORRISO: https://www.facebook.com/pages/Manaus-Sorriso/318107561622534?ref=ts&fref=ts

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sábado, 30 de março de 2013

Livro: Monumentos Públicos do Centro Histórico de Manaus

(Maria Evany do Nascimento e eu)

Este livro,que sem dúvidas se tornou um dos marcos da cidade de Manaus,tem como recorte histórico as peças datadas de 1882 a 1995.No período de 1882 a 1906,época em que a economia da borracha financiou a importação de objetos artísticos,temos os objetos mais decorativos como coretos e fontes.

(Fonte Decorativa da Praça da Matriz,foto:Evany Nascimento)

De 1930 a 1995,tem-se a colocacão de obras homenageando personalidades da história do Brasil e de Manaus.São obras menos monumentais,como os bustos.

(busto do ex-governador Álvaro Maia,foto:Jornal a Crítica)

Na década de 1940,no entanto,foi registrada a colocação de dois monumentos comemorativos: o Obelisco (Monumento a cidade de Manaus) e o Monumento a Nossa Senhora de Conceição.

(Obelisco de 1948)

(Monumento a Nossa Senhora,foto:Evany Nascimento,2002)

O objetivo maior era efetuar o mapeamento desse acervo de obras artísticas dos logradouros públicos do Centro Histórico de Manaus.Outro objetivo,mais ambicioso,era contribuir,de alguma forma,para a preservação desses marcos e obras artísticas,bem como a memória e a história de cada uma delas que fazem parte do patrimônio cultural da cidade.O que implica ainda no resguardo da cultura visual do Centro Histórico.

(fotos de Evany Nascimento)


O terceiro objetivo:proporcionar a população o conhecimento dos bens artísticos existentes e o significado histórico e simbólico dessas obras.Esse objetivo está sendo realizado agora,com a publicação deste trabalho


"O Centro de Manaus é o bairro que marca o início da construção da cidade, e concentra a área comercial também.É um local de arte,como um museu a céu aberto"-Maria Evany do Nascimento